Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Conjuntura

- Publicada em 30 de Novembro de 2016 às 19:52

Taxa de investimento recua a patamar de 13 anos

Os dados do PIB divulgados, nesta quarta-feira, mostram que a taxa de investimento da economia recuou, no terceiro trimestre, ao mais baixo patamar em 13 anos. O resultado foi um encolhimento de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no período. Na comparação com terceiro trimestre de 2015, a queda foi de 2,9%. Em volume financeiro o PIB dos três meses somados alcançou R$ 1,58 trilhão.
Os dados do PIB divulgados, nesta quarta-feira, mostram que a taxa de investimento da economia recuou, no terceiro trimestre, ao mais baixo patamar em 13 anos. O resultado foi um encolhimento de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no período. Na comparação com terceiro trimestre de 2015, a queda foi de 2,9%. Em volume financeiro o PIB dos três meses somados alcançou R$ 1,58 trilhão.
Como proporção do PIB, o investimento verificado foi de 16,5%. No mesmo trimestre do ano passado, a taxa era de 18,2%. Foi a menor taxa verificada pelo IBGE, para o período, desde de 2003, quando o percentual foi de 16,3%. O investimento como proporção do PIB recua continuamente desde 2013, segundo o IBGE.
A taxa de poupança no terceiro trimestre também chegou ao mais baixo patamar verificado pelo IBGE, de 15,1%. A série histórica para esse indicador, porém, começa em 2010, porque tem como base a nova série do balanço de pagamentos do Banco Central, iniciada naquele ano.
Investimentos e a indústria viveram uma espécie de voo de galinha neste ano. Após experimentar uma ligeira alta no segundo trimestre, o que animou perspectivas de que a economia brasileira sairia da recessão neste ano, ambos voltaram a cair e puxaram o PIB para baixo no terceiro trimestre. O investimento reverteu uma alta de 0,5% no segundo trimestre, e recuou 3,1% no terceiro trimestre. A indústria passou de uma alta de 1,2% para um recuo de 1,3% entre o segundo e o terceiro trimestre. As comparações são sempre ante o trimestre imediatamente anterior.
Segundo Rebeca Palis, gerente da pesquisa de Contas Nacionais do IBGE, o desempenho dos dois grupos, dado seu peso na economia, foi determinante para o resultado negativo do PIB no terceiro trimestre. "O consumo das famílias, embora (em terreno) negativo, não intensificou tanto a sua queda", disse Rebeca.
A técnica do IBGE observa que o recuo na indústria tem relação com a fraqueza dos investimentos. Isso porque o principal fator da queda da indústria veio do setor de transformação, que responde por mais da metade do setor industrial. Os destaques negativos vieram de máquinas e equipamentos e indústria automotiva.
"Há três fatores que influenciaram os investimentos no terceiro trimestre: a redução da importação de máquinas e equipamentos, o aumento dos juros reais (descontada a inflação) e o ambiente econômico", disse. No terceiro trimestre, os juros do Banco Central ainda não haviam caído. O corte ocorreu em outubro.
Dentre as 12 principais atividades da economia, apenas três não registraram queda na comparação com o segundo trimestre: extrativa mineral, serviços de comunicação e atividades imobiliárias.
A produção de petróleo sustentou aumento do setor de extração mineral, porque a produção de minério de ferro vem caindo continuamente desde o rompimento da barragem da Samarco em Mariana. O indicador cresceu 3,8% ante o segundo trimestre, também em decorrência da volta na atividade em algumas plataformas da Petrobras que estavam em manutenção no primeiro semestre deste ano, diz o IBGE.
Também ficou no azul o desenvolvimento de sistemas, softwares e aplicativos, que cresceram 0,5% na comparação com o trimestre anterior. Atividades imobiliárias marcaram crescimento zero. O pior desempenho entre as atividades foi detectado no transporte e armazenagem que retraiu 2,6% na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Segundo Rebeca, o desempenho se deve provavelmente à queda no consumo de famílias e empresas.
pageitem_30_11_16_21_39_59_pg_7.jpg

De janeiro a setembro, queda acumulada é de 4,0%

O PIB no acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2016 recuou 4,0% em relação a igual período de 2015. É a maior queda acumulada para o período de janeiro a setembro desde o início da série histórica iniciada em 1996. Nesta base de comparação, agropecuária (-6,9%), indústria (-4,3%) e serviços (-2,8%) acumulam queda.
Na análise da demanda interna, houve queda de 11,6% da formação bruta de capital fixo. A despesa de consumo das famílias (-4,7%) e a despesa de consumo do governo (-0,7%) também acumulam queda no ano. Analisando-se o setor externo, as importações caíram 13,1%, enquanto que as exportações cresceram 5,2%.
Já o PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em setembro de 2016 recuou 4,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esta taxa resultou da contração de 3,8% do valor adicionado a preços básicos e do recuo de 8,3% nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. O resultado do valor adicionado neste tipo de comparação decorreu das quedas na agropecuária (-5,6%), indústria (-5,4%) e serviços (-3,2%).
Sob a ótica da despesa, todos os componentes da demanda interna apresentaram resultado negativo pelo sexto trimestre consecutivo. A formação bruta de capital fixo sofreu contração de 13,5%.
 

Brasil destoa da economia global e tem a maior queda

A retração de 0,8% do PIB brasileiro no terceiro trimestre, a sétima consecutiva, destoou do comportamento da maior parte da economia mundial no período. Além do Brasil, em uma lista de 40 países, somente Noruega e Nigéria tiveram queda no PIB no período de julho a setembro em relação aos três imediatamente anteriores.
Nos dois casos, são economias que sofrem efeitos mais fortes da variação do preço internacional do petróleo. Tanto que a Noruega, descontando a participação da commodity, cresceu no terceiro trimestre. Mesmo na vizinhança latino-americana, o desempenho brasileiro continuou a ser um destaque negativo.
Chile e México, que tiveram contração no segundo trimestre, voltaram a crescer de julho a setembro. A economia chilena registrou alta de 0,6%, e a mexicana teve comportamento ainda melhor: avanço de 1%.
A Colômbia, o outro latino-americano que já divulgou seu resultado do PIB, também melhorou levemente: cresceu 0,3% em relação ao segundo trimestre, quando houve alta de 0,2%.
O Brasil não só ficou para trás em relação aos emergentes (a China cresceu 1,8%, a Malásia, 1,5%, e as Filipinas, 1,2%, por exemplo) como também teve desempenho pior que as economias ricas, que, por seu perfil, já têm, normalmente, um crescimento mais moderado que o dos países em desenvolvimento.
A economia americana, a maior do mundo, cresceu 0,8% no terceiro trimestre, mesmo resultado que o de Portugal e 0,1 ponto melhor que o da Espanha, duas economias europeias que nos últimos meses vêm recuperando as perdas registradas com a crise global iniciada em 2008. O Japão, terceira maior economia global (atrás ainda da China), cresceu 0,5%, e a Alemanha, a quarta, 0,2%.

Temer pede 'serenidade e paciência' para chegar a crescimento

Apesar do resultado negativo da economia no terceiro trimestre deste ano, o presidente Michel Temer disse que é preciso ter "serenidade e paciência para fazer a travessia" até que as medidas do governo tenham efeito e façam a economia voltar a registrar crescimento.
Segundo ele, o governo acredita na recuperação da economia em 2017, com crescimento de 1%, mas sua equipe não descarta que no último trimestre de 2016 e no primeiro do ano que vem ainda sejam registradas retrações.
Durante almoço no Palácio do Planalto com jornalistas, Temer reconheceu que, pelo clima político e econômico adverso neste momento, há uma "certa ansiedade" por medidas para tirar o País da crise econômica. O PIB do terceiro trimestre deste ano registrou retração, indicando que haverá queda também no último período do ano.
O presidente afirmou, porém, acreditar que está no caminho correto, com a adoção de reformas para reequilibrar as contas públicas, e que os resultados vão começar a aparecer ao longo de 2017.
A seu lado, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reconheceu que a recuperação da economia esperada para o final deste ano não virá e talvez nem no primeiro trimestre de 2017, mas afirmou ter certeza de que as medidas do governo vão funcionar.