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Mercado de Capitais

- Publicada em 21 de Julho de 2016 às 19:21

Dólar se fortalece ante o real com preocupações domésticas

As preocupações com o cenário doméstico fizeram o dólar subir frente ao real nesta quinta-feira, contrariando a baixa observada ante divisas de mercados emergentes e ligadas a commodities. De acordo com profissionais de câmbio, o turbulento noticiário corporativo, diante de desdobramentos da crise na Odebrecht, e o mal-estar despertado pelo reajuste salarial de mais de 40% do judiciário elevaram a percepção de risco sobre o Brasil, resultando também em elevação nas taxas dos contratos de proteção contra o risco nacional (CDS, na sigla em inglês). Em um dia de modesto volume de negócios, o movimento interno foi amparado também na acentuada queda nos preços de petróleo e na frustração com medidas adicionais de estímulo no Japão e na zona do euro.
As preocupações com o cenário doméstico fizeram o dólar subir frente ao real nesta quinta-feira, contrariando a baixa observada ante divisas de mercados emergentes e ligadas a commodities. De acordo com profissionais de câmbio, o turbulento noticiário corporativo, diante de desdobramentos da crise na Odebrecht, e o mal-estar despertado pelo reajuste salarial de mais de 40% do judiciário elevaram a percepção de risco sobre o Brasil, resultando também em elevação nas taxas dos contratos de proteção contra o risco nacional (CDS, na sigla em inglês). Em um dia de modesto volume de negócios, o movimento interno foi amparado também na acentuada queda nos preços de petróleo e na frustração com medidas adicionais de estímulo no Japão e na zona do euro.
No balcão, o dólar à vista fechou aos R$ 3,2851, em alta de 1,16%. Conforme informações registradas na clearing da BM&F Bovespa, o volume total de negócios somou US$ 1,505 bilhão. Já no mercado futuro, o contrato de dólar para agosto encerrou aos R$ 3,2830 (0,46%), com giro de US$ 12,227 bilhões.
De acordo com o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo Rey, o reajuste de mais de 40% do judiciário, sancionado pelo governo, e a falta de divulgação de medidas fiscais mais detalhadas pela equipe econômica prejudicaram a percepção de risco do Brasil, sustentando a alta do dólar ante o real ao longo da sessão. Já durante a tarde, o principal catalisador do movimento foi a notícia de que teriam crescido as chances de recuperação judicial da Odebrecht, por falta de acordo com os bancos para renegociar suas dívidas.
"Isso gerou um impulso pontual no dólar, mas, depois de bater a máxima, a alta perdeu fôlego com a negativa da empresa", afirmou o operador de uma corretora. A empreiteira disse que não trabalha com a hipótese de pedido de recuperação judicial e que mantém diálogo positivo com bancos.
A alta do dólar ante o real se amparou ainda na acentuada baixa do petróleo e na frustração com novas medidas de estímulo do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Japão (BoJ). Apesar disso, o ambiente internacional ainda trabalha com elevado nível de liquidez e juros reais negativos nas principais economias desenvolvidas. Esse cenário pode favorecer a chegada de recursos para o Brasil numa teórica busca por rentabilidade, uma vez que a taxa básica de juros, a Selic, é uma das maiores do mundo. O mercado nacional de renda fixa, inclusive, descarta corte da taxa em agosto e diminuiu a aposta de afrouxamento em outubro, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido a Selic 14,25% e o IPCA-15 ter registrado em julho alta maior que a esperada. A Bovespa teve um pregão de instabilidade, mas voltou a subir e terminou o dia com ganho discreto, de 0,11%, aos 56.641 pontos. A alta teria sido maior não fossem as ações do setor financeiro, que caíram em meio a um ambiente de realização de lucros e especulações. Este é o segundo pregão da bolsa brasileira depois do rali de 10 altas consecutivas, com as quais o índice subiu 9,37%.
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Tesouro capta US$ 1,5 bilhão no exterior com os juros mais altos em sete anos

O Tesouro Nacional captou US$ 1,5 bilhão de investidores norte-americanos e europeus com taxa de juros de 5,875% ao ano. O dinheiro veio da emissão de títulos da dívida externa com vencimento em fevereiro de 2047. A taxa da operação foi a maior para esse tipo de papel em sete anos.
Por meio do lançamento de títulos da dívida externa, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores internacionais com o compromisso de devolver os recursos com juros. Isso significa que o Brasil devolverá o dinheiro daqui a 31 anos com a correção dos juros acordada, de 5,875% ao ano.
Taxas mais altas de juros indicam maior grau de desconfiança dos investidores de que o Brasil não conseguirá pagar a dívida. Com os sucessivos rebaixamentos sofridos pelo País, que perdeu o grau de investimento (selo de bom pagador), os estrangeiros passaram a cobrar juros mais elevados para comprar os papéis brasileiros.
A última vez em que o Tesouro tinha lançado papéis externos de 30 anos tinha sido em julho de 2014. Na ocasião, o governo brasileiro captou US$ 3,55 bilhões com papéis com vencimento em 2045, pagando juros de 5,131% ao ano.
A taxa obtida na emissão de hoje é a mais alta para títulos em dólares de 30 anos desde julho de 2009, quando o Tesouro tinha conseguido captar US$ 525 milhões pagando 6,45% ao ano de juros. A taxa do título brasileiro foi 357,2 pontos maior que a dos títulos do Tesouro americano, de 20 anos. Na emissão de dois anos atrás, a diferença estava bem menor: 187,5 pontos. Os títulos norte-americanos são considerados os papéis mais seguros do mundo. Segundo o Tesouro, a demanda superou a oferta, mas o órgão não informou o número.
Os recursos captados no exterior serão incorporados às reservas internacionais do País em 28 de julho. De acordo com o Tesouro Nacional, as emissões de títulos no exterior não têm como objetivo principal reforçar as divisas do país, mas fornecer um referencial para empresas brasileiras que pretendem captar recursos no mercado financeiro internacional.