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Empresas & Negócios

- Publicada em 31 de Outubro de 2016 às 13:24

Otis quer modernizar elevadores

Julio Bellinassi, diretor-geral da Otis para a América do Sul

Julio Bellinassi, diretor-geral da Otis para a América do Sul


OTIS/Divulgação/JC
Guilherme Daroit
Quando chegou ao Brasil, em 1906, a Otis trouxe consigo uma, então, grande novidade: os elevadores modernos. O ano marcou a instalação do primeiro equipamento do tipo no País, no Palácio das Laranjeiras, prédio oficial do governo fluminense. O elevador, ainda na ativa e na carteira de manutenção da companhia, é usado como símbolo da força da presença da multinacional norte-americana no Brasil pelo diretor-geral para a América do Sul, Julio Bellinassi. 
Quando chegou ao Brasil, em 1906, a Otis trouxe consigo uma, então, grande novidade: os elevadores modernos. O ano marcou a instalação do primeiro equipamento do tipo no País, no Palácio das Laranjeiras, prédio oficial do governo fluminense. O elevador, ainda na ativa e na carteira de manutenção da companhia, é usado como símbolo da força da presença da multinacional norte-americana no Brasil pelo diretor-geral para a América do Sul, Julio Bellinassi. 
Mesmo em meio à crise na construção civil, setor intrinsecamente ligado à venda de novos equipamentos, Bellinassi aposta na inovação para ganhar mercado. Atendendo a todo o continente a partir da nova fábrica, inaugurada em 2013, em São Bernardo do Campo (SP), o executivo ainda enxerga o crescimento baseado nas reformas dos elevadores já existentes. "Em países mais maduros, a modernização responde por metade das receitas do setor. O Brasil vai entrar nessa onda agora", projeta Bellinassi, responsável por parte dos US$ 12 bilhões que a Otis fatura em mais de 200 países - a empresa não regionaliza os dados.
JC Empresas & Negócios - Qual a situação dos elevadores instalados no Brasil? Há espaço para trocas?
Julio Bellinassi - Há muito espaço ainda nessa linha de modernização. Um elevador, depois de 20 anos, precisa de algumas atualizações tecnológicas. Muitos condomínios pensam que precisam substituir o elevador inteiro, mas isso não é necessário. Depois de 20 anos, você já poderia trocar o controle por um microprocessado, o que traz uma baita redução de consumo de energia e mais conforto de viagem. Trocando isso, a sinalização e a estética, dá uma superatualizada. É nisso que estamos investindo demais, e tem um grande potencial no País. O novo ciclo é esse da modernização.
Empresas & Negócios - Temos muitos elevadores com mais de 20 anos sem a devida atualização?
Bellinassi - Tivemos um boom imobiliário na década de 1970. Há muitos prédios dessa época, e esses elevadores precisam ser modernizados. A manutenção sempre é feita, mas chega um momento em que não é mais suficiente, é preciso fazer atualização tecnológica, trocar os principais componentes. Hoje, o elevador é um computador. Quem tem um elevador de 30 anos poderia trocar só o controle que já daria um upgrade tecnológico gigantesco. Tem coisas que duram 50, 60 anos, como a guia, por exemplo, e a própria estrutura da cabine. É um engano dos condomínios que trocam o elevador inteiro sem precisar fazer isso. É difícil precisar quanto, porque depende do que for fazer e da idade do equipamento, mas é muito mais barato modernizar do que simplesmente trocar por um novo.
Empresas & Negócios - Quando a Otis inaugurou a nova fábrica, em 2013, esperava-se esse cenário de crise?
Bellinassi - Quando se faz um investimento desses, de quase US$ 30 milhões, é para o longo prazo. Tivemos retração nos últimos dois anos, mas, por outro lado, tivemos crescimento nos outros países da América Latina, e as exportações ajudaram a compensar a queda interna. Também focamos esse mercado de modernizações e lançamos produtos que antes importávamos. Acabamos de lançar, por exemplo, um elevador Gen2, sem casa de máquinas, com velocidade estendida a 2,5 m/s (o mais comum é o de 1m/s). Com isso, conseguimos atender a prédios mais altos, de até 35 andares, e praticamente cobrir todo o mercado brasileiro com elevadores feitos aqui. Estendemos o tipo de produto que fabricamos no Brasil, o que, de alguma forma, também ajuda a compensar a queda total do mercado.
Empresas & Negócios - A Otis investe em inovação?
Bellinassi - Temos nossos elevadores Gen2, por exemplo, que, por si só, já são revolucionários, porque substituem o cabo de aço. Mas todos os elevadores fabricados pela Otis no Brasil saem de fábrica com um drive regenerativo. Em alguns momentos, com esse sistema, em vez de consumir, produzem energia. Os elevadores antigos queimam energia em forma de calor, mas com esse drive, em vez de queimar, se consegue devolver energia para a rede do prédio. É algo muito parecido com o Kers da Fórmula 1, que gera energia com os freios, mas aqui é feito com balanço de peso entre cabine e contrapeso. E saem no mesmo preço dos elevadores convencionais. Esse é o grande diferencial.
Empresas & Negócios - Assim como os outros aparelhos eletrônicos, o elevador caminha para a Internet das Coisas?
Bellinassi - Isso está chegando agora ao mundo dos elevadores, do ponto de vista dos usuários, mas também dos mecânicos e engenheiros da manutenção. Queremos mudar a maneira como se faz manutenção e como os clientes interagem com os elevadores, e fizemos um acordo mundial com AT&T e Microsoft para isso. Hoje, o elevador é como se fosse um computador, com placa e microprocessador. O futuro do elevador é provavelmente que o usuário, por seu smartphone, consiga interagir antes de entrar de fato na cabine. Em breve, todos os dados irão para a nuvem, e aí nossos mecânicos e engenheiros vão ter condição de remotamente entender o que está acontecendo, como está a performance, e conseguir remotamente se antecipar a problemas.
Empresas & Negócios - É um futuro ainda distante?
Bellinassi - Não. Nossos elevadores já saem atualmente com um Sistema de Monitoramento Remoto (REM). Com isso, um elevador, seja em Porto Velho (RO), seja em Porto Alegre, se o cliente fornecer uma linha telefônica, a partir da matriz, conseguimos conversar com esse elevador e, muitas vezes, até fazer algumas intervenções. Chegamos até, em algumas situações, a conseguir liberar um passageiro preso, por exemplo. Isso já é uma realidade, temos elevadores no Brasil com esse sistema funcionando via telefonia fixa, e em breve faremos por telefonia móvel. Temos situações em que acontece algo no elevador, e alguém da engenharia, a partir da matriz, em São Paulo, faz a intervenção, libera o passageiro, e nem o zelador do prédio sabia ainda que isso aconteceu, de tão dinâmico que é o sistema.
Empresas & Negócios - É uma espécie de botão de pânico?
Bellinassi - O que acontece é que o sistema percebe sozinho que algo aconteceu, e manda sinal para a equipe de plantão na matriz. Mas esse sistema tem um botão dentro do elevador que a pessoa pode apertar e falar com o call center também da matriz. É um negócio revolucionário em relação à parte de serviços. Nos próximos anos isso será comum, porque todos os elevadores que produzimos hoje já vêm com esse REM. Basta o cliente disponibilizar a linha de telefonia fixa.
Empresas & Negócios - O mercado de escadas rolantes sofre com a desaceleração na construção de novos shopping centers?
Bellinassi - Um pouco, sim, mas tem muita escada rolante em obra de infraestrutura também, como aeroportos, metrôs, até mais do que em shoppings. Esses setores caíram demais nos últimos três anos, mas acredito que comecemos a ver sinais de pequena recuperação nos últimos meses. Temos expectativa de, no ano que vem, voltar a crescer, mesmo que não tão forte quanto em 2012 e 2013, quando atingimos o pico do mercado. O Brasil tem muita necessidade de obra de infraestrutura; e isso, no longo prazo, puxará a retomada do mercado de escadas rolantes. Nos elevadores, o cenário é o mesmo, com a expectativa de, nos próximos dois anos, depois de anos caindo, o mercado voltar a crescer.
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