Desembolsos do Bndes caem 46% até março

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) somaram R$ 18 bilhões de janeiro a março, uma queda de 46% frente ao mesmo período de 2015. O resultado reflete o cenário atual, de economia em recessão e pouca confiança dos empresários em investir.

Segundo os dados divulgados ontem pela instituição, este foi o pior desempenho registrado pelo Bndes para o primeiro trimestre desde 2009, quando os desembolsos somaram

R$ 17,9 bilhões (valor nominal, sem descontar a inflação). Em termos reais, seria o pior resultado desde 2006.

Os desembolsos para o setor de infraestrutura caíram pela metade neste início de ano, somando R$ 5,725 bilhões de janeiro a março deste ano. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda de 51%.

Essa redução foi acompanhada por diferentes ramos do setor de infraestrutura, como energia elétrica (-62%), transporte rodoviário (-39%) e telecomunicações (-83%). Exceção foi o ramo de construção ( 21%).

Em uma tentativa de destravar os investimentos no País, o Bndes tem buscado tornar suas linhas de financiamentos mais atraentes neste início de ano, revertendo parte das medidas adotadas na gestão de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.

O banco melhorou, por exemplo, as condições de refinanciamento de seus empréstimos. Isso vale para o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), portadores do cartão Bndes e a tomada de capital de giro. É uma tentativa de incentivar investimentos.

O menor desembolso não se deu apenas para o setor de infraestrutura. Na verdade, os outros três grandes setores da economia também receberam menos recursos do banco, como agropecuária (-11%), indústria (-48%) e comércio e serviços (-51%).

As perspectivas de desembolsos seguem, por enquanto, bastante ruins. Sinal disso é que as consultas ao financiamento somaram R$ 23,5 bilhões de janeiro a março deste ano. É uma redução de 7% frente ao ano passado, que já estavam em forte queda (de 47% frente a 2014).

A consulta é importante porque é a primeira etapa de um pedido de financiamento feito junto ao Bndes, quando são analisadas informações básicas sobre a empresa e o projeto. Sua evolução é considera um termômetro do apetite das empresas por investimento. "A desaceleração é reflexo, principalmente, do comportamento da indústria, cujas consultas, no montante de

R$ 8,1 bilhões no primeiro trimestre, aumentaram 77%", diz a nota do Bndes.

Após a fase de consulta, é feita a análise de crédito e do mérito do pedido de financiamento (o chamado enquadramento). Os projetos enquadrados neste início de ano somaram R$ 22,7 bilhões, 4% menos que no início de 2015.