Reunidos em frente ao Palácio Piratini, no Centro de Porto Alegre, desde a noite de segunda-feira, servidores públicos estaduais prometem fazer vigília até que o pacote apresentado esta semana pelo govenador José Ivo Sartori (PMDB) seja colocado em votação pelos deputados estaduais.
Com piquetes montados na Praça Marechal Deodoro, que se avizinha à sede do governo e da Assembleia Legislativa, trabalhadores e entidades sindicais realizaram ontem a primeira atividade unificada em protesto aos projetos que preveem a possibilidade de privatizações, extinção de fundações, companhias e autarquias e impactos trabalhistas ao funcionalismo.
Funcionários da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) se disseram surpresos em constar na lista de medidas apresentadas pelo governo. No pacote, consta uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a necessidade de realizar plebiscito para definir pela privatização ou federalização da CEEE, da Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM) e da Companhia de Gás do Estado (Sulgás).
Buscando organizar um grupo para dialogar com os deputados, eles contestam a informação de que recebe aporte do Estado para pagar a folha. "Estatais depositam no Caixa Único e governo libera só uma parte", alegou o eletricitário Paulo Pinheiro, que se deslocou desde Passo Fundo para participar da manifestação.
Outro servidor que veio à Capital é Leandro Luiz, de Rio Grande, que fez um levantamento no site da CEEE e lá encontrou um anúncio do presidente da Companhia, de que no ano passado o investimento feito com recursos próprios chegou a R$ 826 milhões. "É uma empresa que se sustenta", argumentou.
Ao contrário da surpresa dos eletricitários, os funcionários vinculados à Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (Corag) e Fundação Zoobotânica (FZB) já esperavam constar na lista de órgãos passíveis de extinção. A pesquisadora da FZB Janine Arruda conta que desde o ano passado, quando o governo falou pela primeira vez da possibilidade de extinção da Fundação, os servidores buscam diálogo permanente com os parlamentares de todas as bancadas.
Esta, para o deputado Juliano Roso (PCdoB), deve ser a estratégia adotada por todos os movimentos de servidores. No fim da tarde de ontem ele deixou a sessão plenária para falar aos manifestantes reunidos na praça. "A negociação deve acontecer projeto a projeto", defendeu. Roso usou como exemplo a posição do colega parlamentar Pedro Pereira (PSDB) que, mesmo sendo de um partido da base do governo, já se manifestou contrário à privatização da CRM.