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Saúde

- Publicada em 25 de Novembro de 2016 às 15:09

Em um ano, Brasil registrou média de 173 casos de microcefalia por mês

Em meados de outubro do ano passado, uma nova epidemia, percebida primeiramente no Nordeste brasileiro, ganhou repercussão mundial. Praticamente desconhecido até então, o Zika vírus foi apontado como a causa de desenvolvimento de microcefalia em milhares de crianças no País. Em um ano, o Ministério da Saúde já diagnosticou 2.079 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita, uma média de 173 casos por mês. Outros 3.077 casos ainda estão sendo investigados.
Em meados de outubro do ano passado, uma nova epidemia, percebida primeiramente no Nordeste brasileiro, ganhou repercussão mundial. Praticamente desconhecido até então, o Zika vírus foi apontado como a causa de desenvolvimento de microcefalia em milhares de crianças no País. Em um ano, o Ministério da Saúde já diagnosticou 2.079 casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita, uma média de 173 casos por mês. Outros 3.077 casos ainda estão sendo investigados.
Do início das investigações até o final de outubro deste ano, 9.953 casos suspeitos foram notificados à pasta. Destes, 4.797 foram descartados e, dos 2.079 casos confirmados, 392 tiveram confirmação por critério laboratorial específico para o Zika. No entanto, o dado não representa a realidade, uma vez que a pasta considera que a maioria das mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia foram infectadas pelo Zika.
Com a proximidade do verão, as ações de prevenção e combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (dengue, Zika vírus e febre chikungunya) devem ser permanentes. O ministério já prevê mobilizações nacionais para a coleta de pneus em diversos municípios, além de reafirmar o Pacto da Educação Brasileira contra o Zika. No final do ano passado, o governo federal criou a Sala Nacional de Coordenação e Controle, além de 27 salas estaduais e 1,7 mil municipais, a fim de gerenciar e monitorar a intensificação de ações de mobilização e combate ao vetor. Todas continuam ativas.
Pesquisas e análises de novas tecnologias relacionadas ao combate ao mosquito são consideradas prioritárias pelo ministério. Desde novembro do ano passado, R$ 130 milhões foram investidos no desenvolvimento de vacinas - R$ 100 milhões custearão a terceira e última fase da pesquisa clínica da vacina da dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan. O governo também firmou parcerias com os Estados Unidos para o desenvolvimento de vacinas. Mais tarde, em junho, um edital de R$ 65 milhões foi lançado para financiar pesquisas e, ao todo, 530 projetos foram submetidos. Os resultados das pesquisas devem sair em breve.
Os recursos federais destinados ao combate ao mosquito cresceram 39% entre 2010 e 2015, passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão neste ano. Para 2016, a previsão é de um incremento de R$ 580 milhões, uma vez que o valor chegará a R$ 1,87 bilhão.
Considerado referência no atendimento a crianças com microcefalia, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, em Recife, recebeu pelo menos 300 crianças com suspeita da má formação craniana e cerca de 130 tiveram confirmação do diagnóstico. A infectologista pediátrica e responsável pelo ambulatório de microcefalia do hospital, Danielle Cruz, afirma que o primeiro ano de enfrentamento à epidemia foi de aprendizado. "Até 2015, existiam pouquíssimos estudos sobre Zika. Além das questões psicológicas envolvidas, nos vemos diante de uma sequela da infecção pelo Zika, que apresenta um grande espectro, que vai de uma discreta alteração no desenvolvimento até uma microcefalia severa", pondera.
De acordo com a médica, as crianças que apresentam sequelas mais graves mostram, entre outros sintomas, poucos ganhos no desenvolvimento neuropsicomotor, crises epiléticas de difícil controle e dificuldade de deglutição. Outra preocupação de Danielle é o fato de que, no começo, a suspeita era notificada quando o perímetro cefálico do bebê tinha 33 centímetros ou menos. Depois de um tempo, essa definição ficou mais rigorosa - para meninos, a medida devia ser igual ou inferior a 31,9 centímetros, e para meninas, igual ou menor que 31,5 centímetros. "Cerca de 20% das crianças que apresentam a síndrome congênita não atendem a atual definição de caso adotada pela Organização Mundial de Saúde. É preciso que os profissionais da saúde acompanhem o desenvolvimento da criança, alertando as autoridades em caso de suspeita."

Estado se prepara para chegada do verão

Lima destaca teste que avalia a presença dos sorotipos de zika e de chikungunya

Lima destaca teste que avalia a presença dos sorotipos de zika e de chikungunya


CRISTIANE ROCHOL/PMPA/JC
Já é consenso que a maneira mais eficaz de evitar as doenças causadas pelo Aedes aegypti é justamente o combate ao mosquito. Durante todo o ano, as ações que foram executadas com força total no final do ano passado e início deste foram mantidas pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). Com a proximidade do verão, a frequência das reuniões do Comitê Interssetorial de Combate ao Aedes aegypti será aumentada e, assim que surgirem os primeiros casos, o combate ao vetor, com uso de inseticidas e bloqueio vetorial, começará a ser realizado. 
Segundo a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da SES, Marilina Bercini, não há como "inventar" novas formas de prevenção. "Com exceção das tecnologias, o uso de mosquito transgênicos, por exemplo, o que faremos é mais do mesmo", comenta. Uma vez que o Rio Grande do Sul não apresenta tantos casos quando comparado a estados como São Paulo ou Rio de Janeiro, esses testes com novos equipamentos não costumam ser aplicados.
Em Porto Alegre, o diferencial tem sido o uso das armadilhas para mosquitos. O coordenador da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Anderson Lima, explica que a novidade é que, além de os testes com os mosquitos capturados investigarem a presença de quatro sorotipos de dengue, agora, também se avalia a presença dos sorotipos de Zika e de chikungunya. "Quando há resultado positivo, fazemos um manejo ambiental, com aplicação de inseticida, eliminação de criadouros. Isso é empregado rotineiramente", afirma.
A Capital conta com cerca de 140 agentes de combate a endemias. Já pensando na capacidade operacional, a prefeitura contratou uma empresa terceirizada, que poderá agir se o número de casos sair do controle. "Além do treinamento das equipes de saúde, contamos com a eficácia da campanha midiática. Tão logo os casos comecem a aparecer ou a temperatura se mostre mais propícia à reprodução de mosquitos, a campanha se tornará mais visível", argumenta. Para ele, a participação do cidadão é imprescindível. "O Aedes é um mosquito domiciliar, ele vive conosco. É preciso eliminar os criadouros, que ficam em ralos, calhas, caixas d'água, vasinhos..." No entanto, o coordenador prevê menos casos para 2017, uma vez que a previsão meteorológica indica que o próximo verão não terá temperaturas tão altas quanto as de 2016.