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Economia

- Publicada em 25 de Setembro de 2016 às 15:51

Isolamento comercial do Brasil só não é pior que o da Nigéria e Sudão

 A globalização pouco efeito gerou no fluxo. Em 2015, o índice de internacionalização foi de 20,85%

A globalização pouco efeito gerou no fluxo. Em 2015, o índice de internacionalização foi de 20,85%


SUPERINTENDÊNCIA PORTO RIO GRANDE/DIVULGAÇÃO/JC
Estadão Conteúdo
Pelo menos na área comercial, a globalização ainda não chegou ao Brasil. Em meio aos esforços do governo Michel Temer para abertura de mercados aos produtos nacionais, em especial os agrícolas, os rankings mostram que o País continua entre as economias mais fechadas do mundo. Na pesquisa mais recente do Banco Mundial, com 188 nações, o País só é mais aberto ao comércio que Nigéria e Sudão.
Pelo menos na área comercial, a globalização ainda não chegou ao Brasil. Em meio aos esforços do governo Michel Temer para abertura de mercados aos produtos nacionais, em especial os agrícolas, os rankings mostram que o País continua entre as economias mais fechadas do mundo. Na pesquisa mais recente do Banco Mundial, com 188 nações, o País só é mais aberto ao comércio que Nigéria e Sudão.
Economistas dizem que os dados são claros em demonstrar que o Brasil é, de fato, um dos mais fechados do mundo. O economista Simão Davi Silber, professor da USP e especialista em economia internacional, é taxativo: "Quem tem alguma familiaridade com as estatísticas sabe que, na parte comercial, estamos fora do mundo".
Pelos dados do Banco Mundial, relativos a 2015, o Brasil possui índice de 20,84% de abertura comercial (soma de exportações e importações em relação ao PIB). A média mundial é de 45,19%.
O que aparentemente é positivo para a economia nacional - já que em tese favorece a produção da indústria local -, torna-se um empecilho ao crescimento. Ao dificultar a importação de máquinas e equipamentos, o País pune empresas que querem se modernizar, diz Silber.
Entre o fim dos anos 90 até a crise de 2008, houve um forte crescimento do comércio global. "Mas, nesse período, o Brasil teve uma perda dupla: em função do pouco acesso à tecnologia e aos serviços internacionais e à perda desse mecanismo de alavancagem de crescimento", diz o economista Mauro Schneider, da MCM Consultores.

Globalização ainda está longe

O isolamento comercial do Brasil é histórico e, na prática, nunca foi vencido por nenhum governo. Em 1960, quando o termo "globalização" nem era usado para descrever o processo de integração econômica entre os países, o Brasil possuía um índice de abertura da economia (exportações e importações em relação ao PIB) de 18%. Passados 55 anos, em 2015, esse índice estava em 20,85%. No mundo, o indicador saltou de 17,51% para 45,19% no período.
A inserção do Brasil no comércio internacional é marcada por avanços e retrocessos, sempre ligados à política econômica da ocasião e às próprias crises globais, que influenciavam o ambiente de negócios.
Na segunda metade dos anos 1980, no governo de José Sarney, com a economia em crise e o protecionismo a vários setores da indústria nacional, o grau de abertura do País ao exterior foi diminuindo, até o ponto de atingir o mínimo histórico de 9,05% em 1991, já sob o governo de Fernando Collor de Mello.
Nos dois anos seguintes, com a abertura do País à produção externa em diferentes setores, houve alguma melhora. O período de maior ganho ocorreu entre 1996 e 2004, quando o índice de abertura saltou de 13% para 24,37%.
"O que fizemos de abertura de nossa economia parou em 1995", diz o economista Simão Davi Silber, da USP. "Desde então, não se fez mais nada. E o mundo mudou em 20 anos."
A professora Lia Valls Pereira, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), pondera que o Brasil é um país de tarifas de importação mais elevadas no setor industrial, mas de maior abertura no setor agrícola. "Os outros países tendem a proteger mais a agricultura, e nós tendemos a proteger mais a indústria", diz.
Na média, porém, o Brasil não aparece bem. A tarifa média de importação do País é de 12,7%, conforme dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad)de 2014. É a sétima mais elevada entre 62 países.
No caso de barreiras não tarifárias - que incluem exigências quanto à especificação dos produtos e medidas antidumping - o Brasil é um dos mais protecionistas. Conforme a Organização Mundial do Comércio, em 2016 o País contabiliza 194 barreiras como essas, em um total de 340 entre os países da América do Sul, Central e Caribe.

Brasil só é mais aberto que Nigéria e Sudão

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