A Turquia entrou em estado de emergência nesta quinta-feira, após o Parlamento local aprovar a medida, que dá maiores poderes ao governo do presidente Recep Tayyp Erdogan para lidar com a tentativa fracassada de golpe militar. Com isso, por três meses, os poderes ficam centralizados em Erdogan, que poderá passar leis por decreto, impor toques de recolher e restringir encontros públicos.
A aprovação do Parlamento não foi unânime, refletindo a profunda divisão da classe política entre os que acreditam que é necessário dar mais poderes ao presidente para forçar uma mudança e os que temem que ele irá utilizá-los para intimidar e pressionar rivais. "A tentativa de golpe se tornou uma ferramenta e uma oportunidade para o governo expurgar toda a oposição e limitar os direitos democráticos", afirmou um comunicado do Partido da Democracia do Povo, uma legenda pró-curdos.
Desde a tentativa de golpe, no fim de semana passado, ao menos 9,1 mil pessoas foram detidas, a maioria militares, policiais ou funcionários do Judiciário.
Junto com o estado de emergência veio a suspensão temporariamente a Convenção Europeia de Direitos Humanos, que inclui as liberdades fundamentais dos homens e a proibição da pena de morte - autorizada apenas em caso de uma guerra. O documento europeu é uma referência àquele aprovado pela Organização das Nações Unidas em 1948 sobre os direitos humanos.