As pressões sociais contra o governo argentino de Mauricio Macri se acentuaram nesta semana com a paralisação de professores e médicos. As duas categorias pedem reajustes maiores que 30% para recompor as perdas salariais. Consultorias calculam que a inflação dos 12 meses encerrados em abril chegou a 40%.
Os professores universitários realizaram uma marcha nesta quinta-feira reunindo quatro centrais sindicais do setor. De acordo com o secretário adjunto da Conadu Histórica (federação nacional de docentes), Antonio Rosello, 1,5 milhão de estudantes estão sem aula e 28 universidades federais paradas.
Além do reajuste salarial, os professores reivindicam um aumento no orçamento das faculdades, também corroído pela inflação. Na semana passada, Macri anunciou que repassará às instituições 500 milhões de pesos (R$ 120 milhões) a mais do que o previsto.
Os sindicatos, porém, dizem que não é suficiente, já que os recursos representam 1% do orçamento de cerca de 50 bilhões de pesos (R$ 12 bilhões). "Esse valor dará só para as universidades pagarem a energia", disse Rosello, em referência ao aumento das contas de luz, que chega a 500% na Região Metropolitana de Buenos Aires.
Na província de Buenos Aires, comandada pela governadora María Eugenia Vidal (do mesmo partido de Macri, o PRO), os hospitais começaram na quarta-feira uma paralisação de 72 horas. Na capital do país, a greve dos profissionais da área médica será de 48 horas.
A sede do Executivo de Buenos Aires está ocupada por trabalhadores de cooperativas e movimentos sociais, que também reclamam por melhores salários. A analista política Mariel Fornoni, da Managment & Fit, afirma que o momento é delicado para o governo, mas destaca que Macri pode não ter sua imagem tão arranhada pelas greves, porque os sindicatos não são bem vistos por parte da população. Segundo pesquisa da consultoria Giacobbe & Asociados, a aprovação do presidente está em 60%, dez pontos a menos do que em novembro, quando Macri venceu as eleições.