A maior estabilidade no Brasil, os anúncios do presidente interino Michel Temer para melhorar as contas fiscais e as dinâmicas favoráveis do mercado financeiro do País nos últimos meses criaram um ambiente onde se acredita que a probabilidade de intensificação da crise brasileira ficou menor, afirmou o diretor para o departamento de Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner.
"Houve melhora das expectativas para a evolução futura do País", disse Werner, ao explicar por que o FMI revisou para cima as previsões para a economia brasileira e prevê recessão mais branda este ano e volta ao crescimento em 2017. O economista destacou ainda que os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre mostraram uma economia "menos debilitada" do que o esperado, puxada pela expansão das exportações.
O diretor do FMI destacou que a melhora recente das condições no País gerou uma sensação de que o setor real da economia já atingiu um piso e que o que vem agora é uma recuperação. "A estabilidade e as dinâmicas favoráveis que vimos nos mercados financeiros geraram um entorno no qual acreditamos que a intensificação da crise tem probabilidade menor." O FMI projeta que o Brasil deve crescer 0,5% no próximo ano.
Werner disse que o FMI não incorporou o impacto de "fenômenos políticos" nas projeções do Brasil divulgadas na terça-feira. O mais importante nas perspectivas para o Brasil, disse ele, é a continuidade dos anúncios de ajuste econômico, sobretudo fiscais, e a implementação efetiva das medidas.
O diretor do FMI ressaltou ainda que a intenção do governo de estabelecer um teto para o crescimento dos gastos públicos é uma iniciativa importante para atacar o problema das finanças públicas.
No texto, é destacado o elevado nível de desemprego no País, que afeta a demanda doméstica. "Espera-se que a economia atinja o seu ponto mais baixo este ano, com algum crescimento positivo na atividade econômica em 2017, embora o nível elevado de desemprego limite a demanda interna", afirmava o texto.
Para a América Latina e o Caribe, Alejandro Werner destacou que as perspectivas para o desempenho da economia melhoraram diante da recuperação dos preços das commodities, mas os episódios frequentes de aumento da volatilidade do mercado são uma lembrança das alterações repentinas que a região está sujeita. Ele apontou ainda as consequências que essas volatilidades podem gerar para as empresas, não apenas sobre a lucratividade, mas também no endividamento.
"Os episódios frequentes de aumento da volatilidade de mercado, mesmo que de curta duração, são um lembrete constante de que as condições de mercado favoráveis podem mudar da noite para o dia", afirmou Werner no texto "Em transição: Perspectivas para a América Latina e o Caribe", publicado nesta quarta-feira no site do FMI.
No documento, ele comenta a recuperação dos preços de commodities desde o piso registrado em fevereiro, mas afirma que esses preços ainda devem permanecer baixos no futuro próximo. O movimento é acompanhado por uma interrupção, ou mesmo reversão em alguns casos, aponta, das desvalorizações cambiais em algumas economias da região.
A projeção do FMI agora é de uma expansão da economia de América Latina e Caribe de 1,6% em 2017, 0,1 ponto percentual a mais que em abril. Para 2016, a estimativa é de recessão de 0,41%, desempenho também 0,1 ponto percentual melhor que o esperado anteriormente. Em 2015, a recessão foi de 0,04%.