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conjuntura internacional

- Publicada em 24 de Julho de 2016 às 20:44

G-20 busca promover o crescimento global

Uma das questões mais proeminentes entre os líderes foi a insegurança internacional causada pelo Brexit

Uma das questões mais proeminentes entre os líderes foi a insegurança internacional causada pelo Brexit


FRED DUFOUR/AFP/JC
Os ministros de Finanças globais redobraram seu compromisso de utilizar todos os instrumentos de políticas disponíveis para impulsionar o crescimento econômico, em meio ao temor de que uma miríade de ventos contrários possa empurrar a economia mundial para uma rotina de baixo crescimento.
Os ministros de Finanças globais redobraram seu compromisso de utilizar todos os instrumentos de políticas disponíveis para impulsionar o crescimento econômico, em meio ao temor de que uma miríade de ventos contrários possa empurrar a economia mundial para uma rotina de baixo crescimento.
Entre os problemas mais proeminentes do grupo das 20 maiores economias do mundo está a surpresa com a decisão do Reino Unido, no fim do mês passado, de deixar a União Europeia. "No futuro, esperamos ver o Reino Unido como um parceiro próximo da UE", disseram os ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, em seu comunicado oficial, após dois dias de conversas.
As delegações do Reino Unido e da UE concordaram sobre a necessidade de reduzir a incerteza global em torno do Brexit, mas parecem divergir sobre timing. Enquanto as autoridades europeias pediram a Londres para não "perder tempo" na resolução do problema, o ministro das Finanças do Reino Unido, Philip Hammond, disse que seu país vai esperar para notificar formalmente Bruxelas de sua partida quando estiver totalmente preparado para as complexas negociações de saída.
Ainda assim, a insegurança global sobre o Brexit provavelmente continuará, disse Hammond. "A incerteza só vai acabar quando o processo for concluído", afirmou o ministro, acrescentando que o Banco da Inglaterra (BoE) vai, nesse meio tempo, usar todas as ferramentas monetárias necessárias, caso isso seja preciso, para estabilizar os mercados financeiros.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), que atua como conselheiro econômico do G-20, reduziu na semana passada a sua previsão de crescimento para a economia global, dizendo que a incerteza alimentada pelo Brexit vai pesar sobre o investimento e a confiança do consumidor. Economistas do FMI e muitos ministros de Finanças do G-20 estão preocupados que os formuladores de políticas estão dependendo demais de política monetária para estimular o crescimento e pressionam uns aos outros para acelerar amplas reformas econômicas destinadas a aumentar a produtividade e atingir o equilíbrio orçamentário sempre que possível. "A política monetária por si só não pode levar a um crescimento equilibrado", disse o G-20.
Em meio a uma era de volatilidade da moeda, o G-20 também reiterou seu compromisso de evitar o uso de taxas de câmbio para ganhar vantagem competitiva e de consulta próxima entre os membros sobre política cambial.
O grupo também qualificou o excesso de capacidade de produção como uma ameaça para a economia global, uma crítica velada ao excesso de produção de aço e outros produtos da China, que está minando indústrias no exterior e metas de inflação em todo o mundo. 
"Nós também reconhecemos que os subsídios e outros tipos de apoio de governos ou instituições patrocinadas pelo governo podem causar distorções no mercado e contribuir para o excesso de capacidade global e, portanto, demandam atenção", disse o G-20.
Embora a China não tenha sido citada no comunicado, é responsável por 50% da produção mundial de aço. Indústrias de outros países e seus governos têm acusado o gigante asiático de prejudicar seus mercados de forma injusta com a venda de produtos a preços inferiores ao custo de produção.
Isso levou à preocupação de que o excesso de capacidade poderia se tornar um ponto de inflamação global da mesma forma que a política monetária tem sido ao longo da última década. As exportações de metal da China ameacem agravar as pressões deflacionárias com as quais bancos centrais estão lutando globalmente.

Há percepção de que o Brasil está na direção certa, diz presidente do BC, Ilan Goldfajn

Após dois dias de debate sobre os grandes temas econômicos com as 20 maiores potências do mundo, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, deixa sua primeira reunião do G-20 com um discurso otimista. O novo titular do BC reconhece que os problemas domésticos pesam mais que questões externas para a economia brasileira, mas ressalta que o ajuste começou a ser feito e isso foi bem recebido na China. Sobre o quadro internacional, Goldfajn diz que houve piora após o Brexit, mas avalia que o quadro não parece "totalmente ruim" para os emergentes.
"Eu diria que há uma percepção de que o Brasil está na direção certa e que o clima está começando a mudar. Quando nós apresentamos indicadores, a reação que a gente obtém é positiva", disse Goldfajn após o último dia do encontro no interior da China. "O Brasil apresentou as iniciativas em curso para ajustar a economia e ressaltou os sinais positivos tantos dos indicadores econômicos, quanto da percepção de melhora à frente. A apresentação foi bem recebida."
Apesar de o ajuste ter começado, Goldfajn reconhece que, para a economia brasileira, as questões internas ainda se sobrepõem às dificuldades globais.
Além de voltar para Brasília com a boa recepção às iniciativas do governo, Goldfajn também avalia de forma relativamente positiva o quadro externo. O presidente do BC reconhece que o cenário piorou após o plebiscito que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia. "A percepção é que o crescimento no mundo poderia estar se revigorando, mas a decisão do Brexit trouxe novas incertezas", disse.