Caroline da Silva
Um dos mais internacionais artistas da música brasileira, Ivan Lins estará em Porto Alegre neste sábado para se apresentar com a Orquestra de Câmara da Ulbra, a partir das 21h. O cantor, compositor e pianista carioca subirá ao palco do Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685) para cantar alguns dos maiores sucessos de sua autoria, sob a regência de Tiago Flores. O espetáculo também conta com a participação do músico gaúcho Leandro Maia.
Os ingressos custam R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada para estudantes e idosos), podendo ser adquiridos na Bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80), das 10h às 22h, pelo site
www.ingressorapido.com.br, pelo Call Center 4003-1212 ou ainda no local, a partir das 14h do dia do espetáculo. A apresentação faz parte da série
Concertos Populares com Orquestra, que há 14 anos recebe artistas de visibilidade nacional para concertos de estilos diversos, como MPB, regional, pop, rock, soul, chorinho e instrumental.
Segundo Tiago Flores, o concerto será um apanhado dos clássicos da carreira do cantor e pianista, que vão desde a década de 1970 até músicas de álbuns mais recentes. "Fiz uma pesquisa da obra dele e escolhi, entre as mais conhecidas, aquelas que mais gosto e que acredito que fiquem bonitas com a orquestra. Submeti ao Ivan Lins, e ele gostou da seleção", conta o maestro. As canções apresentadas serão Deixa eu dizer, Somos todos iguais nesta noite, Guarde nos olhos, Começar de novo, Lembra de mim, Daquilo que eu sei, Bilhete, Depois dos temporais, Vieste/Iluminados, Vitoriosa, Cartomante e Novo tempo. Todas ganharão arranjos inéditos, escritos exclusivamente para este espetáculo por músicos como Rodrigo Bustamante, Arthur Barbosa, Pedrinho Figueiredo, André Mehmari, Alexandre Ostrowski e Daniel Wolff.
Recentemente, o carioca lançou Ivan Lins - Anos 70, uma caixa com três CDs, incluindo faixas inéditas, fruto do acervo mantido pelo artista. Em 2015, ele completou 70 anos de vida e 45 de carreira, lançando América Brasil. Neste CD, ele regravou músicas antigas que não tiveram o merecido destaque da mídia e canções de sua autoria que foram gravadas apenas por intérpretes, e não por ele mesmo. Este trabalho tem um formato "feito em casa", já que ele e o tecladista Marco Brito fazem todos os arranjos e tocam todos os instrumentos.
A contribuição da carreira de Lins para a história da MPB é inegável e deve chegar em forma de publicação às livrarias ainda em 2016. Uma biografia sua está sendo preparada em forma de almanaque/dicionário, contendo cartas, documentos, matérias de jornais e fotos inéditas cedidas pelo próprio biografado. A obra teve início em uma pesquisa sobre censura musical durante a ditadura militar.
No programa do concerto de sábado no Araújo Vianna, ainda haverá a execução de três músicas do cantor, violonista e compositor Leandro Maia: Suíte Maria Bonita (música do disco Suíte Maria Bonita e outras veredas, que conquistou três prêmios Açorianos em 2015: melhor intérprete de MPB, para Leandro Maia, melhor instrumentista de MPB, para Pedrinho Figueiredo, e melhor produtor musical do ano, para André Mehmari), Paisagens (do CD Palavreio, premiado como Revelação pelo Açorianos, em 2008) e Trem do Cerrado (de Mandinho, prêmio Açorianos de melhor álbum infantil de 2013).
Leandro Maia e Ivan Lins já se encontraram nos palcos em 2010. O gaúcho foi convidado a participar dos shows de lançamento do CD Perfil em Porto Alegre e Pelotas, em comemoração aos 40 anos de carreira do compositor carioca na época. Além disso, encontraram-se no início do ano na Europa. Sobre composição, o pianista cedeu uma entrevista para o estudo que o violonista desenvolve em seu doutorado na Inglaterra.
Maia, que se diz emocionado e choroso com os "lindos arranjos", conta que, no palco, estará uma canção de cada um dos seus discos: "Paisagens já fiz no show do Ivan em 2010, com arranjo do Wolff; Trem do Cerrado, com ares de Villa-Lobos revisitado pelo Pedrinho Figueiredo; e a Suíte.., em sua forma definitiva, explorando a brasilidade contemporânea numa formação tradicional de orquestra".
A seleção dos temas foi do próprio Tiago Flores, conforme narra o cantor e violonista: "Para mim, vale mais que um prêmio ter músicas escolhidas por um maestro e sua orquestra. Acho que a Suíte Maria Bonita, com arranjo do André Mehmari, meu talentoso parceiro, encontra sua essência, sua vocação de Música de Câmara Brasileira".
O gaúcho resume a gratificação da oportunidade de participar deste concerto: "Sou do tipo de músico que gosta de reelaborar, contar com a criação dos outros. Pra mim, desde criança, compor é um misto de brincadeira e jogo de xadrez. Daí, receber arranjos propondo nova instrumentação, frases, estruturas é estimulante e desafiador".