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estados unidos

- Publicada em 11 de Setembro de 2016 às 21:34

Ataque às Torres Gêmeas expôs a face do terror

Ações na maior cidade norte-americana mostraram que nem a nação mais poderosa do mundo está segura

Ações na maior cidade norte-americana mostraram que nem a nação mais poderosa do mundo está segura


SETH MCALLISTER/AFP/JC
Terça-feira, 11 de setembro de 2001. O relógio marcava 8h46min em Nova Iorque quando um Boeing 737 se chocou contra a Torre Norte do World Trade Center, à época, o conjunto de prédios mais alto da Terra. Na rua, pedestres olhavam incrédulos para cima, enquanto, pela TV, cidadãos do mundo todo acompanhavam ao vivo o que, até então, parecia ser um trágico acidente. E foi assim, ao vivo, que o planeta acompanhou, às 9h02min locais, outra aeronave, um Boeing 767, atravessar a Torre Sul. Mais 35 minutos se passaram e, às 9h37min, um Boeing 757 caía sobre a fortaleza do comando militar dos Estados Unidos, o Pentágono, em Washington. Às 9h59min, a Torre Sul desabava. Sete minutos depois, às 10h06min, mais um Boeing 757 caía, desta vez, em Pittsburg, a 15 minutos da capital federal. Às 10h28min, a última cena dos 102 minutos mais caóticos da história moderna norte-americana: a Torre Norte ia ao chão. Ao todo, 2.996 pessoas morreram, das quais 19 eram terroristas. A maior potência mundial era apunhalada no coração. A História estava sendo escrita. O mundo nunca mais seria o mesmo.
Terça-feira, 11 de setembro de 2001. O relógio marcava 8h46min em Nova Iorque quando um Boeing 737 se chocou contra a Torre Norte do World Trade Center, à época, o conjunto de prédios mais alto da Terra. Na rua, pedestres olhavam incrédulos para cima, enquanto, pela TV, cidadãos do mundo todo acompanhavam ao vivo o que, até então, parecia ser um trágico acidente. E foi assim, ao vivo, que o planeta acompanhou, às 9h02min locais, outra aeronave, um Boeing 767, atravessar a Torre Sul. Mais 35 minutos se passaram e, às 9h37min, um Boeing 757 caía sobre a fortaleza do comando militar dos Estados Unidos, o Pentágono, em Washington. Às 9h59min, a Torre Sul desabava. Sete minutos depois, às 10h06min, mais um Boeing 757 caía, desta vez, em Pittsburg, a 15 minutos da capital federal. Às 10h28min, a última cena dos 102 minutos mais caóticos da história moderna norte-americana: a Torre Norte ia ao chão. Ao todo, 2.996 pessoas morreram, das quais 19 eram terroristas. A maior potência mundial era apunhalada no coração. A História estava sendo escrita. O mundo nunca mais seria o mesmo.
Quinze anos se passaram desde que a fragilidade do mais poderoso dos países foi exposta e fez surgir um novo inimigo número 1. Naquele momento, as preocupações já não estavam voltadas para o Leste Europeu, para a gigante Rússia. O Tio Sam mirava um oponente que não tinha cara, não tinha casa, não tinha exército e não seguia nenhuma lei. O terrorismo era um velho conhecido, mas nunca ousara tanto, nunca fora tão longe. Um nome era exposto como a encarnação do mal: Osama Bin Laden. A necessidade da guerra voltara ao noticiário. Reagir era mais do que preciso. Reagir era uma questão de honra.
Menos de um mês depois dos atentados, os EUA atacavam o Afeganistão, país onde, supostamente, Bin Laden estava sob a proteção do governo extremista local, o regime Taliban, que permitia e patrocinava a Al-Qaeda, grupo terrorista liderado por ele. Não havia passado um ano e meio da invasão ao Afeganistão quando foi a vez de o Iraque sentir a força do poderio bélico norte-americano, desta vez, liderando uma coalização formada por 48 nações. A justificativa da intervenção tinha ligação com as ações anteriores. O ditador
Saddam Hussein manteria relações com a Al-Qaeda e, mais do que isso, teria sob sua guarda armas de destruição em massa que, além de colocar em risco os territórios vizinhos, poderiam parar nas mãos dos terroristas. Nem uma coisa nem outra foi encontrada.

Imprevisibilidade coloca em xeque segurança das nações

Para o professor titular e diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eurico de Lima Figueiredo, a ação da Al-Qaeda em solo norte-americano visava mostrar a impotência dos EUA em relação aos seus símbolos econômicos, as Torres Gêmeas, e também no que diz respeito ao coração político-militar do país, no caso do Pentágono, e da tentativa frustrada de ataque ao Congresso. "Isso mostrou um novo tipo de guerra, chamada guerra irregular, assimétrica. O mundo teve de mudar as suas concepções doutrinárias e teóricas. Cada vez mais, teremos guerras que não serão interestatais, com novas concepções de soberania", afirma.
O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), André Luiz Reis da Silva, aponta que, a partir dos atentados, os Estados Unidos passaram a utilizar a guerra ao terrorismo como instrumento para reafirmar a hegemonia do país no sistema internacional. "Eles passaram o recado de que defenderão o mundo inteiro, sobretudo o mundo ocidental, do que eles chamam de bárbaros fundamentalistas", afirma. Conforme Silva, existia a necessidade de uma dupla resposta. Por um lado, os EUA tinham de mostrar reação à própria sociedade, com a ideia de caçar o agressor. Paralelamente a isso, surgiu a chance de reafirmar a presença no Oriente Médio.
Figueiredo, que é doutor notório saber em Ciência Política pela UFF, aponta que o terrorismo inaugurou uma fase de guerra em que um grupo pequeno de pessoas, dispondo de uma logística razoável, é capaz de atacar o país com a maior estrutura militar do mundo. Para ele, depois dos ataques, a estabilidade mundial ficou comprometida. O medo passou a caminhar ao lado da dúvida e de mãos dadas com a paranoia. "Por vias convencionais, isso não seria possível. Mas, nesse novo tipo de guerra, instruída por novas doutrinas, tais como a ideia de que você sozinho pode dinamitar um shopping, algo muito difícil de ser previsto, esse tipo de ato se torna possível. Isso implica necessidade de implantação de sistemas de vigilância sofisticados, exige ações de inteligência que podem comprometer a própria democracia", pondera.
 

Extremismo faz uso de atos simbólicos para ganhar visibilidade

Ações na maior cidade norte-americana mostraram que nem a nação mais poderosa do mundo está segura

Ações na maior cidade norte-americana mostraram que nem a nação mais poderosa do mundo está segura


SETH MCALLISTER/AFP/JC
Hoje, 15 anos depois, os EUA estão se retirando do Afeganistão e do Iraque e o terrorismo se tornou um dos eixos dos confrontos internacionais. Para o professor de Relações Internacionais da Ufrgs, Paulo Fagundes Visentini, existe pelo menos quatro sentidos para o termo "terrorismo".
O primeiro se refere ao terrorismo de Estado, que são atos de violência sistemática, praticados por governos contra a sociedade. O segundo é a execução de atentados por grupos contra alvos definidos, buscando objetivos políticos, seja para chamar a atenção da opinião pública ou para criar uma situação insustentável para o inimigo. O terceiro é o terrorismo comunal, das guerras civis, quando a população ou suas milícias atacam outras comunidades. Por fim, o quarto tipo está ligado a uma espécie de "percepção pânica" ou "ansiedade global" e consiste em uma orquestração que manipula o sentimento de insegurança, criando um estado de tensão generalizado. "Os atentados não procuram matar pessoas ou provocar destruição, o que conta é o impacto político e psicológico ou a indução de uma estratégia de resposta político-militar de um Estado."
Segundo Visentini, o terrorismo está adquirindo uma dimensão mundial e obedece às características do quarto tipo, que legitima a adoção de políticas repressivas em resposta a ele. O estudioso, porém, não crê que o método irá perdurar como uma forma de guerra. "Apesar da escalada atual, o terrorismo constitui um fenômeno passageiro, como em outras épocas históricas", considera.