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Operação Turbulência

- Publicada em 21 de Junho de 2016 às 17:27

Fraude teria ajudado campanha de Campos e Marina

Um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a compra do avião que caiu matando o ex-candidato à presidência Eduardo Campos (PSB), em agosto de 2014, pode ter servido para irrigar a campanha presidencial da chapa de Campos e Marina Silva em 2014, além da eleição para governador dele em 2010, de acordo com a Polícia Federal (PF).
Um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a compra do avião que caiu matando o ex-candidato à presidência Eduardo Campos (PSB), em agosto de 2014, pode ter servido para irrigar a campanha presidencial da chapa de Campos e Marina Silva em 2014, além da eleição para governador dele em 2010, de acordo com a Polícia Federal (PF).
Quatro pessoas foram presas na manhã desta terça-feira na Operação Turbulência, deflagrada pela PF para investigar o suposto esquema em Pernambuco e Goiás suspeito de ter movimentado cerca de R$ 600 milhões desde 2010.
Entre os detidos estão os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite e Apolo Santana Vieira. Eles são donos do Cessna Citation PR-AFA, aeronave envolvida no acidente que matou o ex-governador pernambucano. Foi a partir do avião que a PF descobriu operações suspeitas nas contas de empresas envolvidas na sua aquisição.
"Vimos que a movimentação financeira não foi só para a compra do avião. Eles (empresas de fachada e laranjas), segundo as investigações, intercambiavam muito entre si. Desde 2010, as empresas tinham transações volumosas, que se intensificaram em 2014. Por coincidência ou não, as transações caíram após o acidente", detalhou a delegada Andréa Albuquerque.
A empresa Câmara & Vasconcelos Locação, envolvida na compra da aeronave e já citada no âmbito da Lava Jato em delação premiada pelo doleiro Alberto Youssef, recebeu R$ 18,8 milhões da empreiteira OAS por locação e terraplanagem nas obras de transposição do Rio São Francisco.
Este montante, segundo os investigadores, pode ter servido à aquisição da aeronave e também para outras despesas e dívidas de campanha. A Operação Turbulência compartilhou informações com a Lava Jato.
Os dados sobre o pagamento de R$ 18,8 milhões da OAS à Câmara & Vasconcelos estão em um dos quatro inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) tendo Fernando Bezerra Coelho como investigado. O esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que teria financiado a compra do avião, segundo a PF, se utilizou no total de 18 contas bancárias, entre pessoas físicas e jurídicas. Além das campanhas presidenciais e para governador de Pernambuco, a polícia suspeita que os recursos ilícitos foram injetados também na campanha ao Senado do ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional).

Ex-senadora evitou comentários sobre suposto esquema de corrupção

A ex-senadora Marina Silva, líder da Rede Sustentabilidade, não quis comentar o suposto esquema de corrupção envolvendo o avião que transportava Eduardo Campos (PSB) no dia da sua morte e do qual ela própria fez uso em 2014, quando compunha chapa para concorrer à presidência da República com o ex-governador de Pernambuco. Marina não quis comentar a Operação Turbulência, deflagrada nesta terça-feira, 21, pela Polícia Federal, alegando que ainda não tomou conhecimento da investigação e que pretende esperar a manifestação do PSB.
Segundo a PF, as empresas envolvidas na aquisição da aeronave usada por Campos eram de fachada e estavam em nome de laranjas. Além disso, há evidências de que elas realizavam diversas transações entre si e com outras empresas-fantasma, inclusive com algumas empresas investigadas na Operação Lava Jato. Suspeita-se que parte dos recursos que transitaram nas contas examinadas servia para pagamento de propina a políticos e formação de caixa-2 de empreiteiras. De acordo com os investigadores, o esquema encontrava-se ativo, no mínimo, desde 2010.
A Operação Turbulência resultou na prisão dos empresários Apolo Santana e João Carlos Lyra, que compraram o jato Cessna Citation PR-AFA. Em 13 de agosto, durante a campanha, o avião comprado pelos empresários caiu em Santos, e Campos morreu. Marina, que não estava com ele, assumiu a candidatura e terminou a disputa em terceiro lugar.