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Porto Alegre, ter�a-feira, 22 de novembro de 2016. Atualizado �s 22h28.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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CINEMA

Not�cia da edi��o impressa de 23/11/2016. Alterada em 22/11 �s 17h06min

Drama de fic��o cient�fica, A chegada estreia nos cinemas

Amy Adams protagoniza o filme A chegada, drama de fic��o cient�fica

Amy Adams protagoniza o filme A chegada, drama de fic��o cient�fica


SONY PICTURES/DIVULGA��O/JC
Ricardo Gruner
Mesmo que não seja nenhum garoto, o cineasta Denis Villeneuve, de 49 anos, é um dos mais promissores diretores atuando em Hollywood. O canadense ganhou projeção em 2011, quando o drama Incêndios recebeu uma indicação ao Oscar de melhor produção em língua estrangeira, e vem atuando em solo americano apenas desde então. A chegada, seu novo e badalado trabalho, estreia amanhã e segue na mesma esteira de seus filmes mais recentes: Os suspeitos (2013), O homem duplicado (2013) e Sicario - Terra de ninguém (2015). Ou seja, é cinema adulto, capaz de dialogar com o grande público sem cair no entretenimento raso.
Dirigida com delicadeza, a obra prova mais uma vez que o gênero ficção científica não reserva apenas explosões no espaço ou efeitos visuais aos espectadores. Ao longo das quase duas horas de duração, a narrativa se mantém mais perto do drama do que da aventura - embora a sinopse possa sugerir o contrário. O enredo gira em torno de 12 imensas aeronaves alienígenas, as quais pousam e se estabelecem em diferentes partes da Terra. Nos Estados Unidos, uma linguista é acionada para se juntar à inteligência norte-americana na tentativa de comunicação com os visitantes (ou invasores). Claro, a especialista deve desvendar se eles representam uma ameaça para os humanos.
Louise, a personagem principal, é interpretada por Amy Adams - que recebeu cinco indicações ao Oscar nos últimos dez anos. Mais uma vez, a artista demonstra seu talento: a personagem se mune da praticidade de uma cientista e da sensibilidade de alguém que deixa-se viver intensamente, encarando as consequências de suas escolhas. Tudo isso é visto nos olhos da atriz, em uma composição sóbria e longe do exagero dos filmes-catástrofe. Ao seu lado, completam o elenco nomes como Jeremy Renner (de Vingadores), no papel de um físico recrutado para trabalhar com a linguista, e Forest Whitaker (O último rei da Escócia), o coronel que coordena os dois.
Assim como nos melhores representantes do gênero, A chegada apresenta uma realidade distante, mas trata de temas próximos. A finitude, por exemplo, está no centro do longa-metragem - que também aborda o medo do desconhecido (e a consequente preparação bélica), o livre arbítrio e a relação intrínseca entre aprender e ensinar. Se nesse sentido Villeneuve caminha por territórios já percorridos, é na abordagem que está a originalidade do filme. Contemplativo, o longa-metragem até permite paralelos com clássicos do gênero, mas as referências soam como curiosidades, não como pilares estruturais ou repetições em momentos decisivos. Assistir Amy Adams frente a frente com o incógnito é uma ode à linguagem e à capacidade humana de reinvenção - e salienta a beleza por trás da educação.
Como trunfo para a imersão na história, o diretor utiliza a personagem da doutora Louise como olhos e ouvidos do público. A protagonista está em quase todas as cenas, e o espectador têm acesso às mesmas informações - visuais, sonoras e emocionais - que ela. Além do efeito narrativo, o recurso denota que forma e conteúdo estão alinhados ao cerne da comunicação (isto é, tornar comum). Em menor ou maior escala, o tema aparece também nas subtramas do enredo, sejam elas pessoais ou políticas. Villeneuve afirma, nas entrelinhas, que partilhar conhecimento é uma forma de quebrar fronteiras - culturais, geográficas e (por que não?) narrativas.
Em termos de comparação, a produção não joga no time de Independence Day (1996), e sim no de Contatos imediatos de terceiro grau (1977), Contato (1997) ou até Gravidade (2013). Ao destacar a ciência sem deixar o amor de lado, A chegada sobressai - e resiste, junto a outros trabalhos adultos, para mostrar que é possível aliar espetáculo e reflexão dentro da máquina de Hollywood. Não é de se espantar se o longa-metragem apareça na lista de concorrentes ao prêmio máximo do audiovisual americano - sobretudo na categoria de melhor direção.
No ano que vem, o cineasta dará seu passo seguinte no mundo da ficção científica: ele é o encarregado por Blade Runner 2049, misterioso projeto que retoma o universo do filme de 1982.
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