Durante décadas, ouvimos a suposta tese de que o cidadão comum, que compra uma arma de fogo legalmente para sua defesa, é o responsável por abastecer o arsenal dos criminosos ao ter sua arma roubada ou furtada. Na CPI das Armas que ocorre na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a polícia apreendeu cerca de 9 mil armas em 2015. Dessas, metade tinha número de série, e apenas 1.200, ou seja, menos de 15% do total, eram registradas no Sistema Nacional de Armas e puderam ser rastreadas. Das armas com registro, grande parte foi furtada, roubada ou desviada de instituições policiais, fóruns, empresas de segurança e até mesmo das Forças Armadas. Obviamente, o contrabando continua sendo o grande abastecedor da criminalidade violenta, colocando nas mãos de criminosos poderosos armamentos, que muitas vezes nem mesmo a polícia pode fazer frente.
Na invasão do Complexo do Alemão, no Rio, em 2010, foi constatado que quase 80% das armas eram de fabricação estrangeira e 60%, de calibre restrito. Havia pelo menos 13 armas identificadas vindas da Polícia Militar do Rio de Janeiro, das Forças Armadas e até da Polícia Militar do Distrito Federal. Algumas armas até já fizeram parte dos arsenais do Exército boliviano, argentino e venezuelano, antes mesmo de chegar às mãos de criminosos. A ideia de que as armas vendidas no mercado nacional para o cidadão abasteceriam a criminalidade se mostra cada vez mais inverossímil, um ardil para se justificar a atual política nacional de desarmamento que nunca mostrou qualquer resultado positivo.
A venda legal de armas em lojas especializadas despencou 90% no Brasil e - vejam só! - o percentual de homicídios com o uso de armas continuou e continua subindo no País. O Uruguai é o país mais armado da América Latina, com uma arma para cada seis habitantes, e possui uma das menores taxas de homicídios (7,81). Já o Paraguai, que apresentava em 2002 a sua taxa mais alta com 24,63 homicídios por 100 mil habitantes, conseguiu reduzir seus índices para apenas 7,98, mesmo possuindo uma das leis mais liberais para posse e porte de armas. Gestores da Segurança Pública seguem com a ideia utópica de que quem está disposto a cometer um crime irá respeitar uma lei que proíbe o porte ou a posse de armas e, mesmo se fosse possível acabar com todas as armas de fogo do mundo, não procuraria outras formas de cometer seus malfeitos.
Presidente do Movimento Viva Brasil