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Energia

- Publicada em 31 de Julho de 2016 às 21:46

Geração eólica aproxima-se dos 10 mil MW

Parque de Osório começou o desenvolvimento do segmento em 2006

Parque de Osório começou o desenvolvimento do segmento em 2006


JOÃO MATTOS/JC
O setor eólico brasileiro, que teve o seu marco inicial com a inauguração do parque eólico de Osório em 2006, 10 anos depois está prestes a comemorar uma marca histórica: os 10 mil MW (volume de energia que poderia abastecer mais de dois estados como o Rio Grande do Sul). A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, estima que a capacidade será atingida nesta segunda metade do ano.
O setor eólico brasileiro, que teve o seu marco inicial com a inauguração do parque eólico de Osório em 2006, 10 anos depois está prestes a comemorar uma marca histórica: os 10 mil MW (volume de energia que poderia abastecer mais de dois estados como o Rio Grande do Sul). A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, estima que a capacidade será atingida nesta segunda metade do ano.
De acordo com dados da ABEEólica, no momento, são 393 usinas eólicas instaladas no Brasil, totalizando 9,84 mil MW. Além da potência que será agregada a esse número, os empreendedores estão ansiosos pelo leilão de energia que o governo federal realizará no dia 16 de dezembro, que terá participação das fontes eólica e solar. Elbia comenta que, como não foram disputados leilões de energia eólica neste ano ainda, a expectativa é que se alcance neste certame a contratação de cerca de 2 mil MW eólicos, o que é considerado um desempenho anual satisfatório pelo setor. Apesar do leilão abranger as fontes solar e eólica, essas gerações concorrerão separadamente.
Quanto ao preço que será estipulado para o MWh neste próximo leilão, Elbia salienta que, por enquanto, não foram discutidos valores, que deverão ser estabelecidos com a proximidade da disputa. "Agora, estávamos preocupados com a confirmação da contratação da geração", diz a presidente executiva da ABEEólica. Elbia ressalta o desenvolvimento vertiginoso da fonte nos últimos anos. "O que a eólica está crescendo, nenhuma fonte fez nessa velocidade", enfatiza.
Segundo Elbia, ainda não foi debatido o limite ou o percentual que a fonte eólica deve ocupar dentro da matriz nacional de energia elétrica. A dirigente argumenta que esse é um tema que será relevante em cerca de 20 anos. Essa questão deverá ser tratada no âmbito de uma política energética do País e dependerá da competitividade da produção eólica e das demandas ambientais. Hoje, a participação da fonte eólica na matriz é de 7%. A presidente da ABEEólica acrescenta que, atualmente, a estimativa é que o potencial de geração eólica no Brasil é de cerca de 500 MW (em torno de três vezes mais do que a demanda do País).
O sócio-diretor da Brain Energy Energias Renováveis (que desenvolve projetos eólicos, solares e de smart grids) Telmo Magadan comemora a perspectiva da chegada aos 10 mil MW eólicos. O empresário foi o presidente da Ventos do Sul Energia, companhia responsável pela instalação e operação do parque eólico de Osório. O complexo era no começo dividido em três unidades (chamadas de Osório, Sangradouro e Índios) e somava 150 MW, resultado de 75 aerogeradores, cada um com potencial para 2 MW de geração. "A partir do parque de Osório houve o desenvolvimento de um mercado de energia eólica no Brasil, claro que com a contribuição de outros agentes", ressalta.
Magadan aposta que o futuro do setor eólico pode apresentar um crescimento ainda mais intenso, desde que seja estabelecido um ambiente adequado. "Eu acho que está faltando uma garantia efetiva de compra anual da energia eólica", argumenta. O executivo acrescenta que a tecnologia do segmento tem evoluído, possibilitando a redução de custos e equipamentos de melhor performance.
O dirigente reforça que esse tipo de geração de energia é fundamental para o mundo e para o Brasil, pois complementa as demais fontes, além de ter um menor impacto ambiental. Magadan frisa que hoje há disponibilidade de fabricantes de equipamentos eólicos no País, o que não havia há 10 anos, assim como cursos de especialização na área.

Sindicato das indústrias aponta dificuldades para empreendimentos no Rio Grande do Sul

Se o cenário no Brasil continua promissor, no Estado a empolgação com a energia dos ventos não é tanta como foi no passado, atesta o presidente do Sindicato das Indústrias de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Ricardo Rosito. "A energia eólica, que representa um dos maiores volume de investimentos para os gaúchos, continua na UTI, mesmo o Rio Grande do Sul tendo um dos mais significativos potenciais do Brasil", indica o dirigente.
Rosito salienta que o Estado, nos anos de 2014 e 2015, teve o pior resultado histórico nos leilões de energia realizados pelo governo federal, com os investimentos no setor reduzindo, tendo zerado em 2015. Isso representa, segundo o empresário, uma lacuna anual da ordem de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões. A última vez que algum projeto eólico gaúcho saiu vencedor de um leilão foi em junho de 2014, quando foi garantida a comercialização e, por consequência, a implantação de apenas 54 MW, de um total de 968,6 MW leiloados. "Depois desse certame, tivemos outros, todos sem projetos com sucesso", lamenta o presidente do Sindieólica-RS.
Entre os obstáculos enfrentados pelos empreendimentos no Estado, Rosito destaca a consolidação da cadeia produtiva no Nordeste brasileiro e uma intensa política de atração de investimentos para essa região. O dirigente também cita o aumento do custo do processo de licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul, ocorrido há cerca de dois anos. Hoje, esse último problema, ressalta o empresário, foi corrigido pela direção da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), mas deixou "cicatrizes" nos grandes investidores. Para que os projetos a serem desenvolvidos no Estado voltem a ter êxito nos certames, Rosito defende a união entre governo, empreendedores e órgãos licenciadores.
Sobre as dificuldades dos projetos gaúchos em saírem vencedores dos leilões de energia, o sócio-diretor da Brain Energy Energias Renováveis Telmo Magadan enfatiza, entre outros motivos, a falta de viabilidade econômica e problemas empresariais. Outra questão é o fato do Nordeste, que compete com o Estado, ter uma maior incidência de ventos.