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Empresas & Negócios

- Publicada em 05 de Setembro de 2016 às 17:35

Para a Exitus, desperdício ameaça negócios

 Leandro Vignochi, sócio-diretor da Exitus Gestão de Projetos

Leandro Vignochi, sócio-diretor da Exitus Gestão de Projetos


CLÁUDIO BERGMAN/DIVULGAÇÃO/JC
Roberto Hunoff
Momentos de turbulência, como o atual, conferem à redução de custos status de salvação dos negócios. No entanto, sua adoção na crise nem sempre traz os efeitos positivos que o empresário almeja. Sócio-diretor da Exitus Gestão de Projetos, Leandro Vignochi sustenta que é comum o gestor cortar custos, sem que isto resulte em redução de desperdícios. Ele defende projetos planejados e continuados para que a empresa se torne eficiente, por decorrência, competitiva. Com sede em Caxias do Sul, a assessoria tem mais de 300 projetos consolidados em cerca de 20 clientes, localizados em vários estados do Brasil e, recentemente, no Peru. Exportar virou ferramenta estratégica de crescimento na organização.
Momentos de turbulência, como o atual, conferem à redução de custos status de salvação dos negócios. No entanto, sua adoção na crise nem sempre traz os efeitos positivos que o empresário almeja. Sócio-diretor da Exitus Gestão de Projetos, Leandro Vignochi sustenta que é comum o gestor cortar custos, sem que isto resulte em redução de desperdícios. Ele defende projetos planejados e continuados para que a empresa se torne eficiente, por decorrência, competitiva. Com sede em Caxias do Sul, a assessoria tem mais de 300 projetos consolidados em cerca de 20 clientes, localizados em vários estados do Brasil e, recentemente, no Peru. Exportar virou ferramenta estratégica de crescimento na organização.
JC Empresas & Negócios - O atual momento econômico tem exigido cortes drásticos nos custos das empresas para fazer frente à queda na receita. Que lições podem ser tiradas desta crise visando à redução de desperdícios?
Leandro Vignochi - Quando se começa a fazer a gestão de desperdício porque as necessidades estão apertando, se compromete a boa prática de ações preventivas. O ideal é se preparar nos bons tempos para estar estruturado para os momentos de turbulência. Aí entra a gestão de projetos visando à construção estratégica alinhada com a visão macro da empresa. É preciso entender qual a diferença de custo e desperdício, que são coisas diferentes. Você pode demitir pessoas para reduzir custos, mas o desperdício pode continuar por meio de movimentos excessivos, demora no processo decisório e excesso de matéria-prima que não é transformada em produto, dentre outras questões. Tudo aquilo que não agrega valor na visão do cliente precisa ser combatido. É duro admitir, mas tendem ao fracasso as organizações que não tiverem na veia a redução de desperdício como estratégia.
Empresas & Negócios - Onde mais se desperdiça?
Vignochi - Na produção é comum ter desperdícios simplórios, como movimentos desnecessários, mas em excesso. É o caso do funcionário que se desloca para contar algo ou buscar uma ferramenta. Esses minutos o cliente não paga, nem vê valor agregado, mas o empresário suporta. Outro caso é o transporte, quando uma viagem é suficiente, mas são feitas duas. O estoque intermediário é outro. Como não foi manufaturado, não pode ser vendido, mas tem mão de obra empregada. Estoque total também gera desperdício. 
Produz-se um pouco mais para aproveitar eventual momento de alta nas vendas, mas o produto não sai. O retrabalho é um dos piores indicadores. Ainda tem a espera, quando se precisa entregar um item, mas falta um componente. Tem os pontuais, como a parada de equipamentos para troca rápida. Quanto mais ágil o processo, mais rápido o produto é entregue, gerando faturamento. Todos estes exemplos podem ser resolvidos com ferramentas já existentes, tudo é sistêmico, não está se inventando nada.
Empresas & Negócios - O empresário tem conhecimento destas ferramentas?
Vignochi - Tem, mas o grande desafio é mudar conceitos. Quando tudo está bem, o foco é produzir. Tirar um tempo para se preparar fica em terceiro plano. Quando vem a turbulência, a produção baixa, mas os desperdícios não caem proporcionalmente. Dá para exemplificar com a seguinte situação: caiu o faturamento e precisa reduzir custos. O que se faz? Flexibiliza-se a jornada e o departamento comercial não trabalha na sexta-feira. Nos bons tempos é preciso administrar os riscos, preparar-se com projetos de redução de desperdícios. Quando se está em crise, bate o desespero, muitas vezes é tarde, mas quase sempre é possível dar a volta.
Empresas & Negócios - É possível quantificar o custo do desperdício na formação de preço?
Vignochi - Os números variam de 30% a 50%, mas, quando a margem final de uma empresa é de 5%, o que é fantástico, ter de 5% a 8% de desperdício mínimo é uma fortuna.
Empresas & Negócios - Esta mudança de conceito depende do empresário ou pode começar, voluntariamente, entre os funcionários?
Vignochi - Existem duas linhas de raciocínio. Uma defende que a diretriz deva vir de cima, com visão do empresário. Outra, em que aposto mais, propõe a construção de cima para baixo com a visão do empresário do que quer e como quer. Em paralelo se constrói o projeto com o time tático-operacional, buscando encontrar os dois sentimentos no meio do caminho.
Empresas & Negócios - A construção civil tem índice muito elevado de desperdício em função de diversas razões. O empresário tem esta noção de perda e repassa ao preço final?
Vignochi - Esta situação chega a ser irônica. As margens dos negócios são altas, mas nem sempre o construtor consegue aproveitar estes valores, porque queima com o desperdício. É comum querer margem de 5%, mas colocar preços 40% superiores, porque sabe que perderá com pessoal ineficiente, entulho, retrabalho. A construção civil precisa evoluir muito e, nos dias de hoje, é imperativo mudar. Na crise, as pessoas têm de se reinventar e quem fizer isto sairá fortalecido.
Empresas & Negócios - O maior prejudicado é o comprador...
Vignochi - É um círculo vicioso. A organização ineficiente coloca isto no valor do produto. O consumidor paga mais caro, reduzindo a competitividade. Surge, assim, a oportunidade para quem é eficiente. Mesmo fazendo um produto igual, consegue vender mais barato porque elimina os custos do desperdício. Perdemos demandas de plataformas no polo naval em Rio Grande por causa disso. Os chineses são mais eficientes que nós: um trabalhador chinês faz o mesmo que quatro brasileiros.
Empresas & Negócios - Qual é o seu entendimento sobre copiar técnicas de outras culturas?
Vignochi - Este é o grande mal das implementações de projetos de redução de desperdício, não somos japoneses, temos outra filosofia. Devemos usar projetos que tragam para dentro das organizações a teoria de datas, papéis e responsabilidades. Dentre as atividades é preciso mapear o processo, identificar os pontos críticos, desenhar o processo futuro, ver onde se está perdendo, é uma conjunção alinhada ao planejamento. Defendemos projetos e não forças-tarefas, que não perduram. Passa o prazo e voltam os mesmos erros. É preciso planos de continuidade. 
Empresas & Negócios - Como a Exitus enfrenta esta crise?
Vignochi - Sentimos a crise, mas entendemos que é um momento. Continuamos investindo na capacitação da equipe, abrimos mercado no Peru e lançamos novos produtos. Exportar nossos serviços para América Latina se tornou estratégico diante deste momento difícil. Começamos pelo Peru porque os problemas de lá são os mesmos daqui. A diferença é que lá é preciso começar aplicando as regras básicas, como o programa 5S, por exemplo. Outra diferença é que, após longa estagnação, a economia está crescendo média anual de 3,6%. As empresas precisam de suporte para fazer frente a este novo momento. Mas continuaremos apostando no Brasil. Sabemos que ainda vamos penar, pelo menos mais um ano, mas a economia voltará a crescer.
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