Uma comissão da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul deve ir a Brasília no próximo dia 9, buscando desatar o nó que envolve a exploração da BR-290 (freeway) e da ponte do Guaíba. O contrato com a concessionária Triunfo Concepa se encerra em julho do ano que vem, e ainda não há movimentação para renovar a licença ou para um novo processo licitatório. Existe o temor de que o fim da concessão prejudique o içamento da ponte do Guaíba, o que pode gerar consequências econômicas para Porto Alegre e o Rio Grande do Sul.
Entre as propostas que serão levadas ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, está a renovação da concessão assinada com a Concepa, sob a condição de que a concessionária assuma a conclusão das obras da nova ponte do Guaíba, que avançam devagar pelo menos desde junho deste ano.
Luiz Domingues, vice-presidente do Movimento Ponte do Guaíba, afirma que cinco dias sem o erguimento do vão móvel seriam suficientes para deixar Porto Alegre sem gás de cozinha, uma vez que a passagem é fundamental para esse abastecimento. Entre 10 e 20 dias, a escassez do produto atingiria todo o Estado. "Se nada for feito, eles (Concepa) vão fechar a cabine, entregar a chave em Brasília, e não teremos içamento da ponte até o novo contrato estar firmado."
Para evitar a interrupção, Domingues propõe que a Concepa assuma as obras da nova estrutura como uma contrapartida pela renovação da concessão hoje em vigor. "A Concepa inclusive é responsável pelo atual projeto (para a nova ponte). Se não existe dinheiro, esse acordo pode aliviar o governo federal e resolver o problema do Estado. O que não queremos é ficar sem gás", acentua Domingues.
Presidente da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia, Adilson Troca (PSDB) trata o assunto como uma "preocupação importante" para o Estado. Conforme o deputado, é preciso dar início imediato à preparação de um novo contrato, seja para renovação com a Concepa ou para abrir nova licitação.
O parlamentar confirma que a transferência da nova ponte para a atual concessionária é uma das alternativas que estão na mesa. "Vamos pedir que o governo federal priorize essa questão. É preciso resolver isso o mais rápido possível", diz Troca. Atualmente, as obras da nova ponte estão a cargo de um consórcio constituído pelas construtoras Queiroz Galvão e EGT Engenharia.
A Superintendência Estadual do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-RS) garante que o governo federal já empenhou R$ 42 milhões do valor previsto para a nova ponte, e prevê para novembro a chegada do restante. Conforme o órgão, as obras já foram retomadas, e o processo para contratação de mais funcionários está em andamento.
A reportagem do Jornal do Comércio esteve no canteiro de obras na tarde de ontem e não viu nenhuma movimentação que indicasse a retomada efetiva das atividades.
De acordo com Isabelino Garcia dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Rio Grande do Sul (Siticepot), o processo seletivo para contratação de novos funcionários foi aberto na semana passada, mas não há previsão para a admissão dos selecionados. Segundo ele, as obras na nova ponte ainda estão "em ritmo bem lento", sem mudança significativa desde junho, quando os recursos federais pararam de financiar a empreitada.
Em nota, a Triunfo Concepa diz estar à disposição para "analisar cenários que envolvam o entorno de sua concessão". Entretanto, garante que, "no momento, não há nenhuma tratativa neste sentido envolvendo a concessionária, por não fazer parte do seu contrato atual".