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Câmara dos Deputados

- Publicada em 12 de Julho de 2016 às 17:43

Ex-ministro de Dilma é o candidato do PMDB

Deputado Marcelo Castro votou contra o impeachment de Dilma

Deputado Marcelo Castro votou contra o impeachment de Dilma


EVARISTO SA/AFP/JC
O deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI), ex-ministro da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), foi escolhido ontem pela maioria da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados como o candidato do partido à presidência da Casa. A eleição está prevista para hoje.
O deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI), ex-ministro da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), foi escolhido ontem pela maioria da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados como o candidato do partido à presidência da Casa. A eleição está prevista para hoje.
A vitória de Castro, que votou contra o impeachment de Dilma, além de intensificar o racha na base aliada do presidente interino Michel Temer (PMDB), evidencia o descontentamento de parte do próprio partido com sua gestão. A decisão de lançar uma candidatura própria foi definida na segunda-feira, pelo PMDB, que até então só iria ter candidaturas avulsas.
Segundo Castro, contudo, a legenda sai mais unida da votação. "O PMDB tem vivido nos últimos tempos momentos de divisões e contradições e isso é uma página virada na nossa história. O PMDB está unido para trabalhar para conseguir o melhor para o povo e o Brasil. Essa é uma campanha que vai além do partido", declarou.
Além de reunir apoio entre os parlamentares insatisfeitos com Temer, Castro também foi escolhido pela possibilidade de trazer votos do PT, segunda maior bancada da Casa, e de outras siglas menores da oposição, como o PCdoB. Na disputa interna do PMDB com Castro, estavam Carlos Marun (MS) e Osmar Serraglio (PR).
Questionado se irá pedir o apoio do PT, Castro respondeu que irá "pedir o apoio dos 512 deputados". "É evidente que quem quer ser candidato tem que se articular porque são 28 partidos. Por isso pedi que todos trabalhem incansavelmente."
Castro também disse que o fato de ter votado contra o impeachment não irá fazê-lo perder votos. "Acho que todos entenderam meu gesto, porque eu era ministro dela. Na situação em que eu me encontrava, não tinha como agir diferente. Eu estava moralmente e eticamente atrelado a aquele ato", defendeu.
O ex-ministro negou que a decisão do PMDB de lançar candidatura própria demonstre um racha na base aliada do governo, que possui diversos candidatos.
 

Miro Teixeira registra candidatura

O deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ) registrou ontem sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados. A eleição acontece hoje e já possui 14 candidatos. As inscrições podem ser feitas até o meio-dia de hoje e os candidatos podem desistir da eleição até uma hora antes da sessão, às 16h. Rodrio Maia (DEM-RJ) também confirmou sua candidatura ontem. Além de Maia e Teixeira, estão inscritos Fausto Pinato (PP-SP), Carlos Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-ES), Marcelo Castro (PMDB-PI), Fabio Ramalho (PMDB-MG), Fernando Giacobo (PR-PR), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Luiza Erundina (P-Sol-SP), Rogério Rosso (PSD-DF), Evair de Melo (PV-ES), Beto Mansur (PRB-SP), Esperidião Amin (PP-SC). Na noite de ontem, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) retirou a sua candidatura.

Candidatura peemedebista gerou incômodo no Palácio do Planalto

A definição da bancada do PMDB pela candidatura do deputado Marcelo Castro (PI) à presidência da Câmara gerou incômodo no Palácio do Planalto, que ainda avalia como proceder diante do fato. Para auxiliares do presidente interino Michel Temer (PMDB), Castro é um "ícone" da ala dissidente do partido, que se manteve contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) até o último momento.
Segundo auxiliares de Temer, Castro não tem um histórico de afinidade com o PMDB, nem com o presidente interino. Além disto, confrontou a resolução do partido, em março deste ano, que determinou o desembarque do governo Dilma e proibiu os peemedebistas de ocuparem cargos na gestão petista. Por haver contrariado a decisão, Castro se tornou alvo de processo de expulsão na Comissão de Ética do PMDB.
"Qualquer um no PMDB seria melhor que o Marcelo Castro para o governo. É claro que preocupa, porque não se sabe ainda o que isto significa para o governo", disse uma fonte do Planalto.
Para assessores do governo, há digital do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, na articulação da candidatura de Castro. O ministro era líder do PMDB na Câmara quando o impeachment tramitava na Casa e também se posicionou contra o processo, apesar da determinação da bancada a favor do afastamento de Dilma.
Na Câmara, Picciani comandava a ala do PMDB mais alinhada à petista e que confrontou Temer. Do outro lado, estavam cerca de 20 deputados entre os 66 do PMDB que trabalhavam pelo rompimento com Dilma Rousseff e que apoiavam Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então presidente da Casa. Com a nomeação de Picciani para o Ministério do Esporte, o Planalto esperava mitigar sua influência sobre a bancada para unificá-la e aproximá-lo de Temer. Mas, com a candidatura de Castro, surgiu a preocupação com uma possível dissensão interna e com as consequências que isto pode trazer.

Líderes da antiga oposição tentam unificar candidatura contra PT

Na tentativa de evitar que o campo político que faz oposição ao PT fique fora do segundo turno da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, líderes do PSDB, PSB, DEM e PPS começaram a trabalhar para que essas siglas tenham apenas um candidato à sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Hoje, dois integrantes desse campo político se colocam como candidatos ao comando da Casa: os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Júlio Delgado (PSB-MG). Maia, tem, em tese, mais apoios do que Júlio entre as quatro legendas. Por isso, a pressão é para que o pessebista abra mão da disputa em favor do democrata.
"Estamos todos trabalhando para unificar as candidaturas, para que não haja risco de não termos votos o suficiente para ir ao segundo turno", afirmou Rubens Bueno (PPS-PR). PSDB e PPS decidiram não lançar nomes, por isso pressionam mais enfaticamente por um acordo.
A tentativa de acelerar um entendimento entre Delgado e Maia ganhou força depois que o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) venceu eleição interna no PMDB e se lançou candidato da sigla à presidência da Câmara. Castro é ex-ministro da presidente afastada, Dilma Rousseff, e conta com o apoio público dos petistas na disputa pelo comando da Casa.
O movimento da maioria da bancada do PMDB na direção de Castro foi lido como uma tentativa de deputados do partido alinhados a Eduardo Cunha e ao chamado "centrão" de levar para o segundo turno um candidato menos competitivo e, assim, favorecer o nome do "centrão", Rogério Rosso (PSD-DF), que é o favorito na corrida interna.
Rosso teria a simpatia de uma ala do Palácio do Planalto, que tem se omitido formalmente da disputa para agravar o racha na base aliada do presidente interino, Michel Temer. Nos bastidores, no entanto, deputados do PSDB, DEM, PSB e PPS, dizem que há ministros de Temer trabalhando para ajudar Rosso a se eleger.
O deputado do Distrito Federal é visto como um nome alinhado a Eduardo Cunha. Ele foi nomeado pelo ex-presidente da Câmara para presidir a Comissão do Impeachment de Dilma.

Decisão do PMDB poderá levar outros candidatos à desistência

A decisão do PMDB de disputar a presidência da Câmara com candidatura própria afeta o cenário da eleição, pode enfraquecer a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e levar até mesmo à desistência de candidaturas já postas, como a do deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Na opinião de líderes e de candidatos, Marcelo Castro (PI), além do apoio de parcela importante do PMDB, também pode levar boa parte dos votos da nova oposição, especialmente PT e PCdoB por ser um candidato que votou a favor do impeachment.
O líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM), admite que a entrada de Marcelo Castro no páreo leva a novas movimentações dos candidatos e à necessidade de união maior entre os partidos da antiga oposição: PSDB, DEM, PPS e PSB.
"Obviamente que a candidatura do PMDB deu uma mexida no tabuleiro da eleição, mas uma coisa que estamos trabalhando é a unidade do nosso grupo, a união informal dos partidos da antiga oposição. E vamos aguardar o segundo turno para conversas com PMDB", afirmou Avelino.
Entre os aliados da antiga oposição, a avaliação é a de que o número elevado de deputados do centrão prejudica a candidatura do líder do PSD, Rogério Rosso (DF). A candidatura de Fernando Giacobo (PR-PR), que estaria tendo a atuação forte do presidente de fato da legenda, Valdemar Costa Neto, também é tida como forte na Casa, com a possibilidade de arregimentar cerca de 80 votos. Há também as candidaturas sem chance de vitória, como a de Cristiane Brasil (PTB-RJ), mas que acabam dividindo os votos do centrão.