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operação Lava Jato

- Publicada em 23 de Junho de 2016 às 23:31

Paulo Bernardo é preso preventivamente

Ex-ministro Paulo Bernardo foi preso em Brasília por agentes da PF, acusado de receber R$ 5,6 milhões

Ex-ministro Paulo Bernardo foi preso em Brasília por agentes da PF, acusado de receber R$ 5,6 milhões


JOSÉ CRUZ/ABR/JC
O ex-ministro Paulo Bernardo (PT) foi preso nesta quinta-feira na Operação Custo Brasil, deflagrada pela Polícia Federal (PF) de São Paulo. A ação, que incluiu 11 prisões e 40 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Recife e Porto Alegre é um desdobramento da Lava Jato.
O ex-ministro Paulo Bernardo (PT) foi preso nesta quinta-feira na Operação Custo Brasil, deflagrada pela Polícia Federal (PF) de São Paulo. A ação, que incluiu 11 prisões e 40 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Recife e Porto Alegre é um desdobramento da Lava Jato.
Segundo a investigação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo e da Receita Federal, Bernardo teria se beneficiado entre 2010 e 2015 de R$ 7 milhões desviados de contratos firmados entre o Ministério do Planejamento e a empresa de tecnologia Consist.
Gestora de crédito consignado para servidores públicos federais, a empresa foi contratada sem licitação em 2010, quando o petista ainda estava à frente da pasta.
O PT, que também teve a sede do diretório nacional, em São Paulo, entre os alvos das buscas, é apontado como beneficiário de parte da propina. Apenas um dos operadores chegou a repassar R$ 12 milhões ao partido, segundo a investigação.
A casa do ex-ministro da Previdência Carlos Gabas (PT-SP), amigo da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), também foi alvo. Gabas foi convidado a depor, mas se recusou. Segundo a PF e o MPF, ele teria recebido propina para garantir que a Consist firmasse contrato com o Planejamento.
Segundo a PF, a Consist recebia R$ 1 de cada parcela de crédito consignado paga, quando o valor de mercado desse serviço era R$ 0,30. Cerca de R$ 100 milhões teriam sido desviados da pasta entre 2010 e 2015. O dinheiro corresponderia a 70% do contrato de R$ 140 milhões que a empresa manteve com o ministério para fazer o gerenciamento e controle de créditos consignados nesse período.
Desses 70%, o então ministro do Planejamento Paulo Bernardo se beneficiava de 9,6% do montante. O valor caiu para 4,8% com a saída dele da pasta, em 2011, e para 2,9% em 2014. O dinheiro teria sido usado para pagar despesas pessoais do ex-ministro, como salários de empregados, aluguel de garagem e de um loft.
Em decisão em que decreta a prisão preventiva (sem data para sair) de Paulo Bernardo, o juiz responsável pela ação, Paulo Bueno de Azevedo diz que os R$ 7 milhões que o ex-ministro teria recebido não tinham sido localizados e que haveria risco "de realização de novos esquemas de lavagem".
Para Azevedo, essa possibilidade seria um risco à ordem pública e às contas do País "que enfrenta grave crise financeira, a qual certamente é agravada pelos desvios decorrentes de cumulados casos de corrupção".
Segundo investigadores, o valor chegava ao ex-ministro por meio do advogado Guilherme Gonçalves, que também teve prisão decretada. Ele atuou nas campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), esposa de Bernardo.
O procurador Andrey Borges afirmou que "a operação foi uma resposta àqueles que celebraram com champanhe o declínio do caso de Curitiba (PR). Para mostrar que não é só lá que se faz esse trabalho".
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba, também é alvo do caso por ter o papel de definir a distribuição da propina. Houve saques em dinheiro e pagamentos a empresas de fachada para esconder o caminho do dinheiro até o partido e beneficiários.
Paulo Ferreira, tesoureiro do PT que antecedeu Vaccari, foi alvo de mandado de prisão por suspeita de ter participado do esquema.
O jornalista Leonardo Attuch, dono da Editora 247, que publica o site Brasil 247, foi levado para prestar depoimento na Polícia Federal, em São Paulo. Attuch é apontado como beneficiário do esquema.

PT condena operação em sede e fala em tentativa de criminalizar o partido

O Partido dos Trabalhadores (PT) condenou a operação de busca e apreensão da Polícia Federal em sua sede nacional, no Centro de São Paulo, na manhã desta quinta-feira.
A Polícia Federal (PF) escalou homens do Grupo de Pronta Intervenção (GPI), uma equipe de elite da corporação treinada para controlar distúrbios civis, para ajudar no cumprimento do mandado. O partido disse que a operação foi "desnecessária" e "midiática", e ressaltou se tratar de uma "tentativa renovada de criminalizar o PT".
Oito homens com uniformes camuflados e ostensivamente armados guardaram as entradas do prédio, enquanto outra equipe vasculhava o interior da sede do partido. O cumprimento do mandado de busca e apreensão no PT fez parte da Operação Custo Brasil, deflagrada nesta quinta. Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, foi preso preventivamente, entre outros.
A PF disse que o recrutamento do GPI foi para evitar confusões no local. "Pela experiência, sabemos que há riscos de tumultos e manifestações quando fazemos operações em sedes de partidos políticos", disse Patrícia Zucca, diretora de comunicação da PF de São Paulo. Os policiais estavam com armas não letais e letais.
O GPI foi criado para atuar em situações especiais, como grandes eventos. No meio da manhã, um grupo de militantes chegou para protestar contra a operação da PF, que, na avaliação deles, persegue o PT. Eles estenderam uma grande faixa com os dizeres: "Tchau, ladrão", junto à imagem do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a pergunta: "E o Temer?".

Gravação indica propina de R$ 10 milhões a líder do PSDB

Uma gravação obtida pela Procuradoria-Geral da República indica que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, já falecido, participou de reunião em outubro de 2009, para acertar o recebimento de propina de R$ 10 milhões. Na época, Guerra era senador e integrava a CPI da Petrobras. Em troca, atuaria para que parlamentares do PSDB não aprofundassem as investigações, o que permitiria a continuidade do esquema criminoso na empresa estatal. As gravações fazem parte do inquérito em que o Ministério Público denunciou o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) por envolvimento no esquema.
"Nossa gente vai fazer uma discussão genérica, não vamos polemizar as coisas", disse Guerra na reunião, da qual participaram Eduardo da Fonte; o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa; o lobista Fernando Baiano; e os executivos Érton Medeiros (representante da Galvão Engenharia) e Ildefonso Colares Filho (na época presidente da Queiroz Galvão). Costa e Fernando Baiano, hoje delatores da Lava Jato, identificaram o momento da conversa em que foi acertado o pagamento da propina. Ildefonso diz: "Dando suporte aí ao senador, tá tranquilo". Guerra responde: "Conversa aí entre vocês".

Gleisi diz que prisão é 'desvio de foco' pelo impeachment

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou, nesta quinta-feira, que a Operação Custo Brasil, que levou à prisão de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (PT), foi realizada pela Polícia Federal para o "desvio de foco da opinião pública deste governo claramente envolvido em desvios", em alusão ao presidente interino Michel Temer (PMDB).
Em uma nota em tom pessoal, a senadora diz que "garantir o impeachment" é tudo o que "mais interessa neste momento" ao atual governo.
No texto, lido no plenário do Senado pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi diz que foi um dia "muito triste" em sua vida.
"Conheço o pai dos meus filhos. Sei das suas qualidades e do que não faria, por isso sei da injustiça que sofreu nesta manhã. Mais de 10 pessoas estranhas entraram em minha casa com ordem de busca e apreensão. Trouxeram também uma ordem de prisão preventiva contra o Paulo", escreveu.
A petista afirma que seu marido sempre esteve à disposição da Justiça e questiona então os motivos para que a operação fosse deflagrada neste momento, já que o processo contra Paulo Bernardo foi iniciado há mais de um ano.

Prisão é para atingir Gleisi, diz Lindbergh Farias

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a prisão de Paulo Bernardo nesta quinta (23) tem o objetivo de atingir a mulher do ex-ministro, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). 
"Fizeram para atingi-la, sabiam que se tivessem que envolvê-la teriam que passar pelo Supremo Tribunal Federal. Estou desconfiadíssimo das motivações políticas desse caso", disse Lindbergh.
"É difícil pensar numa pessoa mais honesta e íntegra do que a Gleisi Hoffmann aqui no Senado. Ela não tem conta no exterior, não tem nada com isso", ressaltou, pouco antes de começar a sessão da Comissão Especial do Impeachment que ouvirá três testemunhas de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff.
Segundo o senador, um dos intuitos da operação da Polícia Federal batizada de "Custo Brasil", que prendeu Bernardo, é enfraquecer a base de apoio de Dilma no processo de impeachment. Gleisi integra a comissão especial sobre o tema na Casa.
Lindbergh Farias avisou que ela não deixará o colegiado. "Não vamos mudar nada nossa linha. A senadora Gleisi vai voltar aqui, é uma das principais pessoas nossas aqui. Mas acho que há um claro intuito de constranger, porque esse (operação "Custo Brasil") espetáculo que foi feito é um processo de criminalização da política", disse o senador.
"Nossa postura aqui não muda um centímetro. Quem acha que a gente vai baixar o tom aqui está muito enganado", afirmou.
Até às 11h45min, Gleisi não havia comparecido à sessão desta quinta da comissão especial.