Numa fala emocionada e ao lado dos ministros de seu governo, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) afirmou que a abertura do processo de impeachment no Senado, nesta quinta-feira, ameaça levar a democracia e as conquistas que a população alcançou nas últimas décadas. "Tenho sido uma fiadora zelosa do Estado Democrático de Direito", disse.
A presidente se dirigiu à população e afirmou que "o golpe não visa apenas a destituir uma presidente eleita pelo voto", mas a "impedir a execução do programa que foi escolhido pelos votos majoritários dos 54 milhões de brasileiros". "O maior risco para o País neste momento é ser dirigido por um governo sem voto, que não foi eleito pelo voto direto. Um governo que não terá a legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios do Brasil e que pode se ver tentado a reprimir os que protestam contra ele", disse.
Dilma lembrou que, durante as manifestações populares, seu governo não cometeu nenhum ato contra manifestantes de qualquer posição política. A presidente afirmou que exerceu seu mandato de forma digna e honesta e que honrou os votos que recebeu. "Em nome desses votos, vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para exercer meu mandato até o fim, até 31 de dezembro de 2018."
Emocionada, Dilma afirmou que, no espelho, "o mais importante é que pode ver a face de alguém que, mesmo marcada pelo tempo, tem força para defender suas ideias e seus direitos". "Nunca imaginei que seria necessário lutar de novo contra um golpe no meu País, nossa democracia é jovem, feita de lutas, sacrifícios e mortes, não merece isso", disse.
A presidente afastada pediu que os que são a favor de seu governo continuem lutando. "A luta pela democracia não tem data para terminar. É longa e pode ser vencida, e nós vamos vencer", disse, antes de fazer um chamado para que todos "mantenham-se mobilizados, unidos e em paz".
Ao lado de ministros, a presidente afirmou que "a história é feita de luta, e sempre vale a pena lutar pela democracia". "A democracia é o lado certo da história. Jamais vamos desistir, jamais vou desistir de lutar", finalizou.
Do lado de fora do Planalto, Dilma disse que esse é um dia muito triste. "Vivemos uma hora triste para a democracia brasileira. A jovem democracia brasileira está sendo vítima de um golpe daqueles que perderam as eleições e tentam agora chegar ao poder", afirmou.
Enquanto se preparava para falar à militância, Dilma perguntou a assessores "onde está o Lula?". O ex-presidente se posicionou atrás da presidente afastada enquanto ela falava, mas não discursou.
A petista repetiu os termos do pronunciamento feito minutos antes dentro do Palácio do Planalto. Ela afirmou que tem orgulho de ter sido a primeira mulher a ser eleita para o cargo de presidente e argumentou que os atos pelos quais está sendo afastada eram "corriqueiros" de outros governos. "Este golpe está baseado em razões levianas e injustificáveis", afirmou.