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Habilitação

- Publicada em 19 de Outubro de 2016 às 15:09

Sistema eletrônico dá mais segurança à formação de condutores

Controle das aulas e dos conteúdos pelo CFC, pelo aluno e pelo Detran tornam mais seguro o aprendizado

Controle das aulas e dos conteúdos pelo CFC, pelo aluno e pelo Detran tornam mais seguro o aprendizado


Marco Quintana/JC
Ao entrarem nos automóveis das autoescolas cadastrados pelo Detran RS, os alunos em processo de primeira habilitação vão encontrar uma peça diferente das comuns aos carros: uma câmera. Isso porque, desde o início de setembro, os centros de formação de condutores (CFCs) do Estado estão implantando o sistema eletrônico de acompanhamento das aulas práticas da categoria B, que abrange veículos automotores e elétricos, de quatro rodas, cujo peso bruto total não exceda 3.500 kg e lotação não ultrapasse oito lugares, excluído o do motorista.
Ao entrarem nos automóveis das autoescolas cadastrados pelo Detran RS, os alunos em processo de primeira habilitação vão encontrar uma peça diferente das comuns aos carros: uma câmera. Isso porque, desde o início de setembro, os centros de formação de condutores (CFCs) do Estado estão implantando o sistema eletrônico de acompanhamento das aulas práticas da categoria B, que abrange veículos automotores e elétricos, de quatro rodas, cujo peso bruto total não exceda 3.500 kg e lotação não ultrapasse oito lugares, excluído o do motorista.
Além das câmeras, esse sistema é composto por um tablet, equipamento que substitui a prancheta e o papel que acompanhavam os instrutores durantes as aulas. Por meio de um sistema de transmissão de dados para o Detran RS, ele permite que o instrutor siga um cronograma de conteúdos previstos e registre erros de condução e infrações durante o trajeto percorrido, que também será monitorado pelo GPS do aparelho.
Para tudo isso acontecer, antes do início da aula, o tablet deve ser sincronizado ao GPS, câmera e sistema de som. No final do percurso, o instrutor deve sinalizar no aparelho o fim da aula, registrar o conteúdo abordado, fazer uma avaliação do desempenho e do comportamento. A câmera deve estar posicionada de forma que foque o aprendiz e o instrutor.
Ao longo dos 50 minutos de aula, ela captura cinco fotos de momentos aleatórios, que serão anexadas ao histórico do candidato, junto ao resumo das aulas. Isso certifica que o tempo de aula foi cumprido e que quem a realizou foi realmente o candidato à habilitação. Um dos benefícios desse sistema é que os alunos também podem solicitar a filmagem da aula em caso de reclamação ou conflito.
A gravação em vídeo e áudio, na íntegra, permanece entre 20 e 30 dias nas câmeras, dependendo da quantidade de aulas que aquele equipamento filmou. Por isso, a solicitação da filmagem de alguma aula por parte do aluno no próprio CFC, deve acontecer dentro deste período. Depois disso, estarão arquivadas apenas no sistema de dados do Detran.
Cada centro de formação pode escolher a empresa que irá contratar para desenvolver o sistema de transmissão de dados, desde que atenda às necessidades previstas no projeto desenvolvido pelo Detran RS junto a Procergs. No caso do CFC Rumo Certo, localizado em Gravataí, a empresa escolhida para prestar o serviço de vídeo monitoramento foi a iMonitore. Nesse sistema, cada instrutor, administrador e aluno tem login próprio, o que possibilita ao candidato acompanhar seu próprio desempenho a partir dos relatórios das aulas registrados pelos professores.
Tiago Cunha, gerente de operações do Rumo Certo, explica que foi necessário fazer adaptações funcionais e de aplicabilidade prática no projeto do sistema eletrônico, pois os instrutores estavam muito presos ao aparelho, quando precisam estar atentos ao trânsito. Neste CFC, todos os alunos que iniciaram a aula no dia 1 de agosto ou depois já estão dentro do novo sistema.
É o caso de Gabriel Haupt, que retirou a sua carteira nacional de habilitação menos de dois meses após a abertura do processo. Para ele, segurança, tanto para os instrutores quando para os alunos, é o maior benefício, porque as câmeras garantem que o instrutor vai desempenhar sua função como deve. Para ele, o sistema digital representa agilidade no processo e no trabalho dos instrutores. "Acho essencial não só pelo aluno, mas para o instrutor também, porque ele não precisa mais fazer anotações no papel, o que causava perda de tempo".
Para o Detran, essa proposta objetiva melhorar o processo de primeira habilitação, por intermédio do aperfeiçoamento de três aspectos: segurança, transparência e caráter pedagógico. O sistema eletrônico contribui para a transparência do processo quando permite que os CFCs tenham maior controle sobre o desempenho dos seus profissionais. Assim, eles vão saber se as aulas seguem o plano pedagógico e se estão conseguindo transmitir ao aluno todas as habilidades e competências necessárias.
A diretora técnica do Detran, Carla Badaraco, explica que as fichas de acompanhamento de aula em forma de papel não asseguram totalmente que as aulas estão acontecendo como devem. "Aquela ficha é preenchida por uma pessoa, com um papel e uma caneta e, como se diz, o papel aceita tudo". Já o aspecto de segurança diz respeito a forma como aquele condutor está circulando nas vias públicas, se está realizando o treinamento de baliza em locais seguros e, principalmente, se o horário de aula está sendo respeitado.
Por último, o caráter pedagógico, que é o mais importante para a instituição, pois o sistema eletrônico pode responder a questões que interferem diretamente nos planos educativos dos centros de formação. A sequência de conteúdos está adequada? O tempo de aula é suficiente? Onde o candidato está falhando? "A nossa preocupação é enxergar esse candidato como condutor, e não ministrar aulas apenas para prepará-lo para a prova", diz Carla.
Esta medida está prevista em portarias do Detran RS, que regulamentam o sistema eletrônico de anotação, transmissão e recepção dos relatórios de avaliação elaborados pelos instrutores. Entre elas está a de nº 255/2016 que orienta os CFCs do Estado a adotarem o sistema digital, dentro das condições regulamentadas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
"Após busca por normatização que amparasse a utilização de filmagens, telemetria e outros equipamentos eletrônicos para atestar a realização da aula prática, informamos que não foram encontradas normatizações do Denatran, do Contran ou lei que normatize o assunto. Percebe-se sim a adoção dessa metodologia por alguns Detrans no Brasil, entretanto, sempre por meio de portaria própria", comentou o Denatran.
Portanto, o departamento desconhece os estados em que a metodologia já foi implantada e quando, ou se, será instaurada em todo o Brasil. Ildo Mário Szinvelski, diretor-geral do Detran RS, explica que existe uma sequência de ações de qualificação do processo de habilitação do Estado. Ele relaciona essas medidas à superação da meta de redução de óbitos no trânsito estipulada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A organização orientou que o número de mortes fosse reduzido à metade até 2020 e o Detran RS calculou que, para atingir essa meta, nos primeiros cinco anos a redução deveria ser de 31%. Entre 2010 e 2015, o estado superou e reduziu em 36%. A importância de qualificar o processo de habilitação está em agregar transparência na relação entre o Estado, CFC e aluno. "Além da fidedignidade entre o que está sendo ministrado e aquilo que está sendo cobrado e a redução dos erros, temos a possibilidade de extração de relatórios estatísticos", acrescenta Szinvelski, ao comentar os benefícios do sistema implementado.

Calendário de implantação no Estado chega ao fim neste mês

Controle das aulas e dos conteúdos pelo CFC, pelo aluno e pelo Detran tornam mais seguro o aprendizado

Controle das aulas e dos conteúdos pelo CFC, pelo aluno e pelo Detran tornam mais seguro o aprendizado


Marco Quintana/JC
Segundo relatório estatístico do Detran RS, o índice de aprovação no exame técnico da categoria B é de 74,5%, considerando as provas realizadas entre agosto de 2014 e julho de 2016. Ou seja, dos 194.916 candidatos que realizaram os testes, 145.209 foram aprovados. Esse dado reconhece apenas os candidatos que obtiveram a permissão para dirigir dentro do período de um ano, contado desde o dia em que o processo foi aberto.
Em comparação com outras categorias, essa é a menor percentagem de aprovação. A categoria A, de motocicletas e motonetas, por exemplo, apresentou 93,9% de resultados positivos no exame prático. "O sistema eletrônico pode contribuir para a diminuição do número de reprovações", aposta João Albano, professor doutor aposentado do Laboratório de Sistemas de Transportes da Ufrgs (Lastran).
Segundo ele, a tecnologia não está distante de atingir todo o processo de formação de motoristas e, quando isso se consolidar por completo, a questão a ser melhorada será a capacitação humana, tanto dos instrutores quanto do sistema de leis. Para implantar essa novidade em todas as autoescolas do Estado, o Detran RS elaborou um calendário que começou com 29 municípios da Região Metropolitana e Vale do Sinos e será gradual no Estado, para permitir ajustes técnicos, até que, se encerre em Porto Alegre.
A diretora técnica do Detran, Carla Badaraco, justifica que a Capital está no fim do processo por que é a cidade que concentra o maior número de aulas por dia, assim, quando o sistema chegar estará mais estabelecido e eventual falhas já estarão corrigidas. Até agora, o sistema novo está convivendo com o antigo, para assegurar que nenhuma aula seja perdida e prejudique algum aluno. A meta da instituição é de que o sistema esteja em todo o Estado até o final desde mês.
Carla esclarece que os custos para implementar esse sistema digital já estavam previstos no orçamento financeiro, porque o projeto já estava sendo estudado e elaborado há dois anos. Entre os gastos dos centros de formação estão a compra dos equipamentos e a manutenção mensal, que varia de acordo com o porte da autoescola. Edson Luis da Cunha, presidente do sindicato dos CFCs, garante que esse custo não será repassado aos alunos.

Tecnologia ajuda a formar condutores mais preparados e melhora o trânsito

O sistema eletrônico não é a primeira inserção tecnológica do processo de habilitação. A CNH digital deu início a essa transformação quando reduziu o número de papéis e acelerou o que chamam de processo burocrático com a foto e a assinatura capturadas digitalmente na própria autoescola. Depois disso, os simuladores também passaram a integrar o processo, apesar de dividir opiniões quando a sua utilidade.
"Para o Estado, o Detran e os CFCs, nunca houve dúvida de que o simulador seria uma ferramenta pedagógica de grande utilidade. Já está incorporado ao processo e não nos traz mais nenhum tipo de questionamento ou desconforto", garante a diretora técnica do Detran, Carla Badaraco. Szinvelski explica que o simulador dá tranquilidade aos candidatos e antecipa os enfrentamentos que ele terá que fazer no trânsito. Ele ainda associa o uso desse meio tecnológico com a diminuição no número de óbitos no trânsito.
"Todo o acidente de trânsito nasce de uma infração. No momento em que tivermos um condutor melhor formado, ele contribui para um trânsito mais humano e seguro" observa o diretor-geral. Tiago Cunha, da Rumo Certo, esclarece que, independente do candidato já saber conduzir o carro, a autoescola recebe todos os alunos considerando que nunca dirigiram um automóvel e a função do simulador é ser o primeiro contato com o veículo.
O controle biométrico começa a ser implantado em dezembro e deve estar em todo o Estadol até o início de 2017, com o objetivo de completar o sistema eletrônico. "O que pretendemos é assegurar que a pessoa que está abrindo o serviço é quem está participando de todas as etapas", informa Carla.
A ideia é de que isso também garanta que os profissionais que estão aplicando o exame e ministrando as aulas são os profissionais credenciados pelo Detran. "Não tenho dúvida que com a carga pedagógica ministrada pelos instrutores, o acompanhamento biométrico e os simuladores, nós teremos um aluno mais qualificado para poder compartilhar o espaço público com segurança", acredita Szinvelski.

Provas práticas também serão filmadas

Controle das aulas e dos conteúdos pelo CFC, pelo aluno e pelo Detran tornam mais seguro o aprendizado

Controle das aulas e dos conteúdos pelo CFC, pelo aluno e pelo Detran tornam mais seguro o aprendizado


Marco Quintana/JC
Após a implantação completa do sistema eletrônico nas aulas práticas, o próximo passo é inclui-lo nas provas, mas com diferença no número de câmeras. Durante o exame serão quatro: frontal, nos pedais, focada no perfil do examinador e do candidato e outra que evidencie a baliza. A previsão é de que os exames comecem a ser vídeomonitorados a partir de novembro.
Tiago Cunha, gerente de operações do Centro de Formação de Condutores (CFC) Rumo Certo, esclarece que essa medida pode encerrar discussões quanto ao resultado das avaliações práticas, pois frente a uma contestação do aluno, o Detran poderá ter acesso ao registro em vídeo e áudio de toda a prova.
"Sem dúvida nenhuma agrega uma segurança para os centros de formação de condutores e também para o Estado e examinadores do Rio Grande do Sul", defende o diretor-geral do Detran RS Ildo Mário Szinvelski. Em 2016, até agora, o Detran RS registra 174 pedidos de recurso ou vistas à prova prática, que é quando os alunos solicitam revisão do resultado da prova. Entre esses, apenas um foi deferido e neste caso o aluno tem direito a fazer uma nova prova sem necessidade de pagamento da taxa de reteste.
Para a instituição, ainda é uma incógnita se essa novidade vai ou não influenciar no número de reclamações. "O Estado está preocupado que o condutor esteja devidamente habilitado e tenha condições de enfrentar o trânsito no dia a dia. Se tiver aumento quantitativo de pedidos de recursos não importa", complementa Szinvelski.

Mais de 2,5 mil habilitações já foram cassadas no RS esse ano

Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), no período de 1º de janeiro de 2015 a 5 de outubro de 2016, já foram cassadas 7.461 Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) no estado do Rio Grande do Sul. O mês com maior número de permissões cassadas, até o momento, foi Janeiro de 2015, quando foram cassada 679 CNHs. Confira os dados completos abaixo.
2015
  • Janeiro - 679
  • Fevereiro - 395
  • Março - 422
  • Abril - 331
  • Maio - 383
  • Junho - 464
  • Julho - 350
  • Agosto - 402
  • Setembro - 312
  • Outubro - 325
  • Novembro - 328
  • Dezembro - 340
Total 4.731
2016
  • Janeiro - 468
  • Fevereiro - 252
  • Março - 270
  • Abril - 280
  • Maio - 299
  • Junho - 266
  • Julho - 249
  • Agosto - 335
  • Setembro - 269
  • Outubro (até dia 5) - 42Total 2.730
Total geral 7.461