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Segurança

- Publicada em 17 de Maio de 2016 às 22:05

Jovens denunciam excessos em ação da Brigada Militar

Júlia foi atingida por duas balas de borracha e uma bomba de gás lacrimogêneo

Júlia foi atingida por duas balas de borracha e uma bomba de gás lacrimogêneo


MARCO QUINTANA/JC
Na sexta-feira passada, as ações questionáveis de policiais militares durante as manifestações contra o presidente interino, Michel Temer, e o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, chamaram atenção. Quatro mulheres, que possuem de 20 a 25 anos, negaram qualquer atitude agressiva contra os policiais e relataram agressões depois de terem sido algemadas. Ontem à tarde, as quatro concederam uma entrevista coletiva na sede da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), com a presença de três advogados, responsáveis pela defesa.
Na sexta-feira passada, as ações questionáveis de policiais militares durante as manifestações contra o presidente interino, Michel Temer, e o presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, chamaram atenção. Quatro mulheres, que possuem de 20 a 25 anos, negaram qualquer atitude agressiva contra os policiais e relataram agressões depois de terem sido algemadas. Ontem à tarde, as quatro concederam uma entrevista coletiva na sede da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), com a presença de três advogados, responsáveis pela defesa.
A confusão começou quando a artista visual Alexandra Assumpção viu a estudante de Jornalismo Carolina Fortes sendo agredida e jogada ao chão pelos policiais. Mesmo sem conhecê-la, sentiu-se instigada a ajudar e se aproximou, sendo também detida pelos militares. Um dos envolvidos não estava fardado, uma vez que pertence ao serviço secreto da Brigada Militar. Ao perceber que Alexandra também havia sido agredida, a estudante de Artes Visuais Nicole Loss tentou ajudá-la, e, da mesma forma, foi presa. As três foram levadas à 3ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, no bairro Navegantes, na zona Norte da Capital. A estudante de Direito Júlia Gomes e Silva da Costa, amiga de Alexandra e Nicole, viu as duas sendo agredidas. Ao tentar ir até elas, Júlia foi atingida por duas balas de borracha e por uma bomba de gás lacrimogêneo. Mesmo ferida, conseguiu descobrir para onde as meninas foram levadas e foi até lá. Quando chegou, foi "reconhecida" por um policial, que afirmou tê-la visto na manifestação e que, por isso, daria voz de prisão a ela.
Enquanto isso, o advogado Darcy de Moraes soube, por meio de redes e grupos que mantém com outros profissionais, que uma garota teria desaparecido durante as manifestações. "Não sabemos se foi um equívoco ou se foi uma informação plantada para que perdêssemos tempo, porque nunca encontramos essa quinta pessoa", pondera Moraes, um dos primeiros a chegar à delegacia. "Quando os policiais viram os advogados lá, mudaram o relato e começaram a dizer que elas tinham tentado agredi-los. De vítimas, elas passaram a agressoras", explica.
Carolina e Júlia estavam feridas e foram levadas ao Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS), acompanhadas por Moraes. Alexandra e Nicole, por sua vez, permaneceram na delegacia, algemadas, até que a advogada Jucemara Beltrame exigisse que elas fossem soltas. "Os policiais diziam que não tinham as chaves. Somente quando o sargento chegou, é que puderam abrir as algemas", conta Jucemara. De acordo com os advogados, as medidas tomadas pelos policiais foram descabidas e exageradas. As mulheres ficaram cerca de oito horas detidas.
Alexandra e Carolina estão sendo acusadas de resistência à prisão. Júlia e Nicole, por sua vez, de tentativa de lesão corporal. A defesa atuará contra essas acusações. Além disso, os advogados pretendem buscar a Corregedoria-Geral de Justiça, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Militar, além de denunciar os excessos policiais aos movimentos de direitos humanos.

Protocolo de atuação policial permite uso de força caso necessário

Na segunda-feira, o governo estadual divulgou uma nota afirmando que "todos os grupos sociais têm direito a fazer manifestações públicas". No entanto, alega que "eventuais excessos, de parte a parte, devem e serão apurados individualmente por meio das medidas cabíveis". Procurada pela reportagem ontem à tarde, a Brigada Militar disse que não falaria sobre o assunto.
No ano passado, o governo divulgou um protocolo que define os procedimentos a serem adotados em casos de manifestações e bloqueios de vias públicas. Quando os eventos ocorrerem na área urbana, serão chamadas a Guarda Municipal ou a Brigada Militar (BM). O protocolo admite o uso da força, caso necessário.
Também na segunda-feira, parlamentares do PCdoB, do P-Sol e do PT pediram que o secretário estadual de Segurança, Wantuir Jacini, e o comandante-geral da BM, Alfeu Freitas Moreira, fossem exonerados. Ontem, os deputados Jorge Pozzobom (PSDB), João Reinelli (PV), Marcel Van Hattem (PP), Sérgio Turra (PP) e Zilá Breintenbach (PSDB) manifestaram apoio à atuação dos policiais.