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Conjuntura Internacional

- Publicada em 10 de Julho de 2016 às 20:05

Londres já começa a sentir impacto econômico negativo do Brexit

Libra esterlina enfrenta menor cotação frente ao dólar em 30 anos

Libra esterlina enfrenta menor cotação frente ao dólar em 30 anos


JOE GIDDENS /AFP/JC
Os defensores da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) já cantavam vitória no início da semana passada, comemorando os resultados do principal índice da Bolsa de Londres, o FTSE 100, que voltou aos níveis pré-Brexit. Mas, desde segunda-feira da semana passada, os sinais de que a separação entre Londres e Bruxelas poderia levar a economia britânica a uma espiral negativa se multiplicaram.
Os defensores da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) já cantavam vitória no início da semana passada, comemorando os resultados do principal índice da Bolsa de Londres, o FTSE 100, que voltou aos níveis pré-Brexit. Mas, desde segunda-feira da semana passada, os sinais de que a separação entre Londres e Bruxelas poderia levar a economia britânica a uma espiral negativa se multiplicaram.
Em uma semana, seis companhias de gestão de ativos congelaram as movimentações de seus clientes em fundos imobiliários para impedir uma fuga em massa de recursos. As barreiras foram adotadas por Standard Life, Aviva Investors, M & G, Henderson, Columbia Threadneedle Investments e Canadian Life.
Na mesma semana, o Banco da Inglaterra, publicou um relatório no qual afirmou que os efeitos práticos do referendo já começaram a aparecer. "Há evidência de que algum risco começou a se cristalizar. O atual cenário da estabilidade financeira do Reino Unido é desafiador", reconheceram os técnicos do banco.
A entidade planeja enfrentar a ameaça de recessão flexibilizando as normas de controle de capitais em bancos britânicos, depois de já ter indicado estar pronta a injetar £ 150 bilhões no mercado para compensar os efeitos do Brexit, se necessário. O secretário do Tesouro, George Osborne, anunciou que pretende reduzir de 20% a 15% o Imposto sobre Sociedades (IS), de forma a poder concorrer melhor com o mercado da Irlanda - país que faz parte da zona do euro e oferece um imposto de 12% para empresas que se instalam no país. A título de comparação, a França também reduzirá o IS, mas de 33% para 28%.
Nem a corrida ao imposto mais baixo, que ameaça transformar o Reino Unido em uma espécie de superparaíso fiscal, tem evitado o impacto negativo. Desde o Brexit, a libra esterlina, a moeda britânica, enfrenta sua menor cotação frente ao dólar em cerca de 30 anos, e a desvalorização também acontece em relação ao euro. A tendência é de que o Reino Unido perca de novo o título de quinta maior economia do mundo para a França, ultrapassado em 2015. Se a cotação média do ano girar em torno da atual, hoje em 1,17 por libra, o PIB britânico será de € 2,17 trilhões, atrás dos € 2,18 trilhões do PIB francês.
O balanço das perdas começa a preocupar. "Não há dúvidas de que haverá um impacto negativo para a economia europeia no curto prazo. Mas o consenso é de alguns décimos de PIB, enquanto no Reino Unido as perdas serão maiores", diz Nicolas Veron, analista do Instituto Bruegel.
Para o banco francês BNP Paribas, a previsão de crescimento já precisa ser revisada para baixo. "O Brexit deverá amputar o crescimento britânico em 2016 e mais sensivelmente ainda em 2017, em especial por causa do aumento da incerteza, de sua incidência negativa nas trocas comerciais e do endurecimento das condições monetárias e financeiras", entende Laurent Nahmias, economista sênior da Direção de Pesquisas Econômicas do banco. Para ele, o sistema financeiro será o mais atingido.

Angela Merkel não acredita em reversão da saída do Reino Unido da UE

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, não acredita que a população do Reino Unido reverta a decisão de deixar a União Europeia (UE), votada no dia 23 de junho, apesar de que uma petição on-line que pede a realização de um segundo plebiscito no país tenha conquistado o apoio de mais de quatro milhões de pessoas.
Em sua tradicional entrevista anual concedida para a emissora pública alemã ZDF, Merkel disse estar "lidando com a realidade". "Acredito muito fortemente que o Reino Unido saia mesmo da União Europeia (UE)", afirmou. Ela ponderou que a validade de algumas das assinaturas da petição tem sido questionada.
Na entrevista para a ZDF, Merkel fez uma espécie de balanço de seus 11 anos no poder. A chanceler da Alemanha prometeu continuar a trabalhar contra a imigração ilegal e o tráfico de seres humanos no Mediterrâneo, um dos pleitos que ela mais se empenha pessoalmente, ainda que gere controversas entre seus pares europeus. "Não podemos ficar de braços cruzados ao ver as pessoas perdendo a vida no Mediterrâneo para chegar à Europa", disse.