As condições das rodovias do País pararam de melhorar após três anos seguidos de avanço na qualidade. É o que mostra a pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) que avalia as condições do pavimento, sinalização e geometria de 103 mil quilômetros de via e, em 2016, completa 20 anos de realização.
De acordo com os dados divulgados, 41,8% da extensão pesquisada das estradas brasileiras foram consideradas em bom ou ótimo estado. Em 2015, 43% da extensão avaliada estavam em estado bom ou ótimo. Em 2014, o estudo havia mostrado que 37,2% em estado ótimo ou bom.
Em 2016, outros 34,6% dos trechos foram considerados regular e 23,6% ruim e péssimo, número semelhante ao de 2015.Apesar de a qualidade geral ter se mantido estável, outros dados da pesquisa mostram que houve piora. Foram encontrados 414 pontos críticos, ou seja, áreas onde é praticamente impossível trafegar devido a buracos ou quedas de acostamento, por exemplo, número 27% superior ao detectado no ano passado.
O estado do pavimento das estradas, com metade delas em estado regular, ruim ou péssimo, é a principal fonte de preocupação apontada na pesquisa já que esse dado está piorando e pode ter reflexo rápido em uma piora futura. José Hélio Fernandes, diretor da CNT, disse que a pesquisa vem evoluindo após começar com a avaliação de apenas 15 mil quilômetros de estradas. Segundo ele, o trabalho é referência para a adoção de políticas no setor.
As rodovias privatizadas avaliadas, que tem 20 mil quilômetros, chegaram a 79% de resultado ótimo ou bom, melhorando em relação a 2014 (74%) e 2015 (78%). Já as administradas pelos governos federal e estaduais, com 83 mil quilômetros, tiveram leve queda com avaliação de 33% de ótimo e bom, contra 34% de 2015 e 29% de 2014. Os trechos ruins e péssimo alcançaram 29% nas estradas sob administração pública.
De acordo com dados da CNT, a queda nos investimentos do governo federal no setor pode estar relacionada à piora da qualidade das estradas. Em 2015, o governo federal gastou R$ 6 bilhões no setor contra R$ 9 bilhões no ano anterior. Segundo Bruno Batista, diretor executivo da CNT, a piora da qualidade das estradas gera custos extras para o transporte, estimados na pesquisa em 25% mais do que seria se elas estivessem em boas condições.