Publicada em 30 de Agosto de 2016 às 18:53

Colheitadeiras devem puxar retomada

Tratores também melhora vendas no período, mas fecham 2016 no negativo

Tratores também melhora vendas no período, mas fecham 2016 no negativo


CLAITON DORNELLES/JC
Luiz Eduardo Kochhann
As empresas de máquinas e implementos costumam dizer que a Expointer começa na terça-feira. Pelo menos em termos de alavancagem dos negócios é verdade. Com o fim de semana dominado pelas famílias - e a segunda-feira tradicionalmente marcada pela visita das escolas -, é a partir de terça-feira que os agricultores aparecem à procura de investimentos. As manifestações no início da feira têm um tom otimista por três motivos: boas perspectivas para a safra 2016/2017, crescimento da renda do produtor e primeiros números positivos do ano no mercado.
As empresas de máquinas e implementos costumam dizer que a Expointer começa na terça-feira. Pelo menos em termos de alavancagem dos negócios é verdade. Com o fim de semana dominado pelas famílias - e a segunda-feira tradicionalmente marcada pela visita das escolas -, é a partir de terça-feira que os agricultores aparecem à procura de investimentos. As manifestações no início da feira têm um tom otimista por três motivos: boas perspectivas para a safra 2016/2017, crescimento da renda do produtor e primeiros números positivos do ano no mercado.
A ocorrência do fenômeno La Niña de intensidade moderada a fraca deve trazer chuvas, mas não em quantidade excessiva. Espera-se uma colheita de 220 milhões de toneladas, crescimento de 16% na comparação com 2015/2016, o que aumenta a confiança do agricultor. Nesse sentido, o ânimo é maior devido ao aumento da renda. Conforme o diretor comercial da Valtra, Paulo Beraldi, a renda do agricultor aumentará 20% neste ano, principalmente pelo impacto da variação cambial. A receita na soja e no milho tende a crescer, respectivamente, 7% e 23%.
"Está sinalizada uma mudança de rota. A partir de agora, vamos começar a produzir números positivos mês a mês", confia o diretor comercial da Massey Ferguson, Rodrigo Junqueira. Da mesma maneira, a avaliação do vice-presidente da New Holland para a América Latina, Alessandro Maritano, encaminha um cenário de recuperação. "A situação no acumulado ainda é pior, mas, sem dúvida, o mercado vai evoluir no segundo semestre. Essa é a nossa projeção desde o começo do ano, com recuperação mais intensa em colheitadeiras, enquanto tratores devem ter leve queda", destaca.
Em julho, os primeiros sintomas de melhora: comercialização 2% maior do que no mesmo mês do ano passado. Ainda que haja variação nos dados do segundo semestre, previstos durante a Expointer, todas as empresas falam em retomada nos últimos seis meses, após queda de 26,4% de janeiro a julho. A New Holland aposta em alta de até 15% para o período, com possibilidade de fechar 2016 no mesmo patamar de 2015. A Massey Ferguson espera leve alta de 1% em colheitadeiras em 2016, mas retração de 20% em tratores - segmento em que a Valtra aposta em queda de 10%.
Na Expointer, os expositores querem reverter duas edições de perda em faturamento. O valor a ser batido é o R$ 1,69 bilhão do ano passado. Para isso, as concessionárias, além de marcar presença em Esteio, têm realizado trabalhos pré-feira, identificando as necessidades dos clientes, apresentando condições e promovendo caravanas ao parque Assis Brasil, onde os contratos são fechados. "Estamos fazendo esse funil de vendas, o que traz agilidade e eficiência nos negócios", explica o gerente de vendas da John Deere, Tangleder Lambrecht.

Companhias buscam alternativas de comercialização como alternativa ao crédito escasso

Com o crédito fluindo menos do que há três anos, as empresas buscam complementos de comercialização. A Massey Ferguson, por exemplo, tem reforçado a participação do consórcio da marca no total comercializado. A fatia cresceu para 20% no ano passado e, em 2016, o intuito é obter uma elevação percentual entre 15% e 20% nessa modalidade, conforme o diretor comercial, Rodrigo Junqueira. "É um negócio que se ajusta muito bem ao agricultor que tem um projeto de longo prazo para renovar a frota", destaca. Na New Holland, o consórcio abocanha, anualmente, entre 10% e 15% das vendas.
Outra alternativa é o barter, quando sacas de grãos são aceitas na negociação de máquinas agrícolas, assim como acontece no mercado de fertilizantes. O sistema foi uma aposta da New Holland na Expointer do ano passado e, atualmente, representa 5% do faturamento da companhia. "Foi uma ferramenta criada em um momento de nervosismo do mercado e conservadorismo dos bancos", explica o vice-presidente para a América Latina, Alessandro Maritano.
O diretor comercial da Valtra, Paulo Beraldi, alerta para a alta dependência do crédito disponível via Bndes. No caso da Valtra, trata-se de cerca de 82% do faturamento. "Sabemos que o dinheiro tem sido curto, e a análise de crédito está lenta demais", destaca Beraldi, lembrando que solicitações da Agrishow, em abril, foram liberadas na semana passada. O normal seria entre 40 e 45 dias. A saída tem sido a utilização de agentes próprios. "O banco de fábrica tem ajudado a girar os estoques das concessionárias", completa Beraldi.
Conforme o gerente de vendas da John Deere, Tangleder Lambrecht, houve um fortalecimento dessa alternativa após o banco da marca agregar o Mais Alimentos, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em abril. Antes, eram atendidas as linhas de crédito tradicionais, como o Moderfrota. "Essa modalidade é importante por absorver parte da produção. Temos encaminhado várias operações no segmento da agricultura familiar", afirma. O financiamento, nesse caso, está disponível para produtores com renda anual de até R$ 360 mil.
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