Milhares de pessoas marcharam, nesta quinta-feira, em Caracas, capital da Venezuela, para exigir a realização de um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta um quadro de crescente tensão política e uma grave crise econômica. Diante de outra grande manifestação, de partidários do governo, Maduro assegurou que a marcha dos oposicionistas não tinha mais de 35 mil pessoas e disse que havia sido derrotada "uma intentona golpista".
Os opositores, vestidos com camisas brancas e bandeiras da Venezuela, se reuniram nas vias principais do Leste de Caracas. O ato foi convocado pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), coalizão que busca pressionar as autoridades a realizar o voto popular.
Manifestantes de diferentes estados, como Amazonas, Monagas, Nueva Esparta, Aragua, Carabobo e Guárico, se somaram aos da capital para a chamada "tomada de Caracas". Alguns tiveram de abandonar seus veículos e seguir a pé até postos de controle instalados pelas forças de segurança nas estradas.
A MUD pressiona pela realização do referendo neste ano, mas o cronograma proposto pelo Conselho Nacional Eleitoral gerou dúvidas de que o voto possa ocorrer antes de 10 de janeiro de 2017. Nessa data, Maduro completará mais da metade de seu mandato e, nesse caso, se for afastado do poder, a Constituição estabelece que o vice dele deverá concluir o período previsto.
Secretário executivo da coalizão, Jesús Torrealba disse que a intenção é voltar às ruas em 7 de setembro. Os opositores precisam coletar a assinatura de 20% do eleitorado para realizar o referendo.
Por outro lado, milhares de seguidores do governo e funcionários públicos saíram às ruas para se manifestar a favor de Maduro. "Não ao golpe de Estado", diziam as faixas de alguns dos defensores do chavismo. Falando aos manifestantes favoráveis a seu governo, o presidente disse que "a vitória é nossa, a vitória é do povo, da paz, da revolução". "Derrotamos uma intentona golpista que pretendia encher de violência, de morte a Venezuela e Caracas", afirmou.
As mobilizações eram acompanhadas por centenas de policiais, e a maioria do comércio da capital ficou fechada. Ocorreram conflitos entre manifestantes e as forças de segurança, que utilizaram bombas de gás lacrimogêneo.