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- Publicada em 08 de Setembro de 2016 às 23:25

A alma profunda da santa da escuridão


Reprodução/JC
Há poucos dias, o Papa Francisco canonizou Madre Teresa de Calcutá, falecida aos 87 anos em 1997, vítima de ataque cardíaco, no momento em que preparava um serviço religioso em memória de Lady Diana de Gales, sua grande amiga, falecida pouco antes. O presidente norte-americano Bill Cliton, na ocasião, disse que a madre, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979, entre outras honrarias importantes, foi uma "giganta".
Há poucos dias, o Papa Francisco canonizou Madre Teresa de Calcutá, falecida aos 87 anos em 1997, vítima de ataque cardíaco, no momento em que preparava um serviço religioso em memória de Lady Diana de Gales, sua grande amiga, falecida pouco antes. O presidente norte-americano Bill Cliton, na ocasião, disse que a madre, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979, entre outras honrarias importantes, foi uma "giganta".
Muito já se falou e se escreveu sobre a fascinante Santa Tereza de Calcutá e muitos escritos seus foram publicados em numerosos países. O trabalho de caridade em favor dos pobres e doentes, a figura carismática, a ordem religiosa e seu exemplo encantam até hoje milhões e milhões de pessoas e as inspiram a buscar relacionamentos melhores consigo mesmas, com os outros e com Deus. Ela sempre disse que "quando nos aproximamos de alguém, é melhor sair do encontro melhor do que quando chegamos".
Venha, seja minha luz (Petra, 400 páginas, tradução de Maria José Figueiredo), lançado há poucos dias no Brasil, traz uma grande coleção de cartas e anotações da madre que revelam um verdadeiro e imenso mergulho nas profundezas de sua alma, organizados e comentados pelo padre Brian Kolodiejchuk, diretor do Centro Madre Teresa e postulador da causa de canonização da Madre. As cartas e os documentos enviados aos diretores espirituais e conselheiros mais próximos revelam detalhes pouco conhecidos desta que foi uma das mulheres mais importantes de nossa era.
Os diálogos milagrosos com Jesus, um voto privado que mudou sua vida por inteiro, sua angustiante aridez espiritual e, acima de tudo, sua inflexível vontade de agradar a Deus em tudo que fazia, sempre a serviço dos pobres e necessitados, são alguns dos temas dos escritos privados de Santa Teresa, que resumiu, certa vez, seu caminho e sua missão: "Se eu alguma vez vier a ser santa, serei certamente santa da "escuridão". Estarei continuamente ausente do Céu - para acender a luz daqueles que se encontram na escuridão na terra".
Madre Teresa pedia ao arcebispo Ferdinand Périer de Calcutá, já falecido, e a outros sacerdotes que destruíssem suas cartas, especialmente as relacionadas com suas crenças em Deus, sua relação com Jesus Cristo e suas inquietações. Felizmente, parte da correspondência foi conservada e não foi apenas útil para o processo de canonização. Os documentos mostram a motivação dos atos, a origem da força, as razões da alegria e a intensidade do amor da Madre. Eles mostram a grandeza e a profundidade de sua vida interior, os dramas que a caracterizaram e mostram como somos felizes em receber uma herança espiritual dessa importância e tamanho.

Lançamentos

Livro retrata alma gremista tendo como pano de fundo sete eventos épicos da história tricolor

Livro retrata alma gremista tendo como pano de fundo sete eventos épicos da história tricolor


Reprodução/JC
  • Filosofia verde - Como pensar seriamente o planeta (É Realizações Editora, 412 páginas), do filósofo Roger Scruton, da Royal Society of Literature e da British Academy, trata a questão ambiental no todo, apoiado na filosofia, psicologia, economia, história e nos ecologistas. Acha que somos responsáveis pela questão.
  • Skateboard - Bible (Sociedade Bíblica do Brasil, 1.396 páginas) traz o livro sagrado acompanhado de textos com a história do skate, mais textos e fotos em cores que relacionam a Bíblia com o skate, sua filosofia e modo de vida. A edição tem referentes divinos iniciados com letras maiúsculas.
  • Viagem à alma tricolor em 7 epopeias (AGE, 128 páginas), do jornalista e escritor Léo Gerchmann, autor de outras publicações como Coligay - Tricolor e de todas as cores e Somos todos azuis, pretos e brancos, fala da alma do Grêmio em sete eventos épicos em lançamento da AGE Editora.

Woody Allen e essa coisa chamada amor

Café Society é safra boa, Woody Allen de raiz, puro, dos melhores. O jazz está lá, de protagonista, como eram protagonistas as trilhas do Nino Rota para os filmes de Fellini. Jazz, a melhor invenção norte-americana, repito sempre. Café Society tem as paisagens urbanas de Los Angeles e Nova Iorque, histórias de suspense e amor, traições, sonhos e pés no chão, realidade e fantasia, humor inteligente, figurinos e ritmo adequados, direção segura e outras tecnicalidades mais bem resolvidas.
Periga levar uns Oscars, ou, pelo menos, periga Allen quebrar seu recorde de indicações para a estatueta - seria a 17ª, possivelmente pelo roteiro original. Provavelmente Allen não vai a Hollywood se ganhar, porque não é muito ligado nas baladas de lá e porque tem que tocar clarinete e curtir outras paradas em Nova Iorque.
A crítica tem mencionado que Café Society é o melhor Woody Allen do século XXI e o público, especialmente os muitos fãs do cineasta, concorda. Allen segue como um dos principais diretores de cinema norte-americanos e o filme lembra muito a linda canção What is this thing called Love? do genial, the best of the best, Cole Porter. O que é o amor? Qual seu mistério? Por que encanta e enlouquece tanto? Existe mesmo? Acaba? Não acaba? É algo que se possa explicar?
Amores inconclusos, paixões interrompidas, idas e vindas, tempos, cenários, paisagens, canções, perfumes, roupas e pessoas que ficam e não ficam, estações de trem, ônibus, metrô, aeroportos com gente que vai e vem, vidas como telas surrealistas e não equações matemáticas... disso tudo e muito mais trata o filme, que deixa no ar uma pergunta: será que o que importa mesmo é o amor e não os amantes? Será que a esperança do novo do amanhã é mais interessante que os caminhos ou descaminhos de ontem? Vai saber. Nem precisa. Saber demais, saber tudo, não tem graça. Saber demais dói. Quem aumenta seu conhecimento, aumenta sua dor, está lá na Bíblia, Eclesiastes.
Café Society, como outros filmes de Allen, fala de sentido da vida, do que realmente importa e se é realmente possível a gente se conhecer, conhecer os outros e as coisas do planeta. Entre uma linda canção e outra, entre um cenário bem escolhido e outro, entre algumas indicações de cheesecake e algumas frases bem-humoradas, passamos uma hora e meia nos divertindo com inteligência, curtindo as cenas e os personagens que se mostram tão perplexos e confusos como boa parte de nós, tão confusos e perplexos como alguns professores, jornalistas, filósofos e terapeutas quando abrem a boca e falam com a própria voz.
Enfim, na produzida, fofoqueira e badalada Los Angeles ou na cool, cabeça e solitária Nova Iorque, as pessoas e o amor, a fantasia e realidade, o tempo e a vida vão e vem, melhor quando ao som de jazz do bom, do humor e quando acompanhadas de alguma bebida e comida leve.

A propósito...

O genial Cartola, que não era de Los Angeles ou Nova Iorque, mas que, modéstia à parte, era da Mangueira, disse numa canção: 'Tive sim/outro grande amor/antes do teu/tive sim/o que ela sonhava/eram os meus sonhos/e assim/íamos vivendo em paz/nosso lar, em nosso/ lar sempre houve alegria/ Eu vivia tão contente/Como contente ao teu lado estou/ Tive, sim/Mas comparar o/ teu amor seria o fim/eu vou calar/ porque não pretendo/ amor te magoar'. Cartola e Café Society, tudo a ver. Mangueira, Los Angeles, Nova Iorque, anos 1930, 1950, 1960, não importa. Vai no cinema, veja o Woody, vai no YouTube, ouça Cartola, misture com tudo que quiser. A vida é uma salada de frutas, um não sei o quê, uma coisa boa, como disse o Machado de Assis no final.