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Geral

- Publicada em 19 de Maio de 2016 às 22:21

'A solução é encarcerar', diz comandante da Brigada

Suzy Scarton
Impunidade, perturbação pública, fechamento de postos da Brigada Militar e sensação de insegurança foram as principais reclamações dos 21 representantes da sociedade na tarde desta quinta-feira, durante a primeira audiência pública sobre segurança, organizada pela seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS). Como resultado do encontro, será criado o comitê "Cidadania pela Segurança", com objetivo de elencar dificuldades e sugestões para apresentá-las ao governador José Ivo Sartori. A intenção é tornar o documento um projeto de lei.
Impunidade, perturbação pública, fechamento de postos da Brigada Militar e sensação de insegurança foram as principais reclamações dos 21 representantes da sociedade na tarde desta quinta-feira, durante a primeira audiência pública sobre segurança, organizada pela seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS). Como resultado do encontro, será criado o comitê "Cidadania pela Segurança", com objetivo de elencar dificuldades e sugestões para apresentá-las ao governador José Ivo Sartori. A intenção é tornar o documento um projeto de lei.
Nem o governador nem o secretário de Segurança Pública do Estado compareceram à audiência, fato visto pelo presidente da OAB/RS, Ricardo Breier, como "afastamento da política à necessidade da cidadania".
Representando o governo, estava o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas Moreira, que garantiu que a polícia vem fazendo a parte dela. "Todos os dias fazemos abordagens, apreensões, prisões. A solução é encarcerar, criar uma legislação rígida. Temos 497 municípios e deveríamos ter 497 presídios, para ressocializar", argumentou Freitas. Ele também se posicionou contra a descriminalização da maconha, alegando que as drogas são os "principais motivadores do crime".
Quanto ao fechamento de postos da Brigada na Capital, o comandante garante que é uma solução temporária. "Não podemos deixar um policial estático, o crime é dinâmico. O policial pode ficar na ronda, protegendo aquela comunidade que perdeu o policial do posto", defende.
O subchefe da Polícia Civil, delegado Leonel Carivali, garantiu que o órgão está empenhado em proteger a população. Para ele, é imprescindível focar na investigação do crime organizado e de lavagem de dinheiro. "Entendemos que esses crimes estão munindo a violência urbana e a impunidade", acrescentou.

Depoimentos

“A maneira como a segurança pública vem sendo administrada no Estado não pode mais continuar. Deve haver uma política de estado no que diz respeito à segurança pública, é isso que a sociedade espera. A OAB fará audiências públicas por todo o Brasil, em todos os estados, e a partir disso, teremos um diagnóstico real da situação da segurança pública no Brasil. Acredito que a solução, no entanto, não passe pela criação de ministérios ou pastas. O que é preciso haver é a priorização.” Claudio Lamachia, presidente da OAB nacional
“Temos recebido muitos relatos dos cidadãos e percebemos a importância de debater o tema. A questão da segurança não pode ser transitória, que recomeça a cada quatro anos, com troca de governantes. Tem que ser um ato de estado, é preciso que tenha princípios permanentes que possam ser atualizados. Esse comitê que será criado debaterá sugestões a fim de gerar um projeto de lei, que será apresentado ao governador José Ivo Sartori. Não estamos contra o governo, mas eles não podem usar a fala da falta de dinheiro como desculpa para não viabilizar nenhum aspecto da segurança pública.” Ricardo Breier, presidente da seccional gaúcha da OAB
“A sociedade cansou. Queremos políticas para próxima geração, não para próxima eleição. A violência no trânsito mata mais que guerras. E aqui, essa guerra no trânsito não é levada à sério. Só fazemos campanhas pontuais, antes de feriados. Fico envergonhada de representar o Brasil, o terceiro país mais violento no trânsito, em eventos internacionais. Jovens e crianças são os que mais morrem e nós não consideramos que seja um acidente, uma fatalidade, são crimes de trânsito.” Diza Gonzaga, presidente da Fundação Thiago Gonzaga
“A segurança na área da saúde já virou um problema. Temos pessoas se demitindo do Sistema Único de Saúde (SUS) não pela remuneração ou condições de trabalho, e sim, pelo medo, pela falta de segurança. Há assaltos e invasões frequentes e nada garante que aquele invasor não voltará a entrar no hospital. Não temos policiamento e a Guarda Municipal, em termos de número, é uma piada.” Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers)
“Não podemos mais considerar o hospital um local de acolhida. Estamos longe daquele tempo em que as notícias eram de pequenos furtos ou tentativa de roubar um bebê da maternidade. Agora, temos que considerar a área como algo que demanda segurança.” Jairo Tessari, superintendente da Federação das Santas Casas
“Somos a mais antiga organização de Direitos Humanos no Brasil. A segurança se apoia num tripé: policiamento, Judiciário e sistema penitenciário. Nossa Constituição Federal, no entanto, não promoveu a mudança do modelo de polícia, é o mesmo modelo da ditadura. Temos um aparelho de Estado, que custa muitíssimo caro e é ineficiente. Pensei que manifestações de 2013 fossem fazer com a cidadania exigisse uma ampla discussão sobre o assunto.” Jair Krischke, presidente Movimento de Justiça e Diretos Humanos (MJDH)
"Temos enfrentado casos graves de perturbação do sossego e de prostituição na orla de Ipanema, na zona Sul de Porto Alegre. Preocupamo-nos muito com o fechamento dos postos militares comunitários. Isso aumenta a insegurança, perdemos referência. Queremos discutir a retomada para reverter essa situação." Vanessa Vieira, representante da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema
"A Brigada Militar é uma parceira nossa, mas sofremos muito com o fechamento do nosso posto, que existia há mais de 29 anos, beneficiando 100 mil pessoas. É uma área que nunca mais teremos. Oposto foi construído e restaurado pela sociedade, e cedido à Brigada MIlitar. Deveríamos buscar recursos e não retirar os postos. O policiamento comunitário é algo que deve ser pensado, pois a comunidade são os olhos e os ouvidos dos policiais." Milton Gerson, representante da Associação dos Amigos do Bairro Bom Fim
“As manifestações da semana passada ocorreram dentro da normalidade esperada, com cerca de mil, 2 mil pessoas. Depois do ato, 90% das pessoas se dissiparam. Permaneceu um grupo de 100 pessoas ali na José do Patrocínio, bloqueando a via. A Brigada Militar só interviu nas pessoas que estavam bloqueando a via”, comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas Moreira, sobre a acusação de excessos utilizados por parte de brigadianos contra manifestantes na semana passada
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