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Opinião

- Publicada em 02 de Setembro de 2016 às 17:39

Juros altos inibem volta do crescimento econômico

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. Com isso, o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a popular Selic, continuará inibindo investimentos quando o Brasil mais precisa, diante da paralisia econômica que nos aflige desde 2015. Por isso, não surpreende quando se sabe que foi o sistema bancário o que teve os maiores lucros nos últimos trimestres.
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. Com isso, o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a popular Selic, continuará inibindo investimentos quando o Brasil mais precisa, diante da paralisia econômica que nos aflige desde 2015. Por isso, não surpreende quando se sabe que foi o sistema bancário o que teve os maiores lucros nos últimos trimestres.
Como são obrigados a tomar títulos do governo justamente atrelados ao que pagam os juros básicos, por meio da Selic, com 14,25% ao ano, sem qualquer esforço, os bancos, inclusive os públicos, fecham os balanços com elevados lucros.
Mesmo assim, é difícil de entender por qual razão os manifestantes, como os de Porto Alegre, depredam agências bancárias de instituições privadas, pois a elevação da Selic vem desde governos anteriores. Aliás, os maiores lucros bancários foram registrados nos anos de governos petistas, dos quais a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) fez parte.
No entanto, os críticos do governo bradam contra lideranças da área financeira, "indicadas por Wall Street", esquecem que ser oriundo do mercado financeiro nacional ou globalizado não é pecado, mas virtude técnica. É o caso de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, que tem dupla cidadania Brasil-EUA.
Foi presidente do FleetBoston Financial, uma fusão do BankBoston Corp. com o Fleet Financial Group, entre 1999 e 2002. Foi presidente do Banco Central (BC) sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 1 de janeiro de 2003 e 1 de janeiro de 2011, com uma administração elogiada. Antes disso, Meirelles foi, durante 12 anos, presidente do BankBoston nos EUA.
Já o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nomeado por Michel Temer (PMDB) tem dupla cidadania Brasil-Israel e foi economista-chefe do Itaú, o maior banco privado do Brasil. São credenciais robustas para cargos altamente técnicos e que influenciam toda a economia do Brasil.
A política tradicional de usar os juros para combater a inflação está sendo questionada por muitos economistas brasileiros. Mas, o Copom, no seu papel de guardião monetário, não arreda pé de manter o modelo, mesmo que, atualmente, segundo bem lembrou o ex-ministro Delfim Netto em seu artigo semanal publicado no Jornal do Comércio, muitos países estejam praticando juros negativos.
Ou seja, operam com taxas menores do que a inflação respectiva, o que reduz consideravelmente os recursos destinados ao crédito, já que as aplicações tem resultado negativo. Tanto que, na Alemanha, milhares de pessoas estão preferindo guardar em seus domicílios o dinheiro que têm ao invés de aplicá-los nos bancos.
O combate à inflação pela inibição do consumo, com juros altos, é amplamente questionado por especialistas e entidades empresariais, principalmente porque prejudica as empresas e o cidadão, que entram no cheque especial ou parcelam o cartão de crédito e ficam endividados. Com quase 12 milhões de desempregados e uma recessão que freia os investimentos e a criação de empregos, por que manter os juros altos?
O Copom reconheceu os avanços no combate à inflação. Tanto que ela tem baixado. Pouco, mas baixado, enquanto a atividade industrial tem crescido. Também pouco, mas crescido. Mesmo que o BC tenha por tarefa básica monitorar a inflação, o câmbio e as contas do governo, em busca do superávit primário para pagar os juros da astronômica dívida pública de R$ 2,9 trilhões, algo vai mal com o Brasil mantendo os maiores juros do planeta.
 
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