Jardel não comparece para depor na Comissão de Ética

O deputado estadual Mário Jardel (PSD) não compareceu para depor ontem na subcomissão processante, que acompanha o caso na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa. O motivo alegado é que foi visitar a avó, que está doente, em Fortaleza (CE). Ele não havia sido encontrado para receber a notificação nem no gabinete parlamentar, nem em sua residência em Porto Alegre.

Em fevereiro deste ano, o Ministério Público denunciou Jardel e outras 10 pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, concussão, uso de documentos falsos e tráfico de drogas, por investigação iniciada no ano passado na Operação Gol Contra. Entre as provas contra o deputado estão gravações e escutas telefônicas que comprovariam o esquema.

O deputado Sérgio Turra (PP), que preside a subcomissão processante, disse que Jardel será intimado a depor por publicação no Diário Oficial da Assembleia Legislativa. A oitiva será no dia 16 de novembro. Turra informa que, depois dessa data, "não haverá nova ausência formal. Suprido o que o Judiciário determinou, segue o trâmite normal".

Jardel prestou depoimento à corregedoria da Casa, nesta fase do processo e, por uma vez, foi convocado a depor na subcomissão, mas não compareceu. Em outras reuniões, houve a oitiva de testemunhas. Em julho, o processo de cassação foi a plenário, mas uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça (TJ) suspendeu a votação, com a justificativa de garantir a Jardel, que se encontrava em licença médica na época, o direito à ampla defesa.

Em agosto, o TJ decidiu pela nulidade do processo de cassação. A Assembleia recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve a decisão do TJ, oferecendo à Casa a possibilidade de retomar o processo, desde que interrogue novamente o deputado e refaça o relatório final.

Na manhã de ontem, o presidente da Comissão de Ética, deputado Juliano Roso (PCdoB), afirmou que a Casa está "oferecendo todas as oportunidades de Jardel se defender". Caso Jardel não compareça à sessão em 16 de novembro, o Parlamento pode dar encaminhamento do processo.

O advogado de defesa, Rogério Bassotto, disse que conversou pela última vez com o deputado no dia 16, por telefone. Um familiar de Jardel, que não quis se identificar, informou que ele estaria visitando a avó. O atestado médico apresentado pelo advogado mostra que ela teve alta hospitalar no dia 14 desde mês. "Na volta, ele dá satisfação completa pela ausência", completou.

O advogado de defesa de Jardel se envolveu em polêmica recentemente, quando sua ex-companheira, a também advogada Nathalia Lauermann Tassinari, foi contratada para trabalhar no gabinete do parlamentar. Questionado sobre o caso, Bassotto disse que só falaria sobre o processo de cassação e, alegando que este é um assunto pessoal, deixou o local da entrevista apressadamente.