Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Estados Unidos

- Publicada em 09 de Novembro de 2016 às 16:26

Estados-pêndulo dão vitória a Trump

Polêmico e sem experiência política, magnata chega à presidência

Polêmico e sem experiência política, magnata chega à presidência


SPENCER PLATT/GETTY IMAGES/
A mais polarizada disputa presidencial da história moderna norte-americana ficará marcada por uma reviravolta que entrará para a história como um dos maiores fiascos da indústria das sondagens. Sem qualquer experiência política ou militar, sem apoio de líderes nacionais e de grandes empresários que financiam o Partido Republicano e contra o liberalismo econômico, anti-livre comércio e antiglobalização, o empresário bilionário Donald Trump, de 70 anos, venceu a eleição. A vitória atravessou a fronteira dos estados-pêndulos e conquistou até o Wisconsin, no Meio-Oeste, onde o sucesso da democrata Hillary Clinton, de 69 anos, era dada como certa até pela campanha oponente. Foram golpes duros para a democrata ainda perder a quase "azul" Pensilvânia e os fundamentais Ohio, Flórida (Sudeste) e Carolina do Norte (Sul).
A mais polarizada disputa presidencial da história moderna norte-americana ficará marcada por uma reviravolta que entrará para a história como um dos maiores fiascos da indústria das sondagens. Sem qualquer experiência política ou militar, sem apoio de líderes nacionais e de grandes empresários que financiam o Partido Republicano e contra o liberalismo econômico, anti-livre comércio e antiglobalização, o empresário bilionário Donald Trump, de 70 anos, venceu a eleição. A vitória atravessou a fronteira dos estados-pêndulos e conquistou até o Wisconsin, no Meio-Oeste, onde o sucesso da democrata Hillary Clinton, de 69 anos, era dada como certa até pela campanha oponente. Foram golpes duros para a democrata ainda perder a quase "azul" Pensilvânia e os fundamentais Ohio, Flórida (Sudeste) e Carolina do Norte (Sul).
Até as projeções mais conservadoras, que davam até a véspera 164 votos certos para Trump e 216 para Hillary (de 270 necessários), foram caindo por terra quando a democrata começou a patinar na apuração de estados antes considerados seguros. Trump freou a adversária em pelo menos sete pêndulos e no Wisconsin, onde ela tinha tanta confiança da vitória que nem visitara o Estado depois de ter sido apontada candidata pelo partido. Resultado: foi a primeira democrata a perder ali desde 1984, quando Ronald Reagan venceu Walter Mondale.
Entre os estados-pêndulo, o principal revés foi a Pensilvânia, onde Hillary tinha chegado a abrir dez pontos de vantagem em setembro, considerando a média das pesquisas feita pelo site Real Clear Politics. O estado tem 20 votos no Colégio Eleitoral. 
Dos três outros grandes vencidos por Trump - Ohio, Carolina do Norte e Flórida -, só o primeiro dava sinais mais claros de que não ficaria com Hillary, em grande parte pelo desencanto da numerosa classe operária branca com os democratas. Sua campanha ainda tentou mirar o eleitorado negro ali e na Carolina do Norte, mas sem sucesso. Afinal, o que mais se ouvia nas ruas de Cleveland é que "Hillary não é Obama" - e que a motivação para o voto estava longe de ser a de 2008 e 2012.
Na Carolina do Norte, onde o cenário era de empate até a véspera da eleição, o esforço de Hillary e de sua imensa máquina de campanha sobre os jovens também não foi suficiente. Na Flórida, a intensa participação dos latinos na votação antecipada não significou, como muitos esperavam, a vitória na noite de terça-feira.
Às 18h de ontem, Trump tinha 279 votos (47,5%), contra 228 (47,7%) de Hillary. Ainda faltava a definição de Arizona e Michigan, mas já era o bilionário o presidente eleito dos EUA - com maiorias no Senado e na Câmara. Ela venceu no voto popular, mas levou menos delegados. 

No primeiro discurso, bilionário suaviza o tom, elogia Hillary e pede união

Em seu primeiro discurso como presidente eleito dos Estados Unidos, Dold Trump deixou de lado a retórica agressiva que marcou sua campanha e pediu união aos norte-americanos. Também mudou de tom em relação a sua rival, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, que ligou para ele e reconheceu a derrota.
"Acabei de receber uma ligação da secretária Hillary Clinton. Ela me parabenizou por nossa vitória e eu a parabenizei por uma campanha dura. Nós temos uma dívida com ela por seu serviço ao país", disse Trump ao lado da família em sua festa da vitória, em um hotel de Nova Iorque.
Do lado de fora do auditório, um grupo de admiradores não parecia ter virado a página da campanha agressiva de Trump, gritando um dos bordões mais repetidos nos comícios do bilionário em defesa da prisão de Hillary: "Tranquem-na!".
O apelo à união deve encontrar grande resistência de parte do público norte-americano, após uma das campanhas presidenciais mais sujas e polarizadas da história dos EUA. Mais de 60% dos eleitores não consideram que ele tem o temperamento para ser presidente, segundo pesquisas.
Primeiro presidente eleito na história dos EUA sem nenhuma experiência no governo, Trump prometeu chamar "os melhores e mais brilhantes" para trabalhar a seu lado. Também suavizou o discurso voltado a outros países, que durante a campanha foi caracterizado por protecionismo e isolacionismo. Além disso, omitiu suas propostas mais polêmicas, como a construção de um muro na fronteira com o México, a deportação de todos os imigrantes ilegais e a proibição da entrada de muçulmanos no país. "Vamos colocar sempre os interesses da América em primeiro lugar, mas vamos lidar de maneira justa com todos. Todas as pessoas e todas as nações", afirmou.

Democrata pede que resultado seja respeitado

Após reconhecer a derrota e telefonar para Trump para parabeniza-lo, Hillary subiu ao pódio de um salão de um hotel para fazer o discurso acompanhada do marido, o ex-presidente Bill Clinton. Ela disse "lamentar" não ter ganho e admitiu que esse revés é "doloroso, e será assim por muito tempo". A filha do casal, Chelsea Clinton, também estava presente.
A ex-secretária de Estado pediu que os partidários aceitem o resultado e "olhem para o futuro" e disse que Trump deve ter agora "a chance de liderar", após vencer a disputa. Segundo ela, a democracia norte-americana depende de "uma transição pacífica de poder". "Espero que ele seja um bom presidente para todos os EUA."
Hillary disse também esperar que Trump seja "o candidato de todos os norte-americanos", após notar que o processo eleitoral mostrou que os EUA estão "mais divididos do que pensávamos".