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Consumo

- Publicada em 12 de Abril de 2016 às 17:42

Setor de serviços sofre com novo padrão de consumo

Entre os entrevistados, 75,5% deixaram de viajar

Entre os entrevistados, 75,5% deixaram de viajar


NELSON ALMEIDA/AFP/JC
O segmento de serviços é o que mais tem sofrido com a mudança no padrão de consumo das famílias brasileiras neste momento mais agudo da crise. De modo geral, 85,9% dos brasileiros se viram obrigados a ajustar o orçamento doméstico para se defender dos efeitos do desarranjo da economia, mostra pesquisa feita por SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Foram ouvidos consumidores de todas as capitais e cidades do interior do País.
O segmento de serviços é o que mais tem sofrido com a mudança no padrão de consumo das famílias brasileiras neste momento mais agudo da crise. De modo geral, 85,9% dos brasileiros se viram obrigados a ajustar o orçamento doméstico para se defender dos efeitos do desarranjo da economia, mostra pesquisa feita por SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Foram ouvidos consumidores de todas as capitais e cidades do interior do País.
Os que deixaram de viajar são 75,5% dos consultados. As saídas com amigos para bares e restaurantes foram cortadas por 71,3% dos participantes. 56,8% dos entrevistados disseram que deixaram de gastar com produtos de beleza, 30,7% cancelaram serviços como internet e celular, e 28,9% pediram o desligamento do serviço de TV por assinatura. Até mesmo os gastos com educação estão sendo cortados: 25,1% dos pesquisados abandonaram os cursos de idiomas, escolas particulares ou faculdades. Outros 25,9% deixaram de cuidar da forma física e rescindiram os contratos com as academias.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a redução dos gastos com o setor de serviços não é ainda "a maior fatia do bolo", mas é a que mais cresce. A pesquisa confirma a previsão feita no começo do ano pelo assessor econômico da Fecomercio-SP, Fábio Pina, segundo a qual 2016 seria o ano do ajuste do setor de serviços. Nos indicadores de inflação mais recentes, os preços de serviços têm sido destaques, confirmando a previsão dos especialistas que têm apontado para a redução da atividade neste seguimento.
"A inflação, os juros elevados e o desemprego pioraram a situação financeira das famílias e, muitas vezes, exigem mudanças no padrão de gastos para se readequar à nova realidade. Apesar do momento difícil, essa é uma hora propícia para desenvolver hábitos mais saudáveis e evitar desperdícios com compras desnecessárias", orienta Marcela.
A pesquisa revela ainda que 79,1% dos consumidores consultados estão evitando comprar produtos e serviços com os quais sempre estiveram acostumados. E tem ainda os que passaram a optar por marcas mais baratas, 76,9%. A crise tem também o seu lado pedagógico. Em virtude do seu agravamento, 87% dos entrevistados admitiram que agora estão dedicando mais tempo para pesquisar preços, e 80,5% estão evitando comprometer sua renda com compras de calçados e roupas. O estudo ainda revela que 44,3% dos entrevistados estão com as finanças descontroladas.
É grande o número dos consumidores (73,6%) que afirmaram, durante a pesquisa, que não imaginavam, há quatro anos, que o País passaria pelas dificuldades atuais. 80,1% alegam estar indignados com a situação a que chegou a economia, e 71,4% disseram que estão sentindo vergonha do quadro econômico atual. Outros 63,3% afirmam sentir raiva ou estresse; e 48,3%, falta de esperança.
"Depois da euforia que marcou a primeira década dos anos 2000, o pessimismo toma conta dos brasileiros. A superação do quadro de recessão depende fundamentalmente da recuperação da confiança e da resolução do impasse político. No curto prazo, o esforço deverá centrar-se no equilíbrio das contas públicas e controle da inflação", diz o presidente do SPC Brasil, Honório Pinheiro.
Em relação à volta da CPMF como medida para reequilibrar as contas do governo e restabelecer o crescimento do Brasil, a grande maioria dos entrevistados (79,2%) é contra, por entender que o governo deve procurar outras medidas para aumentar sua receita sem afetar o bolso dos brasileiros, sendo apenas 7,4% que apoiam a volta do tributo como medida necessária.

Preço médio da refeição fora de casa chega a R$ 30,48, mostra pesquisa

O preço médio da refeição fora de casa chegou a R$ 30,48 em janeiro. O valor é 11,40% superior aos R$ 27,36 apurados um ano antes por pesquisa encomendada pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) ao Datafolha.
Com o novo valor, um trabalhador que ganha um salário-mínimo gasta com o almoço fora entre segunda e sexta-feira 76,2% de sua renda mensal. "Nossa pesquisa reflete bem os altos níveis de inflação, que atingem sobretudo os alimentos e bebidas. Mesmo com o esforço dos estabelecimentos, que têm até alterado os cardápios na tentativa de segurar os preços, é inevitável haver o aumento dos preços", disse Artur Almeida, diretor da Assert, admitindo considerar o valor médio alto para os padrões de renda dos trabalhadores.
Olhando região por região, a que oferece a refeição mais cara é a Sul, com valor médio de
R$ 31,74. A mais em conta é a Centro-Oeste, com valor médio de R$ 26,73. No Nordeste, o preço médio identificado pela pesquisa foi de R$ 29,18; no Norte, R$ 28,48; e no Sudeste, R$ 30,93.
O diretor da Assert não vê, para este ano, a possibilidade de haver a redução dos preços das refeições fora de casa. Ele diz, porém, estar otimista para 2017, principalmente a partir do segundo trimestre.
"Temos de ser otimistas, até para tirar o Brasil desta paralisia. Acredito numa desaceleração da inflação neste ano, que terá efeito nos preços de alimentação fora de casa, sobretudo no ano que vem", declarou Almeida.
O Datafolha entrevistou, entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, 4.560 estabelecimentos comerciais de 51 municípios brasileiros, sendo 23 capitais, das cinco regiões. Foram visitados restaurantes, bares, lanchonetes e padarias, que oferecem refeições em prato, acomodação em mesa e que aceitam pelo menos um vale-refeição.