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Conjuntura

- Publicada em 27 de Abril de 2016 às 18:33

Crise política aprofunda riscos econômicos do País

Relatório da entidade diz que é essencial que o governo realize uma reforma da previdência

Relatório da entidade diz que é essencial que o governo realize uma reforma da previdência


JONATHAN HECKLER/JC
Os principais riscos para a economia brasileira estão ligados ao cenário político turbulento, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) em nova análise sobre o Brasil divulgada ontem. A situação complicada em Brasília afetou a capacidade do governo de promover reformas econômicas essenciais, incluindo medidas para melhorar as contas fiscais, e esse movimento pode atrasar a recuperação econômica do País.
Os principais riscos para a economia brasileira estão ligados ao cenário político turbulento, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) em nova análise sobre o Brasil divulgada ontem. A situação complicada em Brasília afetou a capacidade do governo de promover reformas econômicas essenciais, incluindo medidas para melhorar as contas fiscais, e esse movimento pode atrasar a recuperação econômica do País.
O FMI voltou a afirmar que, no Brasil, apesar do cenário externo mais difícil, a culpa dos problemas econômicos é principalmente de fatores internos, que reduziram o consumo e o investimento privado. "Vários fatores internos contribuíram para aumentar a incerteza e reduzir a demanda doméstica", afirma o FMI. Entre eles, o relatório destaca principalmente a deterioração das contas fiscais em meio às dificuldades de aprovação no Congresso de medidas de ajuste e políticas econômicas inconsistentes.
A incerteza política é outro fator que tem contribuído para os baixos níveis de confiança, tanto de empresários como de consumidores, afirma o FMI. Os economistas do fundo evitam comentar mais detalhes da situação política do País, mas ressaltam que reformas econômicas e um ajuste fiscal são essenciais para restaurar a confiança dos agentes e abrir espaço para o Brasil voltar a crescer.
"No Brasil, uma combinação de fragilidades macroeconômicas e problemas políticos têm dominando o cenário econômico. A deterioração da situação fiscal e da dinâmica da dívida pública também desempenha um papel no colapso da confiança, sobretudo porque as metas fiscais sinalizadas no começo de 2015 foram repetidamente cortadas", diz o relatório.
A previsão do FMI é que o Produto Interno Bruto (PIB) do País vai contrair 3,8% neste ano, mesmo montante de 2015, marcando um período de recessão histórica. A projeção é que o PIB volte a crescer ao longo de 2017, mas, na média geral do ano, a economia deve ter expansão zero. Por isso, a previsão de PIB estável. "Com a expectativa de que muitos dos grandes choques de 2015/2016 tenham se exaurido e auxiliado por uma moeda mais fraca, o crescimento deve se tornar positivo durante 2017." Sem espaço para cortar as despesas rígidas do Orçamento, o Brasil pode ter que tomar medidas no curto prazo pelo lado dos impostos, afirma o FMI, sinalizando que o País pode ter que elevar tributos para melhorar as contas fiscais, em trajetória de deterioração.
Independentemente do que ocorrer com o cenário político, o governo deve perseguir esforços de consolidação fiscal, com o objetivo de conter o aumento da dívida bruta e do déficit nominal, ambos em trajetória de alta. Para o FMI é essencial que o governo trace uma estratégia confiável para melhorar as contas e que as medidas sejam bem comunicadas e executadas de forma consistente, segundo o relatório, que reforça algumas recomendações passadas durante a reunião de Primavera do Fundo, que terminou no dia 17.
Ainda nas contas fiscais, o desafio mais importante no Brasil, de acordo com a avaliação, é resolver a rigidez de gastos públicos, que são determinados pela Constituição e, por isso, difíceis de cortar, além de "mandatos insustentáveis" também pelo lado das despesas públicas. O governo argumenta que 90% do orçamento é de gastos vinculados, que incluem salários de funcionários públicos, previdência e benefícios assistenciais. Também é essencial, de acordo com o relatório, fazer uma reforma da previdência. "Resistir às pressões para dar estímulos é importante, dada a falta de espaço fiscal", afirma o FMI.

Calotes de empresas no Brasil podem atingir o maior nível desde 2008

O período de recessão prolongada no Brasil sugere que a probabilidade de calotes de empresas deve continuar a aumentar no País em 2016 para níveis não vistos desde 2008, ano marcado pela crise financeira mundial, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI) em relatório divulgado ontem.
No documento, o FMI avalia a situação do endividamento corporativo de cinco países - Brasil, Colômbia, Peru, México e Chile - e nota que a economia brasileira é a que tem maior risco de crescimento de defaults, influenciada pela recessão histórica no País. Além disso, a queda dos preços das commodities e o alto patamar do dólar também contribuem negativamente para a piora da situação financeira das empresas brasileiras.
Na avaliação do diretor para o departamento de Hemisfério Ocidental da entidade, Alejandro Werner, companhias estatais respondem por cerca de 30% do endividamento das empresas na América Latina. No caso do Brasil, ele citou em entrevista a jornalistas ontem, a situação desafiadora da Petrobras, mas o economista ressaltou ainda que companhias privadas na América do Sul também vêm apresentando deterioração de indicadores.
Para lidar com o maior risco de crédito, os bancos no Brasil podem precisar elevar as provisões para devedores duvidosos e os níveis de capital em 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) durante o período 2016/2017, estima o FMI. A exigência do Brasil é maior do que para a média dos cincos países estudados, que no conjunto podem precisar de 0,5% do PIB em reforços no período.
No Chile e no México, por exemplo, o FMI nota que a probabilidade de aumentos de calotes é baixa neste ano e no próximo, enquanto a Colômbia pode ter alta moderada. Nos cincos países, o estudo do FMI nota que os bancos têm exposição alta ao crédito corporativo nestes mercados. Está em 35% no Chile, cerca de 28% no Brasil e de 8% no México.
O Fundo Monetário Internacional adverte no seu relatório que, apesar de a situação dos bancos brasileiros parecer sólida no momento, uma continuada piora da economia pode afetar o desempenho dos tomadores de crédito, ou em outras palavras, pode ajudar a aumentar a inadimplência. A situação das empresas vem piorando, o que se reflete na queda de lucro, dos recursos no caixa e aumento dos níveis de alavancagem.