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NOVO GOVERNO

- Publicada em 15 de Maio de 2016 às 21:31

Temer chama sindicatos para debater reformas

Força Sindical não aceitará alterações na idade mínima para aposentadoria, diz Paulinho

Força Sindical não aceitará alterações na idade mínima para aposentadoria, diz Paulinho


JOSÉ CRUZ/ABR/JC
O presidente interino, Michel Temer (PMDB), convocou para hoje, às 15h, em Brasília, reunião com centrais sindicais para discutir possíveis mudanças na Previdência Social, afirmou o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força. Segundo ele, o encontro foi agendado após o mal-estar gerado junto às centrais sindicais pelos comentários do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante entrevista coletiva na última sexta-feira.
O presidente interino, Michel Temer (PMDB), convocou para hoje, às 15h, em Brasília, reunião com centrais sindicais para discutir possíveis mudanças na Previdência Social, afirmou o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força. Segundo ele, o encontro foi agendado após o mal-estar gerado junto às centrais sindicais pelos comentários do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante entrevista coletiva na última sexta-feira.
Paulinho contou que a Força Sindical, entidade presidida por ele, quer ouvir as propostas de Temer, e a ideia do encontro é "acertar procedimentos". Em conversas anteriores com representantes do atual governo, teria sido dito que nada mudaria sem ampla negociação com centrais sindicais, afirmou Paulinho da Força. "Queremos que seja o governo do diálogo, que não seja um governo que decida de cima para baixo", acrescentou.
Entre os pontos defendidos, o político disse que não aceitará alterações na idade mínima para aposentadoria de quem já estiver trabalhando. "Se for para discutir para quem começa a trabalhar agora, até é possível. O jovem que começa a trabalhar agora vai viver 100 anos, e é possível trabalhar um pouco mais", afirmou. Além da Força Sindical, deverão estar presentes no encontro desta segunda-feira representantes da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Nova Central Sindical dos Trabalhadores. "A CUT foi convidada, mas acho que eles não vão", acrescentou Paulinho.
Ricardo Patah, presidente da UGT, disse ter receio de que a falta de diálogo que ele observava na gestão Dilma Rousseff (PT) se repita no governo Temer. "Gato escaldado tem medo de água fria", disse o sindicalista. "Temer falou em confiança quando assumiu o governo; queremos sinais de que o que foi prometido será cumprido", argumentou.
Na entrevista, na sexta-feira, Meirelles defendeu a mudança nas regras da Previdência. "A reforma da Previdência é uma necessidade. A Previdência tem que ser autossustentável ao longo do tempo", disse. O ministro também defendeu uma idade mínima para as aposentadorias. No mesmo dia, Paulinho da Força chamou de "estapafúrdias" as ideias do ministro da Fazenda. "A Força Sindical repudia qualquer tentativa de se fazer uma reforma da Previdência que venha a retirar direitos dos trabalhadores", disse por meio de nota. "A estapafúrdia ideia defendida pelo atual ministro é inaceitável, porque prejudica quem ingressa mais cedo no mercado de trabalho, ou seja, a maioria dos trabalhadores brasileiros. Vale lembrar que o último governo já fez mudanças no regime da Previdência que só resultaram em prejuízos para os trabalhadores", acrescentou o dirigente.
Meirelles e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do Trabalho, Ronaldo Nogueira, participarão ao lado de Temer da reunião com as centrais sindicais.

Agenda econômica do governo interino está centrada no Congresso Nacional

Iniciado sem pacotes bombásticos ou medidas mirabolantes, o governo interino de Michel Temer aposta suas fichas na habilidade política de seus integrantes para destravar o crescimento econômico. É no Congresso Nacional que estão ou estarão as principais medidas para ajustar a trajetória de deterioração das contas públicas. E a reversão dessa tendência é apontada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como a chave para que os agentes econômicos retomem a confiança.
Não é por outra razão que Temer escalou para postos-chave em sua equipe parlamentares experientes como o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-deputado Geddel Vieira Lima e os ex-ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. "São pessoas que têm voto", analisou o ex-ministro da Previdência Social Roberto Brant, que ajudou a redigir o documento "Travessia Social". "O que não é por acaso, porque este vai ser um governo legislativo."
Tido como político habilidoso e homem de diálogo, Temer tem como ponto forte exatamente o que foi o ponto fraco de sua antecessora, a presidente afastada Dilma Rousseff: a articulação política.
Na visão de Padilha, ministro da Casa Civil, a maioria para aprovação das medidas já está dada, em teoria. "Não é à toa que o impeachment exige dois terços dos votos", disse ele. Ou seja, se Temer teve os votos para avançar com o afastamento de Dilma, em tese, ele os tem para aprovar suas propostas enviadas ao Congresso.
Mas, como nos filmes de aventura, o tempo é curto. O primeiro teste dessa receita ocorrerá nesta semana, quando o governo precisará arrancar do Congresso Nacional a aprovação de um projeto de lei que reduz a meta de resultado fiscal deste ano de um superávit de R$ 24 bilhões para um déficit de R$ 96,6 bilhões.
Se a matéria não for aprovada até sexta-feira, o governo precisará fazer o que os técnicos chamam de "shutdown": bloquear todos os gastos que não sejam obrigatórios por lei. Isso significa parar a máquina pública. Por suas implicações, é a medida número um na lista de prioridades do governo no Congresso.
O governo também tem interesse na aprovação da emenda constitucional que cria a Desvinculação de Receitas da União (DRU). Ela também foi discutida na reunião ministerial como uma prioridade. Num orçamento de R$ 1,4 trilhão, que, na sua maior parte, já está direcionado, ela permite "desengessar" perto de R$ 110 bilhões.