Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Câmara dos Deputados

- Publicada em 13 de Julho de 2016 às 18:49

Votação de recurso de Eduardo Cunha é adiada

 Manobras e requerimentos obrigaram o presidente Osmar Serraglio a encerrar a reunião

Manobras e requerimentos obrigaram o presidente Osmar Serraglio a encerrar a reunião


LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
Aliados do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conseguiram adiar, ontem, a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do recurso apresentado pela defesa do ex-presidente da Câmara contra sua cassação no Conselho de Ética.
Aliados do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conseguiram adiar, ontem, a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do recurso apresentado pela defesa do ex-presidente da Câmara contra sua cassação no Conselho de Ética.
 
Com manobras como a apresentação de requerimentos e até mesmo a submissão a votação da ata da sessão anterior, os deputados próximos a Cunha conseguiram que a discussão do recurso só se iniciasse depois das 13h. A sessão tinha começado às 10h15min.
 
Com isso, o cronograma do dia atrasou e, mesmo com a aprovação de um requerimento, por votação, para encerrar as discussões às 16h40min, o presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), decidiu encerrar a sessão por volta das 17h20min e convocar uma nova reunião para as 9h de hoje.
 
A decisão foi anunciada, na presença de Cunha, depois de o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), dizer que a sessão para escolher o novo comandante da Casa seria as 19h - a fim de esperar o resultado da votação na CCJ. Contudo, em menos de uma hora, Maranhão recuou e firmou acordo para que a sessão no plenário fosse antecipada para as 17h30min.
 
Serraglio reclamou das sucessivas remarcações de horário. Por isso, disse que iria encerrar a sessão. "A gente não vai se submeter a isso. Convocarei para amanhã (hoje) de manhã, para nós continuarmos às 9h da manhã", afirmou. Ele foi então informado pelos deputados contrários a Cunha de que, novamente, Maranhão havia remarcado a eleição para as 19h.
 
"Eu lamento, mas é uma evidente manipulação. Vamos encerrar e votar amanhã" (hoje), respondeu o presidente da CCJ. Os deputados contrários a Cunha gritaram em coro "vergonha".
 
A pressa se justifica para tentar concluir a votação do relatório antes do recesso parlamentar, que tem início nesta sexta-feira.
 
O relatório do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) acolhe apenas um dos 16 questionamentos da defesa sobre supostas irregularidades na tramitação de seu processo - o de que a votação no colegiado ocorreu por chamada nominal, não prevista no regimento, nem no Código de Ética.
 
Em seu parecer, portanto, ele pede que o processo retorne ao Conselho de Ética, colegiado que votou pela cassação de Cunha. Esse é o principal pleito do ex-presidente. A maioria dos integrantes da CCJ já havia declarado publicamente ser contrária à volta do processo para o Conselho de Ética.
 
Após o fim da sessão, Cunha acusou Maranhão de manipular o horário da eleição para influenciar os trabalhos da CCJ. "A grande vergonha é a presidência da Casa ficar manipulando", disse.
 
 

Deputados acusam presidente da CCJ de favorecer peemedebista

Ao término da sessão da Comissão de Constituição e Justiça, líderes partidários acusaram o grupo do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de manobra com a anuência do presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR). A avaliação é de que encerrar os trabalhos sem votar nesta quarta-feira o recurso do peemedebista visa protelar a análise e esperar a eleição de um presidente da Casa alinhado com Cunha, ou seja, escolher alguém capaz de segurar o processo contra o peemedebista.
"O objetivo é evitar que o caso chegue ao fim", disse o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ). O deputado acusou Serraglio de favorecer Cunha. "Isso foi uma manobra da qual fez parte o presidente da CCJ para suspender a sessão", completou o petista Wadih Damous (RJ). O petista repetiu que se a Câmara não cassar Cunha, o Judiciário vai intervir. "Ele será um permanente fator de crise enquanto ele for deputado", observou.
O tucano Betinho Gomes (PE) também deixou a sessão inconformado. "Isso mostra que Eduardo Cunha tem força aqui. Ele ficou ditando o ritmo o tempo inteiro e o presidente da CCJ foi influenciado por isso", comentou. O deputado acredita que uma sessão na quinta-feira pela manhã tem o risco de não ter quórum, principalmente por causa da eleição para presidente da Casa e o início do recesso.
Serraglio alegou que encerrou a sessão porque já havia um pedido dos líderes para a convocação de nova sessão para esta quinta-feira, e revelou que recebeu várias ligações durante a sessão de candidatos pedindo para que a CCJ não desse continuidade aos trabalhos para que eles pudessem fazer campanha.
O peemedebista acusou o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de manipular com o horário da eleição para influenciar os trabalhos da CCJ. "A grande vergonha é a presidência da Casa ficar manipulando", reagiu. O presidente da CCJ reconheceu que foi tolerante em conceder tempo para todos, mas afirmou que isso é a praxe na comissão.
A sessão de ontem durou sete horas e foi marcada pela obstrução dos aliados de Cunha, os principais beneficiários da "condescendência" de Serraglio. Para o peemedebista, não haveria tempo suficiente para se votar o recurso nesta quarta-feira. "Qual é o problema em se cassar hoje ou amanhã, se esse é o objetivo?", indagou.
Ele reclamou da realização de eleição na Casa no mesmo dia da votação de um recurso importante na comissão. "Alguém vai morrer se não tiver essa coincidência?", insistiu. Serraglio admitiu que, durante os trabalhos, sofreu pressão de Cunha e seus aliados para reabrir o prazo de inscrição e para encerrar a sessão às 16h, como estava previsto inicialmente. "Era um pressão que não adiantou", afirmou.