Publicada em 30 de Agosto de 2016 às 10:04

Embrapa quer licenciar tecnologia para setor privado

Varella, da Pecuária Sul, diz que técnicos apoiam empresas na aplicação de tecnologias

Varella, da Pecuária Sul, diz que técnicos apoiam empresas na aplicação de tecnologias


LÍVIA STUMPF/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
A Embrapa aposta cada vez mais na transferência de tecnologias para impulsionar o setor privado. Maior instituição em pesquisa aplicada no setor agropecuário do País, a estatal amplia o licenciamento de produtos e serviços desenvolvidos em suas unidades, que acabam virando fonte de receita e de maior compartilhamento de informação, informou o chefe-geral da Pecuária Sul, o agrônomo Alexandre Varella, que participou ontem do painel Diálogos da Expointer na Casa JC, que este ano foca empreendedorismo e inovação no agronegócio.
A Embrapa aposta cada vez mais na transferência de tecnologias para impulsionar o setor privado. Maior instituição em pesquisa aplicada no setor agropecuário do País, a estatal amplia o licenciamento de produtos e serviços desenvolvidos em suas unidades, que acabam virando fonte de receita e de maior compartilhamento de informação, informou o chefe-geral da Pecuária Sul, o agrônomo Alexandre Varella, que participou ontem do painel Diálogos da Expointer na Casa JC, que este ano foca empreendedorismo e inovação no agronegócio.
Na Expointer, a Embrapa lançou um cardápio de produtos derivados de carne ovina para ser licenciado por empreendedores interessados em explorar em nichos de alimentação gourmet, pois tem alta valorização em restaurantes de alta gastronomia. A Embrapa Pecuária Sul lidera a iniciativa, que está com edital aberto para que o setor privado se habilite a receber a tecnologia. Uma vantagem é que o pacote de transferência prevê supervisão de técnica do corpo de pesquisadores da instituição.
O rol de derivados surgiu de uma linha de pesquisa de ciência da carne, que começou há cinco anos e priorizou a área de ovinos, explicou o chefe-geral da Pecuária Sul, o agrônomo Alexandre Varella. O cardápio vai de presuntos tipo espanhol e norueguês, copa defumada e linguiça. Um dos trunfos do desenvolvimento é o aproveitamento integral da carcaça dos animais, ressaltou Varella. Edital abriu prazo de 20 dias para empresas interessadas em se candidatar a ter o know how dos processos agroindustriais e ainda nosso acompanhamento sobre o desempenho da elaboração e o sistema de industrialização.
"Elas também poderão ser parceiras para desenvolver novos produtos", destacou Varella. "Já temos mais de 10 interessadas de diversas regiões do País. Hoje, o consumo da carne ovina é de 400 a 500 gramas per capita ao ano, portanto há muito espaço para crescer." A meta é habilitar quatro empresas em cada produto. "Depois de fazer a seleção, vamos sentar e montar um plano de trabalho." Em 2017, haverá mais produtos de ovinos.
Além de ovinos, a Pecuária Sul opera forte com itens licenciados em cultivares para pastagens, com um acordo com a Associação Sul-Brasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (Sulpasto). A cada nova cultivar desenvolvida, registra-se no Ministério da Agricultura e se repassa à associação, com orientação sobre a produção.
"Em poucos meses, a tecnologia já chega ao mercado. Para os agricultores, a cultivar chega com preços 20% a 30% abaixo das opções comerciais, a maioria importadas", ressalta o chefe-geral da unidade. Nessa ação, uma das cultivares virou febre. O capim Sudão e espalhou por mais de 300 mil hectares no País. "Ela bombou, aqui do Sul ao Centro-Oeste."
A interface com o setor privado acaba também sendo útil para suprir aportes para renovar a capacidade de pesquisa. Além de receber royalties, a unidade faz acordo para receber equipamentos. Mesmo assim, a preocupação em manter a capacidade de geração de novas tecnologias está presente. O corte no orçamento de investimento entre 2015 e 2016 deve alcançar R$ 2,6 milhões, segundo Varella. São recursos que seriam empregados na compra de equipamentos e melhoria da estrutura. O chefe-geral da Pecuária Sul admite que a medida afeta, no longo prazo, o desenvolvimento de novos projetos e, claro, tecnologias.

Estreia dos microchipados

A cada edição, Eduardo Borges de Assis, proprietário da Fazenda Santa Terezinha, que fica no município de Jaquirana, traz uma novidade à Expointer. Desta vez são os animais microchipados, os primeiros com sistema de identificação injetável no Rio Grande do Sul e um dos poucos no Brasil. Assis iniciou o processo há seis meses com duas mil cabeças, 50% do rebanho. O microchip subcutâneo tem o tamanho de um grão de arroz, é implantado da orelha esquerda do animal e só pode ser retirado com intervenção cirúrgica.
A rastreabilidade é individual, permanente e inviolável, ao contrário do brinco. Os dados podem ser transferidos para qualquer software, que registra o "currículo" do animal, o controle numérico do rebanho e informações genéticas, de manejo alimentar, reprodutiva e sanitária, dentre outras.
A medida atende às exigências da Instrução Normativa (IN) da União Europeia - Council Regulation (CE) 820/97, com o objetivo de normatizar regras para aumentar a segurança alimentar, a credibilidade dos sistemas de produção e de comercialização para o consumidor. No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou a IN 21/2002 visando a atender os requisitos para exportação de carne bovina e bubalina "in natura" ao mercado europeu.
Com a IN, surgiu o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). Para Celso Fernando Dias, diretor operacional da Microchip Partens no Brasil, a tendência é que o valor do chip, de R$ 15,00, caia para R$ 10,00 com o aumento da demanda.
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