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Educação

- Publicada em 23 de Junho de 2016 às 23:46

Ocupações nas escolas gaúchas chegam ao fim

Quinta-feira foi de limpeza e organização para desmontar acampamento

Quinta-feira foi de limpeza e organização para desmontar acampamento


FREDY VIEIRA/JC
Cadeiras arredadas, esfregão no chão, malas prontas. A quinta-feira foi dia de desmontar acampamento nas 18 escolas ainda ocupadas no Estado. Depois de acordo assinado na terça-feira entre a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) e o Comitê das Escolas Independentes (CEI), os estudantes anunciaram que entregariam as chaves das instituições às direções responsáveis. A desocupação ocorreu de forma pacífica.
Cadeiras arredadas, esfregão no chão, malas prontas. A quinta-feira foi dia de desmontar acampamento nas 18 escolas ainda ocupadas no Estado. Depois de acordo assinado na terça-feira entre a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) e o Comitê das Escolas Independentes (CEI), os estudantes anunciaram que entregariam as chaves das instituições às direções responsáveis. A desocupação ocorreu de forma pacífica.
"Pudemos conhecer e fazer parte de verdade do colégio nesse tempo. Criamos uma relação de amor e carinho com esse espaço. Se as aulas voltarem amanhã ou no ano que vem, dependendo da greve dos 'profes', os alunos e a escola serão diferentes, porque passaram por esse processo lindo de ocupação, que realmente transformou a vida de cada um de nós", observa Daniel de Oliveira, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Júlio de Castilhos.
Os 40 dias de ocupação serviram para aproximar estudantes que, anteriormente, se sentiam distanciados do colégio e, por isso, faltavam a aulas frequentemente, segundo o adolescente. "Durante as ocupações, pessoas que eu nem conhecia, por faltarem muito às classes, começaram a se inteirar e amar o Julinho", comenta. Os ocupantes justificam o engajamento à gestão autônoma e horizontal possível quando um movimento é formado por iguais, no caso, jovens alunos. Em torno de 45 a 50 pessoas dormiam diariamente no colégio.
O acordo fechado pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) com o governo, na semana passada, que previa investimento de R$ 40 milhões na infraestrutura das escolas e adiamento da discussão sobre o Projeto de Lei do Executivo nº 44/2016 (que propõe parcerias com organizações privadas para a execução de atividades como educação e saúde) para o ano que vem, foi considerado falho pelos integrantes do CEI. Por isso, os estudantes da entidade independente ocuparam a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) na quarta-feira passada. O protesto terminou com prisões e apreensão de menores, que responderão inquéritos.
Daniel considera o novo acerto com a Seduc, junto ao CEI, como relativamente bem-sucedido - a entidade foi reconhecida como legítima pelo governo do Estado e terá 50% de cadeiras garantidas no Fórum da Educação, criado para fiscalizar as ações governamentais. A estudante Júlia Couto, de 16 anos, também do Julinho, assegura que o movimento permanecerá lutando por outras pautas ainda não atendidas, como o fim do Projeto de Lei nº 190/2015, do deputado estadual Marcel Van Hattem (PP), que proíbe manifestações de caráter ideológico por parte de professores.
Vinícius (nome fictício), de 18 anos, também participante da ocupação do Júlio de Castilhos, acredita que o movimento deu início a uma militância própria da juventude secundarista. "Politizamos muita, muita gente e conseguimos criar o CEI, então não dependeremos mais das entidades para estar na luta. Esses foram os nossos maiores ganhos", destaca. A entidade realizará uma assembleia entre representantes das escolas para definir os novos rumos do movimento.

Professores decidem se a greve continua nesta sexta-feira

Os professores estaduais decidem, nesta sexta-feira, os rumos da paralisação que já dura 43 dias e afeta todo o Rio Grande do Sul. Em assembleia geral, marcada para as 13h30min, no Gigantinho, em Porto Alegre, a categoria debaterá e decidirá, por meio de votação, quais serão os próximos passos.
Ontem, o comando de greve esteve reunido durante boa parte do dia para debater a contraproposta entregue pelo governo na quarta-feira. Como resultado da discussão, um documento foi entregue ao Palácio Piratini, com sugestões de melhorias às garantias oferecidas pelo Estado.
Entre elas estão a revogação da portaria que instituía um grupo de trabalho para avaliar o Difícil Acesso e o prolongamento da discussão sobre o Projeto de Lei nº 44/2016 até o final do ano. O Estado se comprometeu a não cortar o ponto dos trabalhadores mediante recuperação das aulas e prometeu nomear professores, priorizar o pagamento da autonomia financeira das escolas e a garantir repasse de R$ 40 milhões, até o final do mês, para reformas escolares.
Nesta sexta-feira, também será realizada uma plenária do Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, às 13h, no auditório do Sindipolo, na avenida Júlio de Castilhos, 586, que definirá ações para enfrentar o desmonte dos serviços públicos.

Estudantes aguardam intimação por ato na Secretaria da Fazenda

Daniel foi um dos jovens apreendidos durante a ocupação da Sefaz, na quarta-feira da semana passada. "Colocamos nossa cara à tapa em resposta ao acordo da Ubes e ocupamos o prédio da Fazenda de forma simbólica, pois é lá que fica o nosso dinheiro. Infelizmente, fomos detidos por brigarmos por uma educação melhor. É algo inadmissível que aconteça", defende. Trinta e três adolescentes e dez pessoas com 18 anos ou mais foram detidas no evento, entre eles o jornalista Matheus Chaparini, do jornal JÁ, enquanto cobria o protesto. Todos aguardam intimação em liberdade.
Júlia, também apreendida, conta que não foi agredida, mas viu amigas sendo empurradas por policiais militares e jogadas no chão. "Foi horrível. A primeira amiga minha a ser levada foi puxada, caiu de costas no chão e, nas escadas, bateram nela", relata.
Os jovens não esperavam que a atuação da Brigada Militar tomasse proporções tão grandes. "Era um bando de adolescentes que não queria fazer nada demais e acabou indo preso. Eu achei um exagero. Parece que eles não querem mais que a gente se imponha e nos impedem desse jeito, nos criminalizando", critica Júlia.