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Tributos

- Publicada em 31 de Maio de 2016 às 22:12

PF indicia o presidente do Bradesco na Zelotes

 Luiz Trabuco   ***ATENÃ?Ã?O FOTO DE ARQUIVO***OSASCO, SP, 06.08.2015: Legenda: ***ATENÇÃO FOTO DE ARQUIVO***OSASCO, SP, 06.08.2015: OPERAÇÃO-ZELOTES - O Ministério Público Federal no Distrito Federal recebeu nesta terça-feira (31) relatório da Polícia Federal que indicia o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, e outras nove pessoas no âmbito da Operação Zelotes, que investiga a venda de sentenças do Carf (conselho administrativo de recursos fiscais). Na foto, Luiz Trabuco em uma entrevista em Osasco, na Grande São Paulo, em 06.08.2015. (Foto: Karime Xavier/Folhapress)

Luiz Trabuco ***ATENÃ?Ã?O FOTO DE ARQUIVO***OSASCO, SP, 06.08.2015: Legenda: ***ATENÇÃO FOTO DE ARQUIVO***OSASCO, SP, 06.08.2015: OPERAÇÃO-ZELOTES - O Ministério Público Federal no Distrito Federal recebeu nesta terça-feira (31) relatório da Polícia Federal que indicia o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, e outras nove pessoas no âmbito da Operação Zelotes, que investiga a venda de sentenças do Carf (conselho administrativo de recursos fiscais). Na foto, Luiz Trabuco em uma entrevista em Osasco, na Grande São Paulo, em 06.08.2015. (Foto: Karime Xavier/Folhapress)


KARIME XAVIER/FOLHAPRESS/JC
A Polícia Federal (PF) indiciou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e outras nove pessoas em um inquérito da Operação Zelotes, que apura se grandes contribuintes pagaram propina para reverter pagamentos de multas na Receita Federal.
A Polícia Federal (PF) indiciou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e outras nove pessoas em um inquérito da Operação Zelotes, que apura se grandes contribuintes pagaram propina para reverter pagamentos de multas na Receita Federal.
O Ministério Público do Distrito Federal ainda avalia o relatório da polícia e deve solicitar novas diligências antes de decidir se apresenta ou não denúncia à Justiça. Suspeita-se que quadrilhas atuavam no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, prometendo reverter ou anular passivos tributários.
A Polícia Federal indiciou Trabuco e outros dois executivos do banco - Luiz Carlos Angelotti, diretor-gerente de Relações com Investidores, e Domingos Figueiredo Abreu, vice-presidente - em apuração sobre suspeitas de corrupção. Os demais indiciados são ligados ao Carf e a um escritório de consultoria suspeito de integrar esquema, sob suspeitas de corrupção, tráfico de influência, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Em relatório, a PF diz que a diretoria do banco "teve contato" com lobistas e alvos do esquema de venda de sentenças em, ao menos, uma reunião na sede da instituição financeira, em Osasco. Mas o Bradesco, por meio de nota, negou a "contratação dos serviços oferecidos pelo grupo investigado" e ressaltou que o banco foi derrotado, por seis votos a zero, no julgamento do Carf que serviu de base à investigação.
A polícia sustenta que o banco estaria ciente da intenção dos lobistas. "Não é crível que a alta cúpula de uma das maiores instituições do País aceite receber qualquer tipo de aventureiro ou mercador que venham bater a sua porta vendendo soluções milagrosas para dirimir débitos fiscais", diz o texto.
Para o Bradesco, há muitas suposições e poucos fatos. Já para a Polícia Federal, está claro o envolvimento de diretores para beneficiar a empresa em um caso de recuperação de créditos tributários decorrentes de PIS/Cofins.
Uma pessoa investigada passa à condição de indiciada quando o inquérito policial aponta um ou mais indícios de crime. Caberá, agora, ao Ministério Público Federal decidir se encaminha o caso à Justiça.
A Polícia Federal usa uma interceptação feita no telefone de Eduardo Cerqueira Leite, um dos envolvidos no esquema, em 9 de outubro de 2014, para mostrar que ele se reuniu com a cúpula do Bradesco com intuito de negociar ajuda junto ao Carf. O banco nega a participação de Trabuco naquele encontro.
Em outra interceptação, dois dos lobistas que tentavam vender a "consultoria" para o banco falam ao telefone que a comissão pelo negócio seria de R$ 30 milhões. O relatório da Polícia Federal não afirma que o negócio foi concretizado e pago.
Em comunicado ao mercado, o Bradesco afirma que foi pego de surpresa pelo indiciamento de três integrantes da direção do banco, inclusive o seu diretor-presidente. Segundo o banco, dois diretores foram ouvidos como testemunhas e o presidente da companhia sequer foi ouvido "tampouco participou de qualquer reunião com representantes do escritório de assessoria tributária" que é objeto do inquérito. "A companhia informa que jamais prometeu, ofereceu ou deu vantagem indevida a quaisquer pessoas, inclusive a funcionários públicos, para encaminhamento de assuntos fiscais ou de qualquer outra natureza", afirma.
Segundo o comunicado do banco, os dois diretores ouvidos pela PF em São Paulo "esclareceram que foram procurados por escritório de assessoria tributária que se ofereceu para advogar uma questão fiscal junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mas desses contatos não se efetivaram quaisquer proposta, contratação ou pagamento, mesmo porque a pendência fiscal já se encontrava sob o patrocínio de renomados tributaristas."

Valor de mercado do banco encolhe R$ 6 bilhões

A notícia de que a Polícia Federal pediu o indiciamento do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e de outros dois executivos do banco, no âmbito da Operação Zelotes, fez o banco perder cerca de R$ 6 bilhões em valor de mercado, de R$ 136 bilhões para R$ 130 bilhões, com a queda das ações.
Os papéis preferenciais do Bradesco, que chegaram a cair mais de 7%, encerraram o pregão com queda de 5%, cotadas a R$ 22,80. Os papéis ordinários recuaram 3,69%, a R$ 24,51.
Trabuco é tido como sucessor natural de Lázaro de Melo Brandão na presidência do conselho de administração do banco. Em outubro próximo, ele completa 65 anos, idade limite para presidir a instituição. Se todos os procedimentos forem mantidos, sua saída deve ocorrer após a assembleia, agendada para março do ano seguinte.