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Economia

- Publicada em 04 de Setembro de 2016 às 22:00

Descompasso nos aluguéis incentiva as renegociações

Schneider obteve vantagens ao negociar a renovação com a imobiliária

Schneider obteve vantagens ao negociar a renovação com a imobiliária


FREDY VIEIRA/JC
Guilherme Daroit
Há uma distorção acontecendo no mercado de locações brasileiro nos últimos meses. Enquanto os contratos de aluguéis antigos sofrem reajuste automático pelas taxas de inflação, na casa dos dois dígitos, os preços dos imóveis vazios, por outro lado, não param de cair. A situação tem encorajado os inquilinos a buscarem alternativas mais vantajosas para fugir do aumento quando chega o aniversário do contrato. "É um bom momento para negociar", analisa Bruno Oliva, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Há uma distorção acontecendo no mercado de locações brasileiro nos últimos meses. Enquanto os contratos de aluguéis antigos sofrem reajuste automático pelas taxas de inflação, na casa dos dois dígitos, os preços dos imóveis vazios, por outro lado, não param de cair. A situação tem encorajado os inquilinos a buscarem alternativas mais vantajosas para fugir do aumento quando chega o aniversário do contrato. "É um bom momento para negociar", analisa Bruno Oliva, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Foi o que fez, por exemplo, o jornalista Carlos Eduardo Schneider. Então, prestes a completar um ano em um apartamento no Centro Histórico, na Capital, Schneider acionou a imobiliária para, inicialmente, dar o aviso-prévio de devolução do imóvel por conta do alto custo. "Pesquisei e vi que havia outras opções mais baratas na mesma região, estava pronto para me mudar", conta o jornalista. Já na notificação, porém, surgiu a possibilidade de negociação, que Schneider aceitou debater desde que, além de não aplicar o reajuste, ainda chegasse a uma redução de R$ 300,00 no aluguel.
Entre idas e vindas, o acordo foi fechado por R$ 250,00 de desconto por um ano, além da isenção de algumas taxas, solução que fez Schneider desencaixotar seus pertences e permanecer no imóvel. "É uma situação ganha-ganha. Se eu saio, e é só ver pela quantidade de placas de 'aluga-se' na cidade, o proprietário demoraria a achar outro inquilino, e teria de arcar com todos os custos", argumenta o jornalista.
Oliva ratifica a leitura, lembrando que o poder de barganha está todo do lado do inquilino neste momento. "Se o proprietário se recusar, vai demorar para alugar de novo e mesmo assim não vai conseguir o valor antigo, que hoje em dia, em muitos casos, tornou-se irreal", argumenta o economista.
A falta de demanda, aliás, é justamente o que explica o descompasso. Segundo estudos do Sindicato da Habitação (Secovi-RS), a taxa de Locação sobre Oferta (LSO) em Porto Alegre, em maio, último mês disponível, foi de 12,41%. Há quatro anos, a taxa de locações chegava a 23,5% dos imóveis disponíveis. "Está demorando mais para locar, pois temos uma situação econômica difícil, e as pessoas tendem a economizar", diz o vice-presidente de locações do Secovi-RS, Leandro Hilbk.
Muitas pessoas, por exemplo, passaram a morar em conjunto ou mesmo voltaram a morar com os pais, o que diminuiu a procura. Além disso, como são investimentos de longo prazo, muitos prédios que já estavam em construção só foram entregues após o início da crise, inundando o mercado. Oliva acrescenta ainda que, como o cenário também é desfavorável para a venda, proprietários que gostariam de se desfazer dos imóveis estão os direcionando para o aluguel até que consigam o preço desejado, aumentando ainda mais a oferta de locações de imóveis.
O resultado disso é que, segundo as pesquisas do Secovi-RS, os preços dos imóveis residenciais ofertados para aluguel na Capital diminuíram 2,71% nos meses acumulados até junho, última pesquisa disponível. Já pelo índice FipeZap, realizado pela 12 Fipe, a queda percebida é ainda maior, de 3,41% nos 12 meses anteriores a julho.
Com pequenas variações, a queda é sentida em todas as 11 cidades brasileiras pesquisadas pela instituição. Ao mesmo tempo, porém, o principal indicador de inflação para reajuste de contratos antigos, o IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), vai pela rota contrária - fechou agosto com uma correção de 11,49% no acumulado de 12 meses.
"As renegociações são um movimento do mercado, que acontece sempre e talvez até com mais frequência agora, embora não esteja fora de uma normalidade, mas tem que se considerar muito o tipo de imóvel", argumenta Hilbk, lembrando que imóveis com características únicas em sua região dificilmente passam por esse processo.
O vice-presidente ainda ressalta que, pelo lado dos investidores, a natureza de longo prazo do setor faz com que os imóveis continuem sendo um bom negócio, apesar da conjuntura atual. No acumulado dos últimos 100 meses, por exemplo, enquanto o IGP-M variou 70,73%, o preço das locações cresceu 87,97%.
 
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