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- Publicada em 24 de Outubro de 2016 às 22:10

Escritor Ian McEwan vem a Porto Alegre falar sobre a importância do realismo nos romances

McEwan falou da busca pela proximidade máxima com o realismo em suas obras

McEwan falou da busca pela proximidade máxima com o realismo em suas obras


Luiz Munhoz/Fronteiras do Pensamento/DIVULGAÇÃO/JC
“É um prazer enorme estar tão ao sul do Brasil.” Assim Ian McEwan abriu sua conferência para mais de três mil pessoas na noite desta segunda-feira (24), no auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. O escritor britânico é dono de títulos como Sábado, Amsterdan e Reparação, este último adaptado para o cinema em 2007 no filme Desejo e Reparação, sendo indicado ao Oscar em sete categorias, entre elas a de melhor filme. McEwan veio para falar da busca pela proximidade máxima com o realismo em suas obras, tema que dá título à conferência Em busca do real.
“É um prazer enorme estar tão ao sul do Brasil.” Assim Ian McEwan abriu sua conferência para mais de três mil pessoas na noite desta segunda-feira (24), no auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. O escritor britânico é dono de títulos como Sábado, Amsterdan e Reparação, este último adaptado para o cinema em 2007 no filme Desejo e Reparação, sendo indicado ao Oscar em sete categorias, entre elas a de melhor filme. McEwan veio para falar da busca pela proximidade máxima com o realismo em suas obras, tema que dá título à conferência Em busca do real.
A palestra se resumiu a alguns relatos do escritor sobre seu trabalho, da sua grande paixão pelo trabalho anterior à escrita de um romance: a pesquisa para execução da obra. “Para escrever meu romance Sábado, acompanhei durante dois anos uma equipe de neurocirurgiões em ação. Queria que meu protagonista fosse um neurocirurgião, para isso precisava aprender como fazer uma neurocirurgia”, contou ao público. Em tom bem-humorado, o autor explicou que em certa ocasião, enquanto acompanhava um dos procedimentos, duas jovens estudantes de medicina entraram na sala e lhe pediram que explicasse sobre a cirurgia que estava em andamento, lhe tratando como um legítimo neurocirurgião. “Eu já era uma completa farsa, mas precisava provar que havia aprendido algo, para trazer realidade para minha obra,” explica, “eu sempre me questionei sobre que nota elas devem ter tirado”, finalizou ganhando risadas e aplausos do público. A conferência é parte do ciclo de palestras que comemora os dez anos do Fronteiras do Pensamento, evento que reúne grandes nomes do cenário mundial, como o escritor Mario Vargas Llosa, convidado do mês de maio.
Segundo o autor, hoje com 68 anos, sua introdução no mundo dos escritores começou aos 21 anos escrevendo contos, onde ele afirma que encontrava “permissão para fracassar”. McEwan analisa suas primeiras histórias como escuras e sinistras. Pensava que seriam interpretadas como humor negro. Culpou a juventude como causa, pois esclarece que “o passar do tempo lhe permitiu expandir sua escrita, derrubando a imprudência da juventude e tornando tudo mais leve”.
Sobre a eterna busca por trazer tudo para mais próximo do real, contou dois casos bem-humorados de leitores que lhe escreveram falando sobre erros em seus livros. Como quando relata em Sábado que o protagonista troca as marchas e pisa na embreagem de um modelo da Mercedes-Benz, que segundo o leitor – um correspondente automotivo – não existe na versão manual, apenas automática. Na edição seguinte, McEwan retirou todas as referências as trocas de marchas manuais do carro e pediu ao seu admirador uma dica de que carro deveria comprar, pois tinha o mesmo veículo há 15 anos. Em outro caso, uma leitora lhe disse que os personagens de seu livro não podiam ver a constelação de Órion em Veneza, no mês de julho, pois é impossível enxergá-la no hemisfério norte nesta época. A leitora ainda indicou que para combinar com as características sombrias de McEwan, a constelação citada deveria ser a de Escorpião. “Ela morava em uma pequena ilha no Canal da Mancha, e via as estrelas boa parte do ano, me vi obrigado a substituir a constelação na edição seguinte do livro.” contou. “Reagir as cartas do leitor é a melhor forma de engajamento com o realismo”, finalizou.
Antes de encerrar, McEwan leu trechos de seu mais novo livro, Enclausurado, que tem como narrador uma figura incomum. Um feto dentro do ventre da mãe presencia o desenrolar de um plano de assassinato e narra a história. Depois da conferência, seguiu-se uma rodada de perguntas do público com a mediação do jornalista Túlio Milman e participação do escritor Daniel Galera. Fãs do escritor ainda tiveram a oportunidade de receber o autógrafo de McEwan.
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