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Conjuntura

- Publicada em 12 de Maio de 2016 às 19:53

Exterior vê Lava Jato como ameaça ao governo

Meirelles descarta viés político nas nomeações

Meirelles descarta viés político nas nomeações


MARCELLO CASAL JR /ABR/JC
Os investidores e analistas em Wall Street veem um governo de Michel Temer com alívio, mas também com cautela. A expectativa é que o presidente em exercício tome medidas econômicas amigáveis ao mercado: os nomes da equipe econômica agradaram. Os analistas, porém, alertam para os riscos de as investigações da Operação Lava Jato envolverem mais políticos em Brasília, o que pode dificultar a governabilidade, e de uma oposição barulhenta do PT.
Os investidores e analistas em Wall Street veem um governo de Michel Temer com alívio, mas também com cautela. A expectativa é que o presidente em exercício tome medidas econômicas amigáveis ao mercado: os nomes da equipe econômica agradaram. Os analistas, porém, alertam para os riscos de as investigações da Operação Lava Jato envolverem mais políticos em Brasília, o que pode dificultar a governabilidade, e de uma oposição barulhenta do PT.
O processo de impeachment de Dilma Rousseff tem tido ampla repercussão nos Estados Unidos, com matérias regulares nas principais redes de TV e nos dois maiores jornais do país, o The New York Times e o The Wall Street Journal. O Brasil é um dos principais destinos para aplicações de recursos dos investidores dos EUA em países emergentes, e o mercado vem acompanhando o processo com atenção.
Para o economista-chefe do PNC Financial Services Group, Stuart Hoffman, a expectativa é que o governo Temer comece já com medidas de ajuste fiscal, em uma tentativa de corrigir a trajetória de piora de um dos principais indicadores de solvência do País, o que mede a relação entre a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB), previsto para chegar a 80% em 2017. Mas Hoffman também alerta para "substanciais riscos políticos" no País, mesmo com a saída de Dilma.
A Operação Lava Jato é apontada pela consultoria de risco político Eurasia e também por vários economistas e agências de rating como uma das maiores ameaças ao governo de Michel Temer. Na avaliação da Eurasia, o avanço das investigações pode inclusive implicar o peemedebista, além de mais membros de seu partido, dificultando a governabilidade e trazendo mais incertezas. Para a diretora da Fitch Ratings Shelly Shetty, a Lava Jato traz riscos imprevisíveis para a política e a economia brasileira nos próximos meses.
Se a Lava Jato preocupa, a provável equipe econômica de Temer, como Henrique Meirelles na Fazenda e o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, no Banco Central, agrada aos analistas. O banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH) aponta que Meirelles tem "respeito do mercado", e Shelly, da Fitch, destaca que são nomes com experiência e que uma equipe econômica forte é essencial para se conseguir uma coalização no Congresso e aprovar medidas, algumas impopulares, para o ajuste fiscal. "Fiquei bastante animado com a equipe sinalizada até agora", diz Raghoonundon, da Janus.
A revista britânica The Economist avalia que Michel Temer tem ideias melhores que Dilma Rousseff para a economia. Isso, porém, não quer dizer que o peemedebista será bem-sucedido na presidência da República. Para a publicação, "as coisas podem facilmente dar errado" para o novo ocupante do Palácio do Planalto. Na edição impressa que começa a ser distribuída nesta sexta-feira, a Economist publica uma reportagem sobre o presidente em exercício brasileiro e destaca positivamente a pauta econômica sugerida pelo PMDB.
A aprovação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado não altera o ponto de vista da Moody's sobre as perspectivas de crédito do Brasil. De acordo com a agência de classificação de risco, o ambiente atual permanece consistente com o rating Ba2, com uma perspectiva negativa atribuída em fevereiro, diz a Moody's em nota.
Já o banco norte-americano Morgan Stanley melhorou as previsões de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e reduziu as estimativas de juros e inflação, na expectativa de um cenário menos incerto e turbulento no governo de Michel Temer. A expectativa de contração da economia de 2016 foi reduzida de queda de 4,3% para recuo de 3,8%. Em 2017, a previsão para o crescimento da economia foi elevada de 0,6% para 1,1%. O banco também fez uma estimativa para 2018 de avanço de 2,5% no PIB. Para a inflação, a previsão do Morgan passou de alta de 8,1% neste ano para 6,9%.
O banco Credit Suisse melhorou a previsão para a economia em 2016 e 2017, em nota enviada a clientes nesta quinta-feira. Agora, as novas projeções são de retração de 3,8% neste ano e crescimento de 0,5% no ano que vem. Antes, as estimativas eram, respectivamente, de queda de 4,2% e recuo de 1%.
"O nosso cenário para o quadro político embute uma atuação conjunta dos Três Poderes. Assumimos que, antes de encaminhar os projetos de lei e as propostas de emenda à Constituição para o Congresso, o presidente Michel Temer adotará um rito de apresentação dessas medidas para os presidentes do Senado e da Câmara de Deputados", diz a nota.

Sistema financeiro admite que momento é difícil, mas faz aposta positiva na gestão de Michel Temer

O vice-presidente Michel Temer assume a presidência da República em um momento difícil, mas acompanhado de expectativas positivas, na opinião do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. "A Febraban associa-se aos que veem na nova equipe de governo capacidade de superar os desafios econômicos, e manifesta seu apoio, em especial, aos novos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Romero Jucá", destacou ele, em nota à imprensa.
Portugal ressaltou a experiência profissional "exitosa" de Meirelles, com passagens nos setores público e privado. Afirmou ainda que ele tem consciência da importância de recuperar a disciplina fiscal e a sustentabilidade da dívida pública, de manter a inflação baixa e estável como "condições necessárias" para o crescimento da economia brasileira em "bases duradouras".
Sobre Jucá, o presidente da Febraban destacou a experiência política e administrativa do ministro. De acordo com Portugal, ele tem as "qualidades necessárias" ao Planejamento e gestão das prioridades orçamentárias e à articulação do apoio político "essencial" à aprovação das medidas legislativas que dependem do aval do Congresso.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou, em nota, que o governo de Michel Temer representa a oportunidade de o Brasil se dar conta de que a luta contra a recessão é a "prioridade máxima" do País. A expectativa, conforme o executivo, é de que o novo governo direcione o Brasil a um "novo tempo de solidez, um País pensado para fluir".
Para Trabuco, Henrique Meirelles é o nome certo para dar "estrutura, hierarquia e clareza à política econômica" brasileira. "O Brasil não pode mais ficar aprisionado a esse feitiço do tempo, no qual os dias apenas se repetem. O tempo passa rápido e assim deve ser. Os desafios estão aí para serem vencidos", destacou o presidente do Bradesco, em nota.
Segundo ele, conta a favor do País o fato de o motor do crescimento estar no Brasil, representado pelos consumidores e ainda por sua economia diversificada. Citou ainda o avanço tecnológico e uma "grande" demanda reprimida por investimentos em infraestrutura e novas plantas industriais.
O presidente da CPFL Energias Renováveis, André Dorf, disse que a definição do cenário político, sinalizada com a aprovação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, "é muito importante, porque reduz as incertezas de mercado", o que é relevante "para setores com projetos de longo prazo e intensivos de capital".
Em teleconferência com analistas, o executivo salientou temas do setor elétrico a serem endereçados no curto e médio prazos, como a demanda de energia, dado o cenário de sobrecontratação do mercado regulado; a transmissão, que tem sido gargalo para a expansão; e as fontes de financiamento de projetos de longo prazo.