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Contas Públicas

- Publicada em 16 de Junho de 2016 às 19:04

Dívida pode passar de 80% do PIB se nada for feito, alertam ministros

Meirelles e Oliveira criticam o agudo desequilíbrio fiscal em que o governo foi colocado

Meirelles e Oliveira criticam o agudo desequilíbrio fiscal em que o governo foi colocado


EVARISTO SA/AFP/JC
Em mensagem enviada ao Congresso Nacional, juntamente ao texto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece o teto de gastos, os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmam que o Novo Regime Fiscal busca reverter o quadro de "agudo desequilíbrio fiscal" em que o governo federal "foi colocado" nos últimos anos. Caso nenhuma providência seja tomada, a dívida bruta pode ultrapassar o patamar de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) "nos próximos anos", alertam os ministros.
Em mensagem enviada ao Congresso Nacional, juntamente ao texto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece o teto de gastos, os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmam que o Novo Regime Fiscal busca reverter o quadro de "agudo desequilíbrio fiscal" em que o governo federal "foi colocado" nos últimos anos. Caso nenhuma providência seja tomada, a dívida bruta pode ultrapassar o patamar de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) "nos próximos anos", alertam os ministros.
A situação dos últimos anos, com crescimento das despesas superior ao avanço das receitas e a assunção de outras obrigações, provocou um aumento sem precedentes da dívida pública federal, apontam Meirelles e Oliveira no documento. A mudança de rumos nas contas públicas, defendem, é necessária para restabelecer a confiança na sustentabilidade dos gastos e da dívida pública e essencial para retomar o crescimento.
"De fato, a Dívida Bruta do Governo Geral passou de 51,7% do PIB, em 2013, para 67,5% do PIB em abril de 2016; e as projeções indicam que, se nada for feito para conter essa espiral, o patamar de 80% do PIB será ultrapassado nos próximos anos", diz o texto.
"Dessa forma, ações para dar sustentabilidade às despesas públicas não são um fim em si mesmas, mas o único caminho para a recuperação da confiança, que se traduzirá na volta do crescimento", sustentam os ministros.
Nesta quinta-feira, o presidente interino, Michel Temer, formalizou, no Diário Oficial da União (DOU), o envio ao Congresso da PEC que cria um teto para os gastos da União. De acordo com o projeto apresentado na quarta-feira pelo Ministério da Fazenda, a despesa primária total não poderá ter crescimento real a partir de 2017, e os gastos totais da União - incluídos os Poderes Legislativo e Judiciário, além de Ministério Público da União e Defensoria Pública da União - serão reajustados com base na inflação oficial (IPCA) do ano anterior. Também valores mínimos dos gastos com saúde e educação da União passarão a ser corrigidos pela variação da inflação do ano anterior, e não mais pela receita.
O prazo de vigência das regras será de 20 anos, com possibilidade de revisão da fixação do limite a partir do décimo ano. Ficam fora do alcance da PEC as transferências constitucionais a estados, municípios e Distrito Federal e os créditos extraordinários, além das complementações ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), as despesas da Justiça Eleitoral com as eleições e despesas de capitalização de estatais não dependentes.
A proposta de emenda constitucional ainda prevê restrições ao Poder que descumprir o respectivo limite, como a proibição de realizar concurso público ou conceder aumento de remuneração de servidores no exercício seguinte.

Meta fiscal de 2017 será revista e virá sem CPMF

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou, nesta quinta-feira, que o governo vai enviar ao Congresso uma revisão dos parâmetros e metas do projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) 2017, sem contar com os R$ 33 bilhões previstos inicialmente com a CPMF.
O projeto original da LDO foi enviado pela presidente afastada Dilma Rousseff em abril e prevê um déficit de R$ 65 bilhões para o governo federal. Na época, Oliveira era secretário executivo do Ministério da Fazenda.
Segundo o ministro, os parâmetros e metas já estão defasados. Além disso, o novo governo tem como orientação retirar dos textos orçamentários receitas que dependem de projetos não aprovados.
Essa orientação está entre os fatores que levaram o presidente interino Michel Temer a fazer também a revisão da meta de 2016 de R$ 97 bilhões para
R$ 170,5 bilhões. "Não consideraremos na receita para 2017 projetos que não estejam aprovados. Retiraremos isso (CPMF) da estimativa, salvo se houver aprovação. É a metodologia que adotamos para 2016 e trabalharemos para outros anos", afirmou Oliveira durante audiência pública nesta quinta-feira na CMO (Comissão Mista do Orçamento).
O ministro comparou as projeções da LDO com os dados da última pesquisa Focus, do Banco Central. A projeção de crescimento do PIB é a mesma (1%). Para a inflação, o IPCA é de 6% pela LDO e 5,5% na projeção dos analistas.
"Traremos em tempo uma proposta de revisão não só dos parâmetros, mas também das metas fiscais. Tinha pedido ao presidente (da CMO) que fizesse a audiência mais ao final do mês para trazer já essa revisão", disse Oliveira.
O ministro afirmou ainda que a renegociação da dívida de estados e municípios com a União terá impacto sobre a estimativa de que esses entes farão um superávit primário de R$ 6,8 bilhões no próximo ano, o que indica que o governo pode rever o número para baixo.
A LDO está prevista para ser votada na Comissão Mista do Orçamento no dia 13 de julho. Depois, segue para o plenário do Congresso.