Bases comunitárias terão como foco prevenção em vez de repressão

Criadas para promover o vínculo com as comunidades locais, as quatro primeiras Bases Móveis Comunitárias foram lançadas nesta quinta-feira pelo governo do Estado. Funcionando em ônibus equipados, as unidades farão patrulhamento nos bairros Santa Teresa e Rubem Berta, em Porto Alegre; Mathias Velho, em Canoas; e Santo Afonso, em Novo Hamburgo. A atuação das bases focará prevenção à criminalidade, por meio da articulação com postos de saúde e escolas, em vez de ser um aparelho meramente repressivo.

Os ônibus estão equipados com tecnologia de informação que possibilita o registro de ocorrências. Cada guarnição é composta por 10 policiais, que poderão circular pelas imediações, ainda, com viaturas e bicicletas. A base ficará estacionada em diferentes locais dos bairros, conforme o horário e a demanda da comunidade.

Segundo o governador José Ivo Sartori, a ação faz parte de um planejamento estruturado nos primeiros dias de governo, em 2015. "As atividades serão como as exercidas em postos fixos, com um viés comunitário e preventivo. Com o reforço de ferramentas tecnológicas avançadas, será possível inclusive registrar ocorrências e fazer um trabalho articulado com a sociedade civil organizada", pontua.

O secretário estadual de Segurança Pública, Wantuir Jacini, relata que os bairros abrangidos foram identificados com o maior percentual de descoesão social. O projeto deve se expandir gradualmente para outras áreas. "É uma ação que se insere dentro da polícia comunitária, aproximando a polícia da comunidade e deixando a polícia disponível para as necessidades locais, onde estão acontecendo os maiores problemas", afirma.

No Morro Santa Teresa, onde foi realizado o lançamento, o maior problema de segurança pública é relativo à drogadição, conforme Jacini. Na região, o ônibus revezará horários na rua Sepé Tiaraju, na avenida Moab Caldas, no Belvedere Ruy Ramos, na rua Orfanotrófio e na parte inferior da rua Octávio de Souza. O secretário critica a atual política relativa a usuários de drogas. "Desde 2007, os usuários não são presos. Na época, se falou que os dependentes receberiam tratamento na rede pública, mas nove anos se passaram e isso não foi feito", destaca.

Para o gestor, a questão das drogas não envolve somente a ofensa à saúde individual do usuário, mas os crimes conexos de furto, roubo e homicídio para manter o vício. "O fato de não haver mais pena diminui a ação das polícias", lamenta.

Os policiais foram capacitados de acordo com a filosofia da polícia comunitária e estão aptos para trabalhar articulados com a prefeitura e demais órgãos, a fim de potencializar outros programas, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), desenvolvido em escolas.

"São os locais onde a Operação Avante está atuando com mais intensidade, mas de forma muito repressiva. Queremos, com as bases móveis, trabalhar de forma repressiva, mas também na prevenção, potencializando as comunidades", explica o subcomandante-geral da Brigada Militar, Andreis Silva Dal'Lago. As guarnições tiveram capacitação para mediação de conflitos, interlocução e palestras. Os profissionais foram selecionados por apresentarem oratória e perfil comunicativo.