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Partidos

- Publicada em 27 de Março de 2016 às 17:10

PMDB decide amanhã sobre saída do governo

Michel Temer (centro) desistiu de ir a evento de Gilmar Mendes em Lisboa a pedido de correligionários

Michel Temer (centro) desistiu de ir a evento de Gilmar Mendes em Lisboa a pedido de correligionários


VALTER CAMPANATO/ABR/JC
Após dias de reclusão em São Paulo, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) desembarcará em Brasília para tentar unificar o PMDB em torno da decisão majoritária de deixar o governo Dilma Rousseff (PT). Nas contas de integrantes da cúpula do partido, já há maioria folgada para o rompimento, com cerca de 80% dos votos do diretório nacional.
Após dias de reclusão em São Paulo, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) desembarcará em Brasília para tentar unificar o PMDB em torno da decisão majoritária de deixar o governo Dilma Rousseff (PT). Nas contas de integrantes da cúpula do partido, já há maioria folgada para o rompimento, com cerca de 80% dos votos do diretório nacional.
O governo ainda tenta arregimentar apoio do principal partido aliado, mas admite que, na reunião do diretório, terça-feira, a derrota é inevitável. A ofensiva vem em forma de uma "operação de varejo" sobre os demais partidos da base aliada, que também ameaçam seguir os passos do PMDB, no momento em que o governo faz as contas para conseguir o apoio de 172 dos 513 deputados para barrar o processo de impeachment na Câmara. Planalto e PMDB já dão como certo o rompimento.
O objetivo de Temer é fazer com que o PMDB saia da reunião, marcada para amanhã, unido para um projeto de poder próprio. O principal eixo das conversas do vice-presidente será o acerto da situação daqueles que mantêm cargos no governo e não querem abandoná-los. Na Esplanada, há sete ministros peemedebistas.
Temer tenta sair do encontro como um conciliador entre as tendências do PMDB. Para articular uma tentativa de consenso, desistiu da viagem que faria a Portugal e estará em Brasília na véspera do encontro. "Michel vai conversar com todo mundo. Ele ficou no Brasil com o único objetivo de conseguir a unidade do partido e do Brasil", afirma um peemedebista próximo ao vice.
Entre os sete ministros do PMDB, três, na avaliação da cúpula do partido, devem rejeitar o desembarque: Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura) e Marcelo Castro (Saúde). São os ministérios de maior porte, e os nomes são vistos como escolha da presidente. Henrique Alves (Turismo) e Helder Barbalho (Portos) devem deixar seus postos após a reunião de terça. Ambos são considerados ministros da cota de Temer. Mauro Lopes (Aviação Civil) tende a seguir a maioria da bancada de Minas Gerais, que se diz favorável à saída do governo. Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) deve se licenciar da legenda para se manter no cargo.
Os ministros terão como prazo até 12 de abril 30 dias após a data da convenção do PMDB para decidir que rumo tomar.
A força dos ministros peemedebistas é pequena junto à bancada, tanto que Celso Pansera e Marcelo Castro querem retomar os mandatos na Câmara para tentar salvar Dilma. Eles não conseguem sequer transferir votos aos suplentes. O PMDB tem 69 deputados, e, apesar de o governo ter vencido a eleição para líder ao apoiar Leonardo Picciani (RJ), a avaliação é que o cenário atual é de maioria anti-Dilma. Com o desembarque da legenda, a migração a favor do impeachment deverá ser maior.
Está marcada para hoje uma reunião entre os senadores e os ministros da resistência para tentarem uma posição conjunta sobre como lidar com a decisão do comando do partido. A iniciativa do Rio de Janeiro de abandonar o governo terá efeito cascata sobre os demais diretórios, na avaliação de peemedebistas.
Segundo relatos de peemedebistas, o governo estaria fazendo tentativas desesperadas para tentar recompor com o PMDB e com outros partidos da base, mas muitos consideram ser tarde demais para uma mudança.
O PP, que tem 49 deputados na base do governo, também vai discutir se fica na base, nesta quarta-feira. O primeiro partido a deixar o governo foi o PRB, que tem 22 deputados e comandava o Ministério do Esporte. Os ministros de Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), já avisaram pessoalmente a Dilma que não têm como garantir o apoio de suas bancadas ao governo. O PTB, que comanda o Ministério do Desenvolvimento, com Armando Monteiro, é mais um partido que não garante votos à presidente. Cortejado pelo governo no final do ano passado, o PSB, com 31 deputados, divulgou nota, no início do mês, afirmando que marcha para a oposição e veiculou, na semana passada, programa partidário com ataques a Dilma.

PP discute deixar base de Dilma Rousseff nesta quarta-feira

A exemplo do PMDB, que discute sua permanência ou saída do governo de Dilma Rousseff (PT), o PP, que tem 49 deputados na base do governo, vai discutir seu rumo nesta semana. Uma lista de assinaturas coletadas na Câmara e no Senado mostrou que a maioria da base parlamentar do partido defende a saída do governo. O partido comanda a cobiçada pasta da Integração Nacional, mas o ministro licenciado, Gilberto Occhi, não tem penetração na bancada. O presidente da legenda, Ciro Nogueira (PP-PI), convocou para a quarta-feira uma reunião com deputados e senadores para debater o tema. A estimativa é que dois terços da bancada na Câmara já sejam anti-Dilma.
O primeiro partido a deixar o governo foi o PRB, que tem 22 deputados e comandava o Ministério do Esporte. O ministro George Hilton chegou a trocar de legenda para tentar manter o cargo, mas o Pros tem apenas quatro deputados, e o líder Ronaldo Fonseca anunciou que os votos serão pelo impeachment. Os ministros de Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), já avisaram pessoalmente a Dilma que não têm como garantir o apoio de suas bancadas ao governo. Ambas estão rachadas ao meio, e, segundo o relato feito por eles à presidente, o número contra o governo aumenta a cada dia. O PSD tem 32 deputados, e o PR, 40.
O PTB, que comanda o Ministério do Desenvolvimento, com Armando Monteiro, é mais um partido que não garante votos à presidente. O ex-deputado Roberto Jefferson, principal liderança da legenda, virá a Brasília nesta semana na tentativa de pressionar o partido pelo impeachment. Jefferson foi o delator do mensalão e recebeu, na semana passada, indulto do Supremo Tribunal Federal. Ele é próximo do relator do processo, Jovair Arantes, que é líder da bancada. Arantes é ligado ao governo, mas também é próximo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais articuladores do afastamento da presidente.
Cortejado pelo governo no final do ano passado, o PSB, com 31 deputados, divulgou nota, no início do mês, afirmando que marcha para a oposição e veiculou, na semana passada, programa partidário com ataques a Dilma.