Porto Alegre,

Anuncie no JC
Jornal do Comércio. O jornal da economia e negócios do RS. 90 anos.

Publicada em 22 de Maio de 2016 às 22:48

Cultura de pão e vinho

 Pães Artesanais

Pães Artesanais

PADARIE /DIVULGAÇÃO/JC
Compartilhe:
JC
JC
Quem sabe essa seja uma das combinações mais antigas da história do homem à mesa: o pão e o vinho. Acompanhamento de muitas refeições, a dupla representa a capacidade de transformação do ingrediente, a partir de sua fermentação, em produtos mais ricos em sabor. Para Mauricio Rollof, sommelier e professor do Senac-RS, não é coincidência que países com uma ampla cultura de produção e consumo de pães, como França, Itália, Espanha e Portugal, sejam também grandes produtores de vinho. "Nestes lugares, eles são produtos cotidianos, consumidos sem grandes regras ou preparativos. É esse comportamento que permite tamanha diversidade de opções e combinações. Na França, por exemplo, é comum ver a baguete, um símbolo nacional, sendo transportada embaixo do braço e consumida pura, em qualquer praça ou calçada. Assim como o vinho, que é visto sendo servido em copos de boteco e bebido sem cerimônia", observa.
Quem sabe essa seja uma das combinações mais antigas da história do homem à mesa: o pão e o vinho. Acompanhamento de muitas refeições, a dupla representa a capacidade de transformação do ingrediente, a partir de sua fermentação, em produtos mais ricos em sabor. Para Mauricio Rollof, sommelier e professor do Senac-RS, não é coincidência que países com uma ampla cultura de produção e consumo de pães, como França, Itália, Espanha e Portugal, sejam também grandes produtores de vinho. "Nestes lugares, eles são produtos cotidianos, consumidos sem grandes regras ou preparativos. É esse comportamento que permite tamanha diversidade de opções e combinações. Na França, por exemplo, é comum ver a baguete, um símbolo nacional, sendo transportada embaixo do braço e consumida pura, em qualquer praça ou calçada. Assim como o vinho, que é visto sendo servido em copos de boteco e bebido sem cerimônia", observa.
A cultura do pão ainda engatinha em Porto Alegre. Nos últimos anos, um movimento importante acontece na cidade com a abertura de padarias com receitas e processos especiais. Priscila Fighera, à frente da Padarie, está entre as protagonistas. "Quando abri o negócio, pensei que o público ficaria no básico. Há um imaginário que o brasileiro só come pão francês. A experiência tem mostrado o contrário. Nossos clientes buscam pães diferentes e informações sobre o processo", diz.
Os pães da Padarie, criados a partir das experiências de Priscila no exterior, trazem um gostinho especial, a fermentação natural. "É um processo bem artesanal, sem adição de produtos químicos. No lugar do fermento, usamos o levain, levedura viva produzida e cultivada na própria padaria. E isso confere textura, aroma e sabor bem diferentes", explica.
Segundo Priscila, o pão é tão trivial que, muitas vezes, não ganha a devida atenção. "Aos pouquinhos, as pessoas estão, finalmente, aprendendo a degustá-lo. E isso passa pela aparência, interior leve e com alvéolos abertos, cheiro do levain e, por fim, o sabor."
O alimento também está presente em degustações de vinho para neutralizar o paladar entre uma taça e outra. "Logo, a harmonização com vinhos quase nunca é direcionada a ele. Mas sem dúvida é possível gerar grandes experiências a partir da combinação dos dois. Assim como as padarias e restaurantes vêm investindo em popularizar as diferentes receitas de pão, poderiam facilitar o acesso ao vinho, oferecendo mais rótulos em taça, por exemplo. Ou mesmo cobrando preços mais amigáveis ao consumidor, que incentivassem a combinação dos dois", comenta Roloff.
As regras de harmonização são as mesmas que regem a combinação da bebida com outros pratos. "Uma dica é buscar a regra da regionalidade das harmonizações. Isso significa combinar receitas clássicas com vinhos que tenham a mesma origem. Pães franceses com vinhos franceses, pães italianos com vinhos italianos, e assim por diante. Fora isso, pães mais gordurosos pedem vinhos mais ácidos para quebrar a untuosidade, e receitas cremosas combinam com vinhos que tragam a mesma característica. Se o pão tiver algum ingrediente marcante, como especiarias ou frutas, é uma boa buscar vinhos que tragam esses traços aromáticos. Isso pode ajudar a estabelecer uma conexão", sugere o sommelier.

Experimente combinar

  • Focaccia: receita italiana com origem na região da Ligúria. Por regionalidade, pode ser combinado com vinhos locais, como os brancos aromáticos feitos com a uva Vermentino. A acidez deste vinho vai ajudar a quebrar a gordura do pão, que leva bastante azeite em seu preparo.
  • Pão de figo: o ideal seria buscar vinhos que tragam notas aromáticas que combinem com a fruta que faz parte da receita. Tintos de uvas como a Merlot, com algum tempo de envelhecimento, muitas vezes trazem esse aroma de figo, tornando-se boa opção.
  • Baguete: é um pão de consumo cotidiano na França. Portanto, um vinho francês igualmente descomplicado poderia cair bem. Sendo uma receita bastante neutra e de textura mais seca, um vinho ácido e leve, que enxague bem a boca entre uma mordida e outra, funciona bem. Se pensarmos numa situação de consumo comum à baguete, como um piquenique, é possível escalar um Gamay, que igualmente combina com o clima de parque e toalha no chão. Se o destaque for o levain, o ideal é um vinho com aromas de levedura e panificação, como um espumante nature ou extra-brut com algum envelhecimento.
  • Croissant: a leveza da massa é a marca da receita. O ideal é buscar vinhos igualmente leves. Espumantes e frisantes saltam à memória. Este é um tipo de pão que comporta bem acompanhamentos leves, é possível combiná-lo com ricota cremosa e servi-lo com um Chardonnay sem passagem por barrica, um produto que evidencie a cremosidade natural desta uva.

Padarias que você precisa conhecer

 Padarie

Padarie

PADARIE /DIVULGAÇÃO/JC
Padaria Ô de Casa
  • O que provar: panqueca estilo americano com calda de frutas vermelhas
  • Rua Gonçalo de Carvalho, 04 - Independência - Porto Alegre
Vanilla & Louro
  • O que provar: o Pão Baguette e o Cannelé, doce tradicional francês de massa úmida e caramelizada com baunilha in natura
  • Rua João Antonio da Silveira, 266/9 - Novo Hamburgo
Padarie
  • O que provar: pão multigrãos, bolo de iogurte com chia e croissant
  • Rua Cel. Fabrício Pillar, 822 - Auxiliadora - Porto Alegre

Notícias relacionadas