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Imprensa

- Publicada em 20 de Julho de 2016 às 10:22

Morre Danilo Ucha, colunista do Jornal do Comércio

Danilo Ucha morreu ao 72 anos

Danilo Ucha morreu ao 72 anos


JOÃO MATTOS/Arquivo/JC
Faleceu nesta quarta-feira (20) o jornalista e colunista do Jornal do Comércio Danilo Ucha, aos 72 anos. Ele morreu enquanto dormia em casa, informaram familiares. O velório começou por volta das 16h na Capela C do Cemitério São Miguel e Almas. O sepultamento será nesta quinta-feira (21), às 11h, no local.
Faleceu nesta quarta-feira (20) o jornalista e colunista do Jornal do Comércio Danilo Ucha, aos 72 anos. Ele morreu enquanto dormia em casa, informaram familiares. O velório começou por volta das 16h na Capela C do Cemitério São Miguel e Almas. O sepultamento será nesta quinta-feira (21), às 11h, no local.
Ucha tinha mais de 50 anos de profissão e era um dos mais importantes jornalistas do Rio Grande do Sul. Começou a carreira no jornal A Plateia, de Santana do Livramento, cidade onde nasceu, e teve passagens pelo Diário de Notícias, Folha da Tarde, Zero Hora, TVE, Radio Farroupilha, Radio Guaíba, O Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil, e ainda como correspondente em Porto Alegre para o Correio da Manhã (RJ).
Ele assinava a coluna Painel Econômico no JC há 14 anos, dirigia o Jornal da Noite (com veiculação mensal), que completaria 30 anos em agosto. Além disso, mantinha o blog cordeiro&vinho. A gastronomia regional era um dos seus temas prediletos. Ucha conhecia muito a agropecuária e se dedicava à ovinocultura.
Autor de vários livros-reportagem, atuou nos principais veículos de comunicação do País. Também foi um dos fundadores da Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (Coojornal) e cobriu a guerra das Malvinas, nos anos de 1980. 
Até esta terça-feira (19), o colunista se empenhava em coberturas e notas exclusivas, que tinham sempre sua marca pessoal e provocativa. 
A direção e colegas do Jornal do Comércio lamentam a perda do colega e amigo, que se dedicou à reportagem do jornal e à coluna Painel Econômico com a mesma vivacidade de quanto começou na profissão.
Para Luiz Borges, diretor comercial do JC, a morte do colega "é uma perda irreparável". Para Borges, "Danilo Ucha era um grande jornalista, autor de uma das páginas mais lidas do Jornal do Comércio e respeitado por toda a classe empresarial".
O colunista do Jornal do Comércio Affonso Ritter foi colega de Danilo Ucha no JC e, antes disto, na Zero Hora. “Outra questão que nos aproximava era o vinho, como enófilos”, destaca. A última reunião de Ucha e Affonso ocorreu nessa terça-feira, na posse do presidente do BRDE, Odacir Klein. “Na ocasião eu o abracei, nunca imaginava que seria o último abraço”, diz Ritter. O colunista salienta que Ucha era uma pessoa espetacular e um profissional sério e competente.
"Uma notícia muito, muito triste. Faleceu nesta madrugada o meu querido amigo Danilo Ucha. Eu que nunca tive problemas com as palavras, agora não as tenho. Começamos juntos no jornalismo", postou com emoção o também colunista do jornal Fernando Albrecht. 
Ucha era diabético, hipertenso e já havia passado por cirurgia cardíaca. Ele deixa a mulher, Maria Jair Fontoura Mazei, com quem vivia desde 1964, cinco enteados, 11 netos e 8 bisnetos.

“Perdemos um grande jornalista”

Muito ligado à terra natal, Santana do Livramento, Ucha trazia de lá algumas amizades que manteve por toda a vida. Um de seus principais parceiros era o também jornalista Elmar Bones, editor do Jornal Já, que conheceu ainda no movimento estudantil santanense na década de 1960. “Ucha era, antes de tudo, um homem bom. Perdemos um grande jornalista”, lamenta Bones, a quem Ucha chamava pelo apelido de “Bicudo”.
O jornalista e amigo afirma também que ainda não conseguiu mensurar a perda. “Não caiu a ficha”, comenta Bones, ressaltando a surpresa com o falecimento já que Ucha continuava trabalhando normalmente até ontem. “Ele trabalhava o tempo inteiro”, relembra o amigo. Depois do colégio, ambos vieram juntos a Porto Alegre em 1964, após terem sido destituídos da diretoria da União Santanense de Estudantes Secundários pela ditadura militar. Na Capital, cursaram Jornalismo na então Faculdade de Filosofia da UFRGS, e trabalharam juntos na Folha da Tarde.
Entre as principais memórias, Bones ressalta a organização dos Jogos Internacionais da Primavera em Livramento nos anos 1960. Ideia de Ucha e executada pela entidade estudantil, o evento reuniu equipes de escolas de toda a fronteira, de cidades como Rivera, Tacuarembó e Alegrete. Os 50 anos do evento foram celebrados em 2013, segundo Bones, quando ambos foram a Livramento para a homenagem. “Ele era muito ligado ao Uruguai”, relembra o amigo. Ucha tinha, inclusive, dupla cidadania.
Além da fronteira, outra paixão de Ucha era a boemia. “Ele sempre foi muito ligado aos músicos, à vida noturna. Mesmo nos últimos anos, quando já não frequentava mais”, relembra Bones. Ucha manteve por muitos anos, mesmo repórter de economia, colunas de vida noturna e, por quase 30 anos, editava o Jornal da Noite.
Outro colega de Santana do Livramento foi o jornalista Kenny Braga, que trabalhou com Ucha no jornal A Plateia. Em 1965, Kenny, Ucha e Bones prestaram vestibular de jornalismo na Ufrgs. “Era um jornalista competente, sério, ético e profundamente eficiente na sua profissão”, comentou. Fora do ambiente profissional, Kenny salienta o apreço de Ucha pela música popular brasileira – destacando que o colega foi autor da biografia do violonista Jessé Silva. Kenny lembra que Ucha tinha um imenso coração, sempre disposto a ajudar as pessoas. “O jornalismo gaúcho ficou muito mais pobre, é um dia profundamente triste”, lamenta o amigo.

Colegas, amigos e entidades lamentam morte do jornalista

Danilo Ucha morreu ao 72 anos

Danilo Ucha morreu ao 72 anos


JOÃO MATTOS/Arquivo/JC
Na edição desta quarta-feira da reunião-almoço Tá na Mesa, na Federasul, público e autoridades presentes manifestaram homenagem a Danilo Ucha com um minuto de silêncio. Uma foto do jornalista foi projetada no telão marcando o momento.
Em nota, a Assembleia Legislativa, em nome dos deputados da 54ª Legislatura, também manifestou pesar pelo falecimento de Ucha. Em 2014, o jornalista foi agraciado com a Medalha da 53ª Legislatura, e trabalhou como assessor de imprensa na Assembleia Legislativa.
A comoção à morte de Ucha é expressa por amigos, autoridades e representantes de setores que ele costumava ter como fontes. Muitos deles acabaram estabelecendo vínculos muito além da atividade profissional.
  • "Perdemos uma pessoa muito querida por todos, não sei nem dizer quantos anos de amizade..." Zildo de Marchi, presidente da Uniagro e do Sindiatacadistas.
  • "O Ucha foi um dos destaques da invasão que tivemos em Porto Alegre por jornalistas qualificados de Livramento, junto com o Bicudo (Elmar Bones), Kenny Braga, Jorge Escosteguy, Carlos Urbim e Carlos Alberto Kolecza. O jornal A Plateia revelou esse excelente talento para o Jornalismo". Carlos Bastos, secretário de Comunicação da Prefeitura de Porto Alegre.
  • "Um grande amigo, uma grande perda. Era um incentivador da ovinocultura e um cozinheiro de mão cheia, e juntou suas duas paixões na Confraria do Cordeiro". Luiz Fernando Nunes, coordenador da Confraria do Cordeiro.
  • “É uma perda fundamental, que não terá reposição. Mais que um grande profissional, era uma excelente pessoa, articulado, culto e com um bom papo”, Paulo Afonso Pereira, presidente da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). Ucha e Pereira tinham se encontrado na semana passada para almoçar na associação, onde Ucha exerceu o cargo de assessor por nove anos na década de 1980.
  • "O Rio Grande do Sul perde uma grande figura no campo das ideias e da Comunicação: Danilo Ucha, símbolo do jornalismo sério, comprometido com as causas gaúchas, especialmente os vinhos e a ovinocultura. Seu legado permanece para a presente e para as futuras gerações. Nossos sentimentos aos familiares e amigos", José Ivo Sartori, governador do Estado.
  • "Perdemos mais do que um um ótimo jornalista. Um grande companheiro e amigo sempre cordial", Lasier Martins, senador.
  • "Foi com muito pesar que recebi a notícia da passagem prematura de Danilo Ucha. Um grande nome do jornalismo gaúcho, que com muita competência nos abastecia diariamente com informações exclusivas em sua coluna. Tivemos a honra de conviver mais próximo dele em 2012, quando esteve a frente do projeto do livro comemorativo aos 25 anos do Sescon-RS. Com a qualidade costumeira, Danilo soube traduzir em textos, mesclando lirismo e informação, a história de nossa entidade". Diogo Chamum, presidente do Sescon-RS.
  • "Danilo Ucha, simplesmente Ucha para amigos e colegas de profissão, tinha as qualidades de um fronteiriço! Franco, destemido que se acostumou a domar os problemas com coragem e a serenidade de quem, aparentemente, nunca tivera reveses na vida! Sorriso aberto, amigo dos amigos e um companheiro de trabalho solidário em cujo coração o egoísmo nunca fincou morada! Quando me encontrava com ele era sempre a saudação amistosa e fraterna: 'Como estás Memeia?', apelido que me presentearam os colegas jornalistas desde os tempos da Famecos, na Pucrs! Uma curiosa coincidência. No Jornal do Comércio, de gratas lembranças, trabalhei sete anos, e Ucha o dobro desse tempo. Na redação, no meu tempo, não éramos apenas repórteres, redatores e editores. Éramos uma família unida. Ucha nos deixa no dia do Amigo! Como se dissesse apenas um 'tiau, tchê' para que todos que tiveram, como eu, o privilégio de desfrutar da sua amizade, ouvíssemos, pela última vez, de sua própria voz: 'Me despeço e viajarei para um lugar mais bonito!'. Ousaria provocar seus conterrâneos: "Um lugar melhor que Santana do Livramento!" Ana Amélia Lemos, senadora.

Editora do JC: "No Dia do Amigo, perdi um dos grandes"

Danilo Ucha morreu ao 72 anos

Danilo Ucha morreu ao 72 anos


JOÃO MATTOS/Arquivo/JC
A jornalista e editora de Geral do Jornal do Comércio, Paula Sória, esteve muito próxima de Danilo Ucha nos últimos anos, tocando projetos editoriais que eram uma das grandes paixões do jornalista. 
"A diferença de 38 anos entre nossas idades nunca foi uma barreira para nossa amizade. Conversávamos sobre tudo, absolutamente tudo. Muito da jornalista que sou hoje devo a Danilo Ucha", disse a jornalista. Ela lembra que, em viagens de carro por Porto Alegre e Região Metropolitana, Ucha contava as histórias de vida na profissão, de bebedeiras nos bares, das farras noturnas, do autoexílio em Portugal e de coberturas históricas, como a da Guerra das Malvinas, em 1982.
Paula recorda que o colega foi um dos primeiros repórteres a chegar na região do conflito, onde ficou mais de 80 dias, recolhendo informações e ditando as matérias por telefone para a sucursal do jornal. "Algumas de suas epopeias pelas noites brasileiras são impublicáveis. Inclusive, Ucha pensava em escrever um livro de crônicas sobre elas em terceira pessoa, assim como outro sobre a trajetória do polêmico jornal que desafiava a ditadura militar, o Coojornal, do qual foi um dos fundadores."
A editora do JC informa que o colunista preparava para agosto um jantar de comemoração de 30 anos do Jornal da Noite, que entre notícias sobre jornalismo e arte, trazia sempre à pauta o vinho, umas de suas paixões. "Outra coisa que não dispensava eram os pratos à base de carne de cordeiro. Não descansou sem que eu provasse seu espinhaço de ovelha com trigo, considerado lenda por muitos colegas da redação do Jornal do Comércio." Sobre as incursões gastronômicas, ela disse que há meses haviam acertado de almoçar no Pampulinha. "Ele queria que eu provasse o Bacalhau à Moda da Casa."
Plenos não faltavam, diz a amiga. "Mesmo que ele reclamasse do peso da idade." A jornalista participou com ele de três livros, o último uma biografia de Zildo de Marchi (Zildo De Marchi - barriga no balcão, olhos no mundo!), empresário do setor comercial gaúcho. "Sempre que fechávamos uma parceria para escrever um livro, ele só me contava a história que seria ou quem seria o biografado, quando já estivesse tudo certo. Adorava esse suspense."
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Ucha também costumava escrever nas folhas de anotação da editora, durante as reuniões diárias de pauta no jornal. "Tenho guardado um pedaço de papel, escrito há cerca de quatro anos, no qual ele falava sobre sua lapide e já tinha escolhido a frase para defini-lo. "A epígrafe já tenho: 'A palavra do revolucionário morreu na boca fuzilada'." Emocionada, Paula encerra: "No Dia do Amigo, perdi um dos grandes".

Campeão até o fim

Danilo Ucha morreu ao 72 anos

Danilo Ucha morreu ao 72 anos


JOÃO MATTOS/Arquivo/JC
Para fazer jus à trilha de histórias e estórias acumuladas por Danilo Ucha, o também colega, amigo e colunista do JC Fernando Albrecht faz um depoimento que resgata cinco décadas de convivência:
A primeira imagem que tenho do Danilo Ucha ficou na minha retina nos últimos 50 anos e assim ficará pelo resto da minha vida. Ele à frente do grupo dos santanenses vindo pela lateral do Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt, indo para algum lugar da Filô, como chamávamos a Faculdade de Filosofia da Ufrgs, onde eu cursava Jornalismo.
Garboso, ar destemido, passos firmes rumo a algum compromisso ou simplesmente para jogar conversa fora tomando cafezinho no bar, adoçado com o orgulho por fazer parte de nativos de Santana do Livramento, ases do jornalismo aqui e em outros estados. Esse era o Ucha, meu amigo desde aquela manhã. Conversamos, lembro, mas não consegui fisgar da minha memória sobre qual assunto. Fato é que desde aquele dia nossas vidas caminham juntas como a corda e a caçamba.
Passamos anos e anos tropeçando vez que outra nas mesmas redações. Ele trabalhou em quase uma dezena de jornais e rádios, começou mais cedo que eu na profissão. Na Zero Hora, nossa amizade seguia, às vezes indolente, às vezes aparente, mas no fundo firme e sólida como granito, amizade que não precisava de ser proclamada. Ucha foi meu interino no Informe Especial na década de 1980 no jornal. Quando saí da RBS, ele assumiu a página 3. Depois veio o Jornal do Comércio até que que a morte o encontrou dormindo.
Danilo Ucha fazia parte da elite jornalística que começou a brilhar nos anos de 1960, época de ouro do Jornalismo gaúcho. E para provar essa excelência profissional, basta dizer que seu Painel Econômico no JC era disputadíssimo. Seja como colunista, como perito em vinhos, em gastronomia, em cordeiros (criação e receitas) ou na nobre arte de fazer amigos para sempre, o Ucha foi campeão até o fim.