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entrevista especial

- Publicada em 28 de Agosto de 2016 às 22:18

Dziedricki pretende melhorar os serviços na cidade

"Nosso mote é agilidade na poda da árvore, o conserto do buraco na rua, vaga na creche", diz Dziedricki

"Nosso mote é agilidade na poda da árvore, o conserto do buraco na rua, vaga na creche", diz Dziedricki


MARCO QUINTANA/JC
Pela primeira vez em 20 anos, o PTB tem candidato próprio à prefeitura de Porto Alegre, o deputado estadual Maurício Dziedricki. O partido integra o governo municipal há 12 anos - primeiro teve Eliseu Santos como vice-prefeito de José Fogaça (hoje no PMDB), depois, liderou secretarias estratégicas, como a de Obras (Smov), que teve o próprio Dziedricki como titular. Na atual gestão, o PTB comanda três secretarias: Administração, Saúde, e Produção, Indústria e Comércio (Smic).
Pela primeira vez em 20 anos, o PTB tem candidato próprio à prefeitura de Porto Alegre, o deputado estadual Maurício Dziedricki. O partido integra o governo municipal há 12 anos - primeiro teve Eliseu Santos como vice-prefeito de José Fogaça (hoje no PMDB), depois, liderou secretarias estratégicas, como a de Obras (Smov), que teve o próprio Dziedricki como titular. Na atual gestão, o PTB comanda três secretarias: Administração, Saúde, e Produção, Indústria e Comércio (Smic).
Apesar disso, Dziedricki apresenta sua candidatura como diferenciada da atual gestão. O candidato reconhece melhorias, mas tem críticas à administração José Fortunati (PDT). Para ele, a prefeitura "conquistou inúmeros avanços infraestruturais dos quais fizemos parte. Mas, em outras pontas, deixou de atender, em especial, à questão dos serviços". E o candidato do PTB pretende melhorar a cidade nesta área.
Entusiasta da utilização da tecnologia para ampliar a interação entre o poder público e a população, Dziedricki também propõe a criação de um aplicativo para que o cidadão possa reportar à prefeitura problemas que demandam solução a curto prazo.
O petebista apresenta um plano de governo sustentado em três eixos: "Uma cidade segura, moderna e colaborativa". Para tanto, planeja criar novas pastas, como a Secretaria de Licenciamento e Aprovação de Projetos, e extinguir outras, que estariam em estudo.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Dziedricki ainda minimiza o efeito eleitoral de denúncias que envolveram o PTB em Porto Alegre, como o caso de desvios na Procempa. "Aguardamos com muita tranquilidade e com a certeza de que não há comprometimento partidário."
Jornal do Comércio - O que diferencia a candidatura do PTB da atual gestão de Porto Alegre?
Maurício Dziedricki - Ela não se diferencia em um processo de totalidade, mas complementa algumas coisas com as quais o PTB tem muito a contribuir, com posições, ações e resultados mais imediatos naquilo que a população vem pedindo. A prefeitura de Porto Alegre, em seus últimos 12 anos, conquistou inúmeros avanços infraestruturais e conceituais dos quais fizemos parte. Mas, em outras pontas, deixou de atender, em especial, à questão dos serviços. O retardo de ação e a demora para que isso pudesse ser executado criou uma insatisfação que, com algumas medidas, nós com certeza resolveremos com um ambiente onde a ação da cidade se volte para a qualificação dos serviços públicos da Capital.
JC - O PTB se apresenta como uma alternativa à atual gestão, mas ainda se mantém como parte do governo.
Dziedricki - Me perguntaram recentemente se a coligação vem com o conceito de posição ou oposição. Nossa coligação vai desempenhar um papel, uma candidatura de posição para Porto Alegre. A nossa posição é muito clara: fazer com que a cidade participe da gestão e enfrente os temas sem receio de atender ou agradar a todos. Sabemos que Porto Alegre é uma cidade que participa de forma muito crítica, mas tem que participar também da elaboração e construção de medidas que sejam positivas para a Capital. Isso traz a nossa orientação. Não vamos nos omitir de discutir e valorizar a participação do cidadão, desde quando definimos que nosso mote fundamental é qualificar os serviços de Porto Alegre, melhorar a agilidade na resposta sobre a poda da árvore, o conserto do buraco na nossa rua, a água que está vazando, a vaga na creche, no posto de saúde. Nossa candidatura representa um posicionamento muito claro, reconhecendo todos os avanços que ajudamos a construir junto a essa administração, mas também destacar que precisamos corrigir rumos. Existe uma preocupação com algumas grandes obras na cidade, e isso é um controle muito rígido que queremos ter, porque mexe na vida da cidade e tem um impacto negativo que a gente precisa melhorar.
JC - Como vê a participação do cidadão na gestão? Qual o papel atual do Orçamento Participativo (OP)?
Dziedricki - O Orçamento Participativo é uma peça muito importante. Eu valorizo, participo e sei que o movimento de Porto Alegre demandou muitas obras. Muitas das conquistas que conseguimos entregar foi pela consulta popular. Seus 27 anos estão escritos na história de Porto Alegre, com avanços significativos nas obras prioritárias para aquelas comunidades. Trago um conceito novo, diferente da maioria das candidaturas, e essa inovação poder ampliar a participação da população, não só através do OP ou do 156; mas, sobretudo, podermos construir um mecanismo de app (aplicativo), que possa identificar em quanto tempo o BRT vai estar na parada, qual o tempo do transporte coletivo do ponto de origem até o destino, a identificação de calçadas irregulares, de obras que estão sendo feitas sem licenciamento, carros mal estacionados... com essa grande plataforma digital que comunica prefeitura com cidade, construindo mais de 1,4 milhão de habitantes como cidadãos fiscais da Porto Alegre que a gente espera construir e desenvolver.
JC - Como isso funcionaria na prática?
Dziedricki - Sou entusiasta desse projeto. A gente vê tanto as redes sociais bombando, e com um aplicativo de serviços, poderemos, além de ter a certificação digital e a identificação das pessoas que fazem essa contribuição, constatar um veículo que estacionou, por exemplo, na frente de uma rampa de cadeirante. Podemos ver uma calçada que está irregular e uma pessoa de terceira idade ou com dificuldade de locomoção que acaba tombando. Consegue identificar um ponto de descarte de lixo na rua e ser passível de multar, porque um vídeo de poucos segundos identificaria o eventual infrator. Isso gera uma cidade que se fiscaliza. Grande parte das ações que tivemos na minha época, na Smov, era oriunda de pessoas que moravam no entorno de uma obra irregular. Então, a cidade vigia no momento que entende que também é vigiada. Quando se percebe que a prefeitura dá retorno, passa a se cuidar ainda mais.
JC - O que inspirou esse conceito de fiscalização?
Dziedricki - São modelos que trouxemos, fruto da desburocratização, que precisa ser tratada na questão da esfera pública, e de uma reorganização político-administrativa pela qual a prefeitura precisa passar. São muitas secretarias, e muitas delas com áreas de sombreamento. Os vetores que nosso plano de governo tem trabalham nesse eixo. Uma cidade segura, moderna e colaborativa. E todos esses eixos têm transversalidade entre si, dentro desta ótica de reorganização da máquina pública e a convergência de alguns espaços que criem uma Porto Alegre berço do empreendedorismo.
JC - Como explicaria ao eleitor esses eixos?
Dziedricki - Vou dar um exemplo em função da participação do Coronel Bonete (PR) na nossa campanha, um vice que contribui muito com o conteúdo da segurança pública. Temos hoje o discurso da vítima, temos corriqueiramente a violência na frente de casa. Seremos uma prefeitura que investirá pesado na segurança e na proteção do comércio, das pessoas, do transporte, da urbanidade que pretendemos ter em Porto Alegre. Só que segurança pública não é apenas construir presídios, nem colocar brigadiano e policial civil na rua. É investir no turno inverso nas escolas, para que as crianças, além das atividades lúdicas, esportivas e culturais, possam ter acesso a espaços que existem em Porto Alegre e que podem capitalizar uma vocação empreendedora delas. Isso significa uma forma de contrastar o que está acontecendo hoje nas comunidades periféricas, da mão de obra criminosa absorver essa criança por não ter alternativa.
JC - Como sua experiência anterior em secretarias do Estado e do município pode contribuir para sua gestão, caso eleito?
Dziedricki - A oportunidade de ter sido vereador e secretário de Obras me ensinou muito sobre Porto Alegre. Conheço a cidade, referências que temos aqui. Tive condições de ser deputado federal, secretário de Economia Solidária e apoio à Micro e Pequena Empresa do Estado. E foi uma experiência muito legal, vimos que existe um potencial que ainda precisa ser descoberto. A união entre micro e pequenas empresas é que move uma economia geradora de receita. Muitas vezes, os municípios deixam de criar políticas públicas e favorecem grandes conglomerados. Chegou a vez de olhar quem encosta o umbigo no balcão, quem está lá na luta diária para pagar a folha de pagamento, quem mobiliza, contrata quase 68% da formalização por carteira de trabalho assinada. Essas pessoas querem contribuir, querem uma cidade que as atenda melhor. No nosso plano de governo tem a criação da Secretaria de Licenciamento e Aprovação de Projetos, com uma visão inovadora, agilizadora, resolutiva, com esse princípio. E uma Secretaria de Fiscalização e Controle, para fiscalizar e controlar não só o ambiente interno da prefeitura, mas, sobretudo, poder criar elementos de maior agilidade para a fiscalização do ambiente externo, de quem quer investir e muitas vezes acaba sofrendo pela subjetividade de alguns conceitos, pela falta de efetivo. Com isso, construímos uma resolutividade, uma agilização muito legal no que diz respeito à prestação de serviços da prefeitura.
JC - A prefeitura conta hoje com 36 secretarias, fato posto por alguns candidatos como inchaço da gestão pública. Porto Alegre comporta a criação de mais pastas?
Dziedricki - Em nosso plano de governo, há a redução significativa dessas secretarias, o fim do sombreamento para algumas áreas. Sombreamento são secretarias que incorrem pelo mesmo ideal, mas que, muitas vezes, têm produção diversa, por orientação política ou técnica. Nesse sentido, no ambiente de colaboração, a gente vai ouvir muito, construir muito em parceria com a sociedade. Com o enxugamento da máquina pública, a forma de atuação dessas secretarias que irão compor o governo traz a ideia de mais agilidade e mais resolutividade.
JC - Existe algum estudo para essa redução de secretarias?
Dziedricki - Já existe e será mostrado na campanha.
JC - Sua coligação tem seis partidos (PTB, PR, SD, PSC, PTBdoB e PRP). Como pretende administrar isso no governo?
Dziedricki - Com muito mais tranquilidade do que quem tem muito partido. Em momento algum, nossa coligação se baseou na ocupação de espaço, e sim na conquista de ideias. Fica muito mais fácil para o nosso eleitor ver que as pessoas que compõem nossa nominata, nossos candidatos a vereador e vereadora, e tanto o Coronel Bonete quanto eu, em nenhum momento, tratamos ou trataremos disso. Queremos uma cidade melhor, e não vamos fazer aquele loteamento político entre inúmeros partidos, porque está provado, com muitos exemplos, que isso não traz resultados imediatos.
JC - O PTB, nos últimos anos, enfrentou questões delicadas no cenário político da Capital. O processo do vereador Cassio Trogildo, a questão de desvios da Procempa... Como o PTB trata essas questões e como isso pode refletir na campanha eleitoral?
Dziedricki - O caso do vereador Cassio Trogildo está pendente de julgamento, e o PTB de Porto Alegre afirmou que tem convicção de que ele não tem envolvimento algum com a realização de uma obra. Não se fala aqui o que a gente vê acontecendo, grande parte desses partidos que, muitas vezes, pensam em fazer críticas e grande parte dos seus políticos estão identificados com o petrolão, o mensalão. O caso do Cassio é de uma realização de uma obra enquanto ele já não era mais secretário. Se as pessoas votaram nele ou não, foi uma questão de convencimento e de reconhecimento. Perseguimos a justiça, e essa justiça ainda não foi findada, em função do recurso. Lembrando que, no juízo de primeiro grau, ele foi inocentado. A juíza que ouviu todas as testemunhas se convenceu de que não havia conexão com o Cassio. E, em relação à Procempa, o partido foi muito austero também, não foram só membros do PTB que estiveram presentes naquela administração, foram citados outros partidos, mas tínhamos a titularidade (da empresa). Primeiro, nos colocamos à disposição do acompanhamento disso e da busca pela verdade, e, segundo, as pessoas foram afastadas das ligações partidárias para também buscarem as suas defesas. Aguardamos com muita tranquilidade e com a certeza de que não há um comprometimento partidário.

Perfil

Maurício Alexandre Dziedricki nasceu em Curitiba (PR) em 26 de julho de 1979. Veio para o Rio Grande do Sul com a família aos três anos de idade e, aos cinco, instalou-se em Porto Alegre, onde mora desde então. Advogado formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), elegeu-se vereador na Capital, pelo PTB, em 2004 e 2008, quando foi o mais votado. Atuou como secretário municipal de Obras e Viação nas duas gestões do prefeito José Fogaça (PMDB). Em 2010, concorreu a uma vaga na Câmara Federal, chegando à primeira suplência. Assumiu a cadeira de deputado, mas logo se licenciou para integrar o governo Tarso Genro (PT) como secretário estadual de Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa. Em 2014, foi eleito deputado estadual, função que exerce atualmente. Dziedricki também presidiu a juventude do diretório metropolitano do PTB. É o vice-presidente do partido no Estado.