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Conjuntura Internacional

- Publicada em 12 de Outubro de 2016 às 19:49

Fed espera subir juros 'em breve'

A presidente do Fed, Janet Yellen, teve resistências entre outros integrantes do banco central dos EUA

A presidente do Fed, Janet Yellen, teve resistências entre outros integrantes do banco central dos EUA


ZACH GIBSON / AFP/JC
Os dirigentes do Federal Reserve (Fed) lançaram, na reunião de setembro, as bases para elevar as taxas de juro de curto prazo "relativamente em breve", segundo a ata da última reunião, embora tenham tido dificuldades para conciliar as divisões internas sobre o momento da próxima elevação na taxa.
Os dirigentes do Federal Reserve (Fed) lançaram, na reunião de setembro, as bases para elevar as taxas de juro de curto prazo "relativamente em breve", segundo a ata da última reunião, embora tenham tido dificuldades para conciliar as divisões internas sobre o momento da próxima elevação na taxa.
"Alguns participantes acreditavam que seria adequado elevar o intervalo para a taxa de juros relativamente em breve, se o mercado de trabalho continuar a melhorar e a atividade econômica se fortalecer, enquanto outros preferiram esperar por evidências mais convincentes de que a inflação está se movendo em direção à meta de 2% do comitê", assinalou o Fed, na ata da reunião de 20 a 21 de setembro, divulgada nesta quarta-feira, após o hiato habitual de três semanas.
O Fed evitou aumentar os juros na última reunião, mesmo tendo dito que o argumento para custos de empréstimos mais altos se "fortaleceu". Em um resumo das projeções econômicas divulgadas após a reunião, a maioria dos dirigentes indicou que seria apropriado aumentar a taxa de juros uma vez antes do fim do ano. O Fed aumentou as taxas de juros pela última vez em dezembro de 2015, depois de mantê-las perto de zero por vários anos após a crise financeira de 2008.
As atas mostram que a decisão de manter as taxas foi "por um triz". O Fed tem mais duas reuniões neste ano, no início de novembro e de dezembro. Investidores esperam que o próximo ajuste da taxa virá em dezembro, depois da eleição presidencial nos EUA. "Notou-se que um argumento razoável poderia ser feito tanto por um aumento nesta reunião ou pela espera de alguma informação adicional sobre o mercado de trabalho e a inflação", disse a ata.
Dados divulgados desde a reunião mostraram um retrato relativamente otimista da economia dos EUA. O relatório de emprego de setembro, lançado no dia 7, mostrou salários subindo, enquanto mais trabalhadores estão voltando ao mercado. A confiança do consumidor também atingiu um pico de alta pós-recessão no mês passado, e um indicador da atividade manufatureira ganhou força.
Mas também há razões para preocupação. A libra caiu para mínima histórica contra uma cesta de moedas globais, com investidores preocupados com as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia. Isso pode levar a outra alta do dólar, o que complicaria os planos de aperto monetário do Fed.
Enquanto isso, as expectativas de crescimento econômico dos EUA seguem sendo rebaixadas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse, na semana passada, esperar que a produção dos EUA cresça 1,6% em 2016, ante estimativa de 2,2% de julho. Ainda assim, a ata mostra que os dirigentes do Fed não enxergam grandes ameaças para a economia dos EUA. A maioria disse que a economia tinha chance igual de um desempenho melhor do que o esperado como de um desempenho pior do que o esperado "com vários deles indicando que os riscos referentes ao Brexit haviam diminuído".

Dirigentes se dividem sobre perspectivas para a queda no desemprego nos Estados Unidos

A ata também revela uma crescente divisão entre os dirigentes do Fed que discordam sobre quanto mais a taxa de desemprego pode cair antes de a economia superaquecer. "Participantes em geral esperavam que a taxa de desemprego ficasse um pouco abaixo de suas estimativas para a taxa normal de longo prazo durante os próximos anos, mas eles deram opiniões diferentes sobre a extensão da folga que atualmente permanece no mercado de trabalho", disse a ata.
Uma parte dos dirigentes do Fed defendeu que o aumento de juros seja adiado, porque julgou o mercado de trabalho ainda a caminho da melhora. Embora a taxa de desemprego, de 5% no último mês, tenha caído para o que o Fed considera um nível sustentável no longo prazo, uma taxa de participação da força de trabalho crescente é um sinal de que o mercado ainda absorve trabalhadores. A presidente do Fed, Janet Yellen, e o presidente da unidade do Fed em Nova Iorque, William Dudley, compartilham desta opinião.
O relatório de emprego de setembro acrescenta credibilidade a esta teoria, ao mostrar a criação de 156 mil novos postos de trabalho no mês passado. A taxa de participação da força de trabalho, que determina a parcela dos adultos trabalhando ou à procura, tem aumentado nos últimos meses, um sinal de que os norte-americanos começam lentamente a se sentir confiantes o suficiente para voltar ao mercado de trabalho.
O Fed terá acesso a mais dois relatórios de emprego antes da reunião de dezembro. Até lá, Yellen e outros membros do Fed poderão ficar satisfeitos de que um aumento dos juros é justificável.
Outro lado que pressionou por um aumento de juros em setembro vê um risco maior de continuar a bombear dinheiro na economia, o que faria com que o mercado de trabalho fique mais apertado. Isso poderia pressionar a inflação para acima da meta de 2% e forçar o Fed a elevar as taxas mais rapidamente.